30 abril 2011

28 DE ABRIL: UM DIA DE REFLEXÕES

Em 28 de abril de 1969, a explosão de uma mina nos Estados Unidos matou 78 trabalhadores. A tragédia marcou a data como o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho. Encampando essa luta, mas com foco na prevenção, a Organização Internacional do Trabalho instituiu em 2003 o 28 de abril como o Dia Mundial de Segurança e Saúde no Trabalho.

Segundo o Ministério da Saúde, em todo o mundo, anualmente, cerca de dois milhões de trabalhadores perdem suas vidas no trabalho. São 5 mil mortes por dia, três vidas perdidas a cada minuto, aproximadamente o dobro das baixas ocasionadas pelas guerras e mais do que as perdas provocadas pela Aids. Doze mil das vítimas são crianças.

Cerca de 270 milhões de acidentes de trabalho acontecem todos os anos e as doenças relacionadas ao trabalho afetam cerca de 160 milhões de pessoas. Isso representa um custo equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países do planeta. No Brasil, somente em 2007, 653.090 brasileiros assalariados segurados do INSS, inseridos no mercado formal de trabalho foram vítimas de acidentes e doenças durante o exercício de suas atividades, com maior incidência de ferimentos, fraturas e traumatismos de punho e mão, incluindo amputações, queimaduras, corrosões e esmagamento. Estatísticas indicam que o Brasil perde de 2,5% a 4% do PIB a cada ano com o pagamento de benefícios previdenciários e o afastamento dos trabalhadores de suas atividades.

E neste dia ocorreram vários eventos na capital gaúcha para marcar a data.

A Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE-RS), em sua sede da avenida Mauá, realizou o Seminário "Gestão em Saúde e Segurança do Trabalho: uma ferramenta de Melhoria Contínua". Foram protagonistas do evento os auditores fiscais Roque Puiatti, Mosiris Pereira, Luiz Scienza e a Dra. Maria Mucillo da Fundacentro.

No Largo Glenio Peres houve palestras e exposição de vários assuntos ao publico em geral sob a responsabilidade do Forum Sindical de Saúde do Trabalhador , tais como Assedio Moral, Perícia Medica/INSS, Doenças e Acidentes de Trabalho, Fator Previdenciário e Reforma da Previdência, SUS, Fundações e Conferencias de Saúde. Houve ainda consultoria jurídica e de medicina do trabalho por profissionais especializados aos interessados.

Na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS) ocorreu o Seminário “NR 12 Segurança de Máquinas: uma realidade possível”, reunindo empresários e técnicos das áreas de produção e manutenção interessados nas novidades da NR reformulada. Sob o patrocínio da AutomaSafety e sob o comando de seu Diretor Vladimir Kuse, foi uma oportunidade ímpar de discutir as mudanças da Norma Regulamentadora e de seus impactos nos processos industriais que contemplam máquinas de todos os tipos.

O professor Jairo Brasil se fez presente na FIERGS acompanhando o Seminário sobre a NR 12, onde encontrou colegas docentes e ex-alunos de segurança do trabalho. Entre eles Marcelo Granato, ex-aluno da Escola Factum de Porto Alegre e agora Técnico de Segurança do Trabalho da IDATI Consultoria e Paula Tamires, ex-aluna da Escola Unipacs de Esteio e agora Técnica de Segurança do Trabalho do Pólo Automotivo da GM de Gravataí. Segundo o professor Jairo Brasil, o dia é importante não somente para eventos como para reflexões chamando a atenção de trabalhadores e empregadores para a necessidade de maior conscientização de ambas as partes, seja no investimento na prevenção por parte dos empresários, seja na conscientização pelos trabalhadores da necessidade de seguir procedimentos seguros e utilizar equipamentos adequados.

A seguir uma colaboração do Movimento dos Poetas Repentistas do Nordeste referente à data que relembra todas as vítimas de acidente de trabalho, publicada pelo Ministério do Trabalho esta semana.

DIA MUNDIAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DE ACIDENTES DE TRABALHO

Vinte e oito de abril,
Em diversos continentes,
Eventos homenageiam,
De maneiras diferentes,
Aos trabalhadores vítimas
De doenças e acidentes.

É, para os trabalhadores,
O dia internacional,
Lembrança aos colegas mortos,
Manifesto sindical,
Chamando atenção do mundo
Para um problema real.

Essa data instituiu-se
Para manifestação
No ano sessenta e nove
Quando exercendo a função
Setenta e oito mineiros
Morreram numa explosão.

Isso ocorreu na Virgínia,
Um estado americano,
E após três décadas e meia
Que aconteceu esse dano
Se constatam infelizmente
Novas vítimas todo ano.

Os que se juntam na rua
Em torno do manifesto
Fazem enterro simbólico
No momento do protesto
E há razão suficiente
Pra justificar o gesto.

As passeatas comportam
Ativos e inativos,
Comungando ao mesmo tempo
Os mesmos objetivos,
Relembrando os que estão mortos,
Defendendo os que estão vivos.

É pedida nesse dia
Uma atuação constante
Contra acidente fatal,
Doença incapacitante,
Que segundo as estatísticas
Têm ocorrido bastante.

Nessa data é discutida
A legislação local,
Faixas, cartazes, discursos,
Sempre o mesmo ritual,
Cobrando rigor nas normas
De segurança geral.

Trabalhadores exigem
Condição satisfatória,
Os mártires da mesma luta
Têm resgatada a memória,
As injustiças não podem
Ficar à margem da história.

Visam a fazer as pessoas
Tomarem conhecimento,
Higidez e segurança
Dependem de investimento
E a prevenção custa menos
Do que qualquer tratamento.

As tragédias deixam claro
O que deve ser mudado,
A comparação é feita
Quando o pretérito é lembrado,
O presente é refletido
E o futuro é preparado.

Os acidentes ocorrem
Do escritório ao cascalho,
Categorias discutem
Sobre o que ainda está falho,
Propondo o melhoramento
Das condições de trabalho.

O fato de, atualmente,
Ser comum se ver alguém
Contaminado por sílica,
Por amianto também,
Mostra que o Brasil precisa
De mais prevenção do que tem.

Há condições adversas
De pessoas conduzidas
A trabalhar com mercúrio,
A lidar com pesticidas.
Uma simples negligência
Pode custar muitas vidas.

Incidências de operários
Que de asbestose padecem,
Os que de máquinas são vítimas,
Os que de câncer falecem,
Muitas delas, evitáveis,
Freqüentemente acontecem.

Acidentes e doenças
Ocorrem em todo reduto,
Segundo a OMS,
Pode o gasto absoluto
Chegar a quatro por cento
Do Produto Interno Bruto.

É cobrado mais empenho
Das empresas do País,
Mais atuação das CIPAs,
Disposição de EPIs,
Tendo ambiente seguro,
Há trabalhador feliz.

A OIT deixa claro
Quanto ao assunto: acidente,
Cerca de três mil pessoas
São vítimas diariamente,
Essa estatística precisa
Reduzir daqui pra frente.

Nesses trinta e cinco anos
A tragédia é relembrada,
Foi, em diversos países,
Essa data incorporada.
Uma causa quando é justa
Não pode ser desprezada.

Aqui não é diferente,
Vinte e oito de abril,
Um projeto no Congresso
Tramita desde dois mil,
Pra oficializar
Esta data no Brasil.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro colega e amigo Jairo,
devo confessar que desconhecia a oportuno comemoração da data de prevenção a acidentes do trabalho. Cumprimentos não apenas pela referência memorial mas pela densidade dados históricos e evocações trazidas.
Um bom domingo (¿ou é feriado?) – talvez – azul

attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com