13 fevereiro 2010

PARA SE COMEMORAR

Se tem um assunto que mexe comigo e que me torna inquieto em qualquer momento e em qualquer lugar onde esteja, esse assunto é a corrupção. Os leitores que me acompanham sabem que já escrevi várias vezes sobre a temática aqui nesse espaço, talvez sem o receio de me tornar repetitivo. Na verdade, entendo que é a corrupção que esvazia os cofres públicos e que torna nossa vida muito mais difícil. Na medida em que a impunidade impera no julgamento dessas questões, somos todos afetados: as obras não acontecem, as promessas de campanha se esboroam, o dinheiro dos impostos não é suficiente para atender as necessidades da população. Por tudo isso, não me contive e resolvi publicar mais um artigo nesse Blog dentro dessa semana. Também acredito que é meu dever divulgar acontecimentos ligados à política nacional, e que certamente contribuem para melhorar nosso entendimento da realidade brasileira e de que algumas vezes, a justiça tarda mas não falha.

Torcedores vibram com a vitória de suas equipes no futebol, outros celebram a quebra de algum recorde em competições. Minha torcida é um pouco diferente.

Neste dia 11 de fevereiro vibrei com mais uma vitória da ética e da justiça na política nacional: a prisão do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. A indignação que tomou conta da população de Brasília e região, talvez tenha sido responsável pela decisão do Supremo Tribunal de Justiça. Além de montar um esquema de distribuição de dinheiro público no governo do DF, Arruda tentou na ultima semana comprar testemunhas que poderiam lhe complicar nos depoimentos posteriores. Ou seja, além do crime de montar uma quadrilha para desviar verba pública no governo, se utilizou da posição de primeiro mandatário para interferir nas investigações que recém iniciavam. A posição do Judiciário deve ser elogiada e pode servir de exemplo para muitos políticos que tem se utilizado desse expediente, sem que nada lhes aconteça ou que lhes acarrete qualquer tipo de punição. Vejamos, por exemplo, alguns casos bem próximos: os selos da Assembléia Legislativa, o desvio de verbas do Detran gaúcho, a operação Rodan envolvendo o ex-prefeito Ronquetti e seu chefe de gabinete Chico Fraga em Canoas e a compra mal explicada da casa da governadora Yeda.

Uma coisa é de se estranhar ainda no caso do Distrito Federal: faixas de apoio ao governador preso em frente a sede da Polícia Federal. Minha vivência de quase nove anos em Brasília, me facilita explicar essa contradição. As faixas de apoio possuem duas origens: os correligionários do governador que, mesmo sabendo da ilegalidade da apropriação dos recursos públicos, apostam na libertação do corrupto e de que tudo deverá continuar como está; a segunda origem é das pessoas que, adeptos da candidatura de Arruda possuem filhos, parentes e amigos empregados e favorecidos pela quadrilha que se instalou no governo. Dessa forma, pode-se antever que não somente os políticos sofrem do mal da corrupção, mas também uma parcela da população se deixa envolver no crime, desde que suas necessidades particulares sejam atendidas.

Diante disso, muitas vezes se pode concluir, com base na famosa frase popular: “Cada povo tem o governo que merece”. Será que não temos muito a comemorar no combate à corrupção, a não ser ficar observando a apropriação do dinheiro de nossos impostos por parte de uma classe política que tem a certeza da impunidade?

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