06 dezembro 2010

DROGAS, QUEM É CULPADO?

Não há como negar que as drogas tem sido o grande flagelo desse novo século. Disfarçadas sob muitas formas, as drogas tem tornado principalmente a população jovem suscetível aos transtornos de personalidade, até porque é sabido que nesta idade há uma busca de afirmação do sujeito e de aceitação na sociedade. Se esse jovem não possuir uma estrutura familiar de orientação e de alerta sobre o perigo desse falso refúgio, estará nas mãos daqueles que realmente possuem a responsabilidade por disseminar a tragédia atual: os traficantes.

Isso também tem tido reflexos nas empresas, onde o poder das drogas atinge trabalhadores das mais diversas hierarquias, desde gestores submetidos a cumprimento de metas ousadas, com drogas um pouco mais sofisticadas, como hachiche, LSD e cocaína, e o contingente operacional do chão de fábrica que, muitas vezes, receoso de ficar desempregado ou com desavenças familiares, pode recorrer a drogas de mais fácil acesso, como a maconha e o crack. E essa é uma realidade que a empresa também tem tido dificuldade de lidar.

As escolas seguidamente se vêm em palpos de aranha para refugar a droga em suas dependências. É cada vez mais freqüente a busca de clientela nestas instituições, pois em sua grande maioria os adolescentes ainda não desenvolveram o verdadeiro espírito crítico. Ainda mais, o convívio com decepções e angústias, que abre portas para a busca de soluções milagrosas alternativas, muitas vezes incentivadas por colegas e amigos. E nunca falta um fornecedor próximo aos bancos escolares para incentivar esse consumo.

Há também as chamadas drogas lícitas, facilmente disponíveis: o álcool e o cigarro. Em famílias onde desde cedo há um bom esclarecimento sobre o efeito destas drogas, pode-se evitar de maneira precoce o vício para muitos adolescentes. Sem contar ainda o valor implícito no exemplo, pois se sabe que pais que não fumam e não bebem tem menos possibilidade de possuir filhos adeptos dessas drogas.

Se por um lado o traficante é um criminoso, e como tal deve ser punido e extraído do meio social, o usuário de drogas é um paciente que merece cuidado, tratamento e permitida a possibilidade de reintegração ao convívio da sociedade. E tanto a Empresa quanto a Escola, devem pensar alternativas para que se possa resgatar esses dependentes. Recentemente o Congresso Nacional discutiu Projeto de Lei que torna obrigatório, por parte das empresas, o tratamento de funcionário com problema de alcoolismo, numa clara acepção de que o trabalhador viciado é um paciente e não um delituoso, como tantas vezes se observa em comentários reducionistas.

Pois também na questão da droga por parte dos adolescentes, há que se ter bem clara essa conceituação, a do usuário/paciente, que necessita cuidado e tratamento, e a do seviciador/delinqüente, que se aproveita da debilidade púbere para obter vantagem financeira. E também nós docentes podemos cumprir papel de destaque nesta tarefa. Observando comportamentos e buscando auxiliar a Escola e a sociedade, ao invés de insinuar comentários maldosos e preconceituosos diante de situações tão graves. Nossas ações devem estar prenhes de atitudes de ajuda também neste aspecto.

Infelizmente o que se tem observado são alguns educadores insinuando a responsabilidade deste vício ao viciado, como se dele também dependesse a cura.

Outro dia, compareci no auditório de uma Escola para assistir palestra de um policial civil do DENARC sobre drogas. Desde o início da palestra, e sem demonstrar conhecimento de qualquer roteiro pré-estabelecido, o policial enfatizou a culpabilidade do viciado, nominando-o como um “trouxa”, um “retardado” e outras classificações. Todos riam e se divertiam com as palavras do palestrante, chamando também a atenção para os efeitos das drogas em relação ao desempenho sexual. E aproveitando-se disso, e vendo que agradava o público, o palestrante enfatizou esse detalhe por inúmeras vezes. Por fim, trouxe ele um caso familiar, exaltando o comportamento de seus filhos e do quanto eles poderiam servir de exemplo para todos que ali estavam.

Na minha opinião, a escolha de pessoas adequadas para participarem de eventos em nossas Escolas deve passar por um crivo maior. Não se pode comprometer toda a construção de um Currículo, cujo objetivo essencial é transformar pessoas, com discursos repletos de preconceitos e que, além de não contribuírem para essa transformação, são capazes de ruir toda a edificação realizada até então por docentes capacitados, preparados e competentes.

Um comentário:

Thiago Chini disse...

Os antigos povos já utilizavam drogas. O problema da droga ter se tornado este câncer que é hoje é a sua criminalização, as pessoas sentem que consumir algo errado é SUPER LEGAL!!!

A sociedade de hoje não esta pronta para receber a legalidade de diversos tipos de drogas, mesmo assim o acesso é muito fácil e a criminalização dela rende altos lucros para certos grupos capitalistas e destroem todo o sistema de leis apartir da corupção que ela gera.

bom, não sei se me fiz entendido.
Abraços Jairo :)

Thiago Chini Bender; ex-aluno do Mestre Jairo Brasil