17 outubro 2009

CAIM SEGUNDO SARAMAGO

José Saramago acaba de lançar seu novo livro “CAIM”, sempre com muita polêmica e alarde geral. Mas quem é esse escritor que a cada lançamento tem feito estremecer as bases religiosas, principalmente com títulos provocativos e de alta teor de criticidade?

José de Sousa Saramago é um escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta português. Foi premiado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Também ganhou o Prêmio Camões, o mais importante prémio literário da língua portuguesa. O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Jardineiro Fiel e Cidade de Deus).

Nasceu em Portugal, no dia 16 de novembro de 1922. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo, é membro do Partido Comunista Português.

Da doença que quase lhe custou a vida no ano passado, José Saramago exibe poucos resquícios, como uma magreza ligeiramente mais acentuada que a habitual. A língua, porém, continua ferina e, prestes a completar 87 anos (em novembro), o escritor português comemora o lançamento de um novo livro, Caim (Companhia das Letras, 176 páginas, R$ 36,00), disparando críticas a torto e a direito.

Primeiro, contra um desafeto antigo, Deus, em O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) apresentou sua provocativa visão do Novo Testamento, em Caim, Saramago volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, ao mostrar a jornada do personagem principal, depois de assassinar seu irmão Abel. Em seu trajeto, Caim amaldiçoa o amargo destino reservado por Deus.

Nesta semana, quando esteve em Turim para o lançamento de sua obra anterior, O Caderno (seleção de textos divulgados em seu blog), José Saramago revelou seu desprezo pela crença dos religiosos, em especial os católicos. Ele chamou o papa Bento XVI de "cínico" e disse que a "insolência reacionária" da Igreja precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva". "Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual desta pessoa."

Na Itália, o escritor aproveitou para novamente criticar o primeiro-ministro Silvio Berlusconi. "Assim como a eleição de Barack Obama foi um sinal de esperança para o mundo, a sentença da Corte Constitucional contra a imunidade de Berlusconi é u
m sinal de esperança para o povo italiano, que deve retomar seu caminho", afirmou o escritor.

Ele se referiu à queda da Laudo Alfano, lei que garantia imunidade penal aos quatro maiores cargos do governo da Itália, inclusive o primeiro-ministro, e que foi derrubada pela Justiça na semana passada. Com isso, Berlusconi voltará a responder pelos processos nos quais é citado.

Vê-se dessa maneira que José Saramago não possui fama de “polêmico” à toa. Além de deter o respeito do meio acadêmico, suas provocações tem direcionamento a personalidades de destaque da política internacional. A leitura de suas obras é instigante e bastante desafiadora. Quem quiser ser desafiado que se predisponha a adentrar as páginas desse mais recente lançamento.

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