12 fevereiro 2010

EDUCAÇÃO NUMA ABORDAGEM ANDRAGÓGICA

Trabalhar com ensino profissionalizante é um desafio, sabemos nós todos docentes dessa área de educação. Todavia, lidar com pessoas que já possuem vivência de algumas realidades e que muitas vezes podem contribuir de certa forma no desenvolvimento dos conteúdos é prazeroso. Basta que se dê oportunidade para se manifestarem.

Recentemente, quando realizei curso de Formação de Tutores pelo SEBRAE Nacional, tratamos de um tema para mim ainda pouco conhecido, a Andragogia. E é isso que quero trazer nesta blogada da semana. Para tanto, publico parte de artigo de Rodrigo Goecks, mestrando em Administração de Empresas pelo IAG PUC-RJ, pós-graduado em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, graduado em Administração de Empresas pela PUC-RJ e Ciências Náuticas pela Marinha do Brasil. O nome do artigo é “Educação de Adultos – Uma Abordagem Andragógica”

Como tratamos nossos filhos pequenos? Como eles reagem e aprendem?

A dependência das crianças nos leva a uma postura protetora e ao exercício da autoridade. Inicialmente com os pais e, logo após, com os professores, a dependência é um componente natural no dia-a-dia e na educação.

Com o passar dos anos esta postura começa a ser questionada, os adolescentes iniciam o rompimento do “cordão umbilical” questionando e rebelando-se. Os pais e professores passam a não obter a “verdade absoluta”. Tudo é questionável.

A maturidade da fase adulta nos traz a independência. As experiências nos proporcionam aprendizados, os erros nos trazem vivências que marcam para toda a vida. Somos, então, capazes de criticar e analisar situações, fazer paralelos com as experiências já vividas, aceitar ou não as informações que nos chegam.

Mesmo diante de tantas transformações na vida do ser humano, os sistemas tradicionais de ensino continuam estruturados como se a mesma pedagogia utilizada para as crianças devesse ser aplicada aos adultos. O chamado “efeito esponja”, na qual a criança absorve todas as informações não é possível de ser observado na fase adulta. O adulto desenvolve uma habilidade mais intelectual, quer experimentar, vivenciar.

Andragogia – Um Conceito de Educação

A Andragogia significa, portanto, “ensino para adultos”. Um caminho educacional que busca compreender o adulto desde todos os componentes humanos, e decidir como um ente psicológico, biológico e social.

Busca promover o aprendizado através da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação.

O adulto, após absorver e digerir, aplica. É o aprender através do fazer, o “aprender fazendo”.

Jorge Larrosa e Walter Kohan, na apresentação da coleção “Educação: Experiência e Sentido”, acentuam a importância da experiência do aprendizado:

“A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o que é sabido”

Adriana Marquez em palestra no Primeiro Encontro Nacional de Educação e Pensamento, na República Dominicana, cita:

“A Andragogia na essência é um estilo de vida, sustentado a partir de concepções de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de consciência e compromisso social”.

E complementa ainda:

“As regras são diferentes, o mestre (Facilitador) e os alunos (Participantes) sabem que tem diferentes funções, mas não há superioridade e inferioridade, normalmente não é o mesmo que acontece na educação com crianças”

Paulo Freire, em “Pedagogia do Oprimido”, afirma:

“ Ninguém educa ninguém, nem ninguém aprende sozinho, nós homens (mulheres) aprendemos através do mundo”

Em “Pedagogia da Autonomia”, Freire diz: “ Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”

Eduard Lindeman, em “The Meaning of Adult Education" (1926), identificou, pelo menos, cinco pressupostos-chave para a educação de adultos e que mais tarde transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos da moderna teoria de aprendizagem de adultos:

1. Adultos são motivados a aprender à medida em que experimentam que suas necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isto estes são os pontos mais apropriados para se iniciar a organização das atividades de aprendizagem do adulto.

2. A orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida; por isto as unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendizagem são as situações de vida e não disciplinas.

3. A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto, o centro da metodologia da educação do adulto é a análise das experiências.

4. Adultos têm uma profunda necessidade de serem autodirigidos; por isto, o papel do professor é engajar-se no processo de mútua investigação com os alunos e não apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-los.

5. As diferenças individuais entre pessoas cresce com a idade; por isto, a educação de adultos deve considerar as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem.

Sendo assim, creio que nossa atuação dentro da educação profissionalizante, e essencialmente nos cursos técnicos, deve levar em consideração esta realidade andragógica. Ou seja, devemos estar atentos para as qualdiades do aluno adulto com quem estamos envolvidos. Talvez munidos desse conhecimento, a tarefa docente se torne mais fácil e mais eficaz. Basta que estejamos abertos às novas tecnologias e a novas formas de atuação.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Professor Jairo,
cumprimentos pela competência em estabelecer diferenças entre Pedagogia e Andragogia (que nosso dicionários ainda não registram) e mesmo a Wikipédia é ainda sumária (Andragogia é a arte ou ciência de orientar adultos a aprender, segunda a definição creditada a Malcolm Knowles, na década de 1970. O termo remete a um conceito de educação voltada para o adulto, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças (do grego paidós, criança).
Para educadores como Pierre Furter (1973), a andragogia é um conceito amplo de educação do ser humano, em qualquer idade. A UNESCO, por sua vez, já utilizou o termo para referir-se à educação continuada.)
Obrigado por mesmo em férias nos brindar com pílulas educativas muito digestivas
attico chassot