11 julho 2010

UMA MEMORÁVEL JORNADA

Neste primeiro final de semana de julho, tive a oportunidade de pela primeira vez estar na capital capixaba. O roteiro fez parte de uma viagem de negócios ao interior de Minas Gerais, onde minha empresa de consultoria inicia um trabalho de três meses. Partimos de Porto Alegre, eu e o colega consultor Ernani Matschulat, no domingo 04 de julho, ao meio-dia, na aeronave da empresa Azul, com conexão na cidade de Campinas, aeroporto de Viracopos. Esse aeroporto foi plenamente ativado depois do acidente ocorrido com o avião da Tam em Congonhas, e que fez com que a ANAC tomasse algumas medidas de revisão em relação ao uso dos aeroportos brasileiros.

Chegamos em Vitória, no Espírito Santo, às 19h30min, onde apanhamos um carro na locadora. Decidimos iniciar o deslocamento rodoviário até onde fosse possível, pois o destino era Aimorés no interior de Minas Gerais. Pousamos em Colatina, cidade do interior capixaba. A ocupação das áreas onde hoje situa-se o município de Colatina tem relação com a lógica da reprodução da expansão da lavoura cafeeira para as terras de rarefeita ocupação vizinhas ou ao norte do Rio Doce. O nome do município é uma homenagem a Colatina Soares de Azevedo, neta materna de Joaquim Celestino de Abreu Soares, barão de Paranapanema, e esposa de José de Melo Carvalho Muniz Freire, presidente do Espírito Santo de 1892 a 1896 e de 1900 a 1904.

Saímos de Colatina na manhã de segunda-feira, dia 05, em direção a Aimorés no interior mineiro, no Vale do Rio Doce. Chegamos na cidade pontualmente as oito da manha, onde nos encontramos com a direção da empresa. Depois de uma reunião de tratativas sobre a rotina a cumprir no desenvolvimento dos trabalhos, visitamos as diversas áreas onde a empresa atua. Denominada "a terra do sol eterno" a ocupação da região onde fica o município de Aimorés teve início em 1856, quando os primeiros posseiros, os irmãos João e Luís de Aguiar e um cunhado de nome Inácio Mançores, vindos da Paraíba do Sul (RJ), chegaram a propriedade do Tenente Francisco Ferreira da Silva, no município de Manhuaçu. Em 1915 passou a chamar-se Aimorés, em homenagem aos primitivos habitantes da terra, os índios botocudos do grupo "aimure/guimaré" (aimoré) e à categoria de município e cidade em 18 de setembro de 1925, sendo importante considerar que ainda hoje vivem nos arredores de Aimorés descendentes desta tribo indígena.

Na parte da tarde, pude conhecer outra cidade historicamente importante da região, Resplendor. Quando a estrada de ferro Vitória-Minas passou a cortar as terras locais, construiu-se uma estação no lugar denominado Resplendor. Com a conclusão da estrada de ferro, alguns dos trabalhadores seguiram com a Companhia, mas muitos deles ficaram por aqui porque gostaram das terras que eram muito férteis. Foi em torno dessa estação que a cidade começou a se desenvolver e, em 1938, criou-se o município, desmembrando de Aimorés.

Mas a melhor parte dessa jornada estava reservada para meu retorno a Vitória, depois de receber a sugestão dos dirigentes da empresa de retornar via férrea. À tardinha fui até a Estação Férrea de Resplendor onde apanhei a composição que me levaria até a capital do Espírito Santo. Uma viagem inesquecível, e que eu jamais imaginava fazer novamente, desde que na década de 1970 fui de São Paulo ao Rio de Janeiro. Os vagões que fazem o percurso Belo Horizonte – Vitória pelo belíssimo Vale do Rio Doce, são dotados de extremo conforto. Possuem ar condicionado, poltronas estofadas, vídeo com DVD e vagão restaurante. A viagem que iniciou às dezessete horas se estendeu até as vinte e trinta, com o trem serpenteando o Rio Doce desde Resplendor até Vitória.

Chegando na capital do Espírito Santo me hospedei num pequeno hotel, para depois na manha seguinte apanhar o vôo que me conduziria de volta a Porto Alegre.

Esta é mais uma das viagens que me marcaram os últimos meses deste prodigioso 2010, cujo marco inicial foi a jornada por Buenos Aires em abril passado. Me alegro em compartilhar esses momentos com os leitores deste blog e sugiro a vocês, quando tiverem a oportunidade, de conhecerem esses lugares.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
deleitei-me com tua memorável jornada capixaba. Encontrei uma expressiva coincidência. Depois de já ter estado na maioria dos estados brasileiros, só em novembro último, estive pela primeira vez em Vitória e Vila Velha, onde me encantei entre outras com o Museu da Vale. Especialmente com a história do trem – como filho de ferroviário que soou – que agora fruíste,
Com renovada admiração
attico chassot