07 agosto 2011

ACERCA DAS NECESSIDADES E UM DRAMA

Desde os primórdios o ser humano teve uma preocupação constante, atender suas necessidades. Primeiramente aquelas consideradas básicas ou essenciais, depois as outras que se traduzem em reconhecimento e estima. Ao longo do tempo houve até quem se esmerasse em estudar aprofundadamente estas necessidades, surgindo daí a conhecida teoria de Maslow, a Hierarquia das Necessidades.

A Sociedade Capitalista predominante no mundo ocidental, e porque não dizer agora se inserindo naqueles últimos redutos alienígenas a essa proposta, como o caso de Cuba que parece vergar a espinha irredutivelmente se alinhando à realidade mundial, através das políticas de marketing vive propondo novas necessidades, visando dar velocidade à roda da Economia. Influenciados por essa visão agressiva do sistema capitalista, muitos de nós não reconhece a riqueza que possuímos se comparados com outras realidades. E essa é minha intenção na edição de hoje: chamar a atenção do leitor para um fato extremamente lamentável que ocorre no continente africano e que pouca divulgação vem obtendo na mídia. A fome que está dizimando a população de um país chamado Somália.

A Somália é o país mais oriental da África, e ocupa uma área de 637.657 km² (aproximadamente igual à soma da área dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo). A região ocupada pelo país é comumente chamada Chifre da África - pela semelhança entre o desenho de seu mapa com o chifre de um rinoceronte. O país está situado na costa leste africana ao norte da Linha do Equador, entre o Golfo do Aden e o Oceano Índico. Seu território consiste de muitos platôs, planícies e montanhas.


A Somália tem uma população estimada de 8,5 milhões de pessoas. Estas estimativas são difíceis de ajustar, devido à complicada situação política do país, e também à natureza nômade muito de seus habitantes. O último recenseamento foi no ano de 1975, baseado em alguns analistas estrangeiros. A taxa de crescimento da população somali é uma das mais elevadas na África e no mundo. Atualmente, cerca de 60% da população somali é de nômades ou seminômades, criadores de gado, camelos e cabras. Aproximadamente 25% dos habitantes são agricultores assentados nas regiões férteis entre os rios Juba e Shebelle, a sul do país. O resto da população está concentrada nas áreas metropolitanas.

A Somalia tem enfrentado nos últimos dois anos uma seca sem precedentes, o que impactou ainda no preço dos alimentos básicos, fazendo com que as famílias tivessem de recorrer às ajudas humanitárias de organismos internacionais. A guerra civil, uma tragédia que assola o país desde 1991, também é condição desfavorável à sobrevivência da população. Por conseqüência destes fatos, a população não consegue se fixar e acaba se movimentando pelo país afora em busca de alimento, necessidade básica para sobrevivência. Alem disso, os insurgentes islamistas de Al-Shabab, que controlam o sul do país desde 2009, têm tornado a ajuda humanitária mais difícil depois de terem voltado a proibir a entrada às ONG internacionais e às agências humanitárias da ONU por considerá-las de "serem espiões que trabalham com agendas políticas".

Ader Mohammud, uma jovem de 19 anos, viajou cerca de 250 quilômetros para levar seu filho ao centro de tratamento do Médico Sem Fronteiras em Galcaayo. Para sua filha Najmo, de onze meses, a jornada foi excessivamente longa. "Eu não podia pagar o custo de transporte (oito dólares americanos), e não tinha nenhum apoio em Galcayo. Eu sobrevivo apenas com o que outros pacientes e profissionais de cuidados me dão". Ader não sabe quando poderá voltar para casa.


A situação é igualmente dramática em outras regiões da Somália. Na cidade de Marere, no sul do país, nota-se um grande aumento nos casos de desnutrição em pessoas vindas da região do vale de Juba. A maioria dos leitos de hospitais em Marere está atualmente ocupada por crianças desnutridas que precisam de cuidados intensivos.


Atualmente os números, embora não totalmente confiáveis em termos estatísticos, levam a crer que cerca de 2.000 somalis morrem diariamente de desnutrição, numa das maiores crises de fome da humanidade.


Por tudo isso, vemos que a situação na Somália ultrapassa os limites da desumanidade, num mundo onde a riqueza se mostra distribuída de forma injusta. Em alguns países prepondera o luxo e a abastança, enquanto em outros sequer há condições de atendimento às necessidades básicas. E na nossa realidade isso também pode ser observado, pois basta que se vá até um shopping nestes dias de inverno para comprovar essa ambigüidade. Muitos consumindo desde roupas e calçados de grife até sanduíches e batatas fritas que nada mais fazem do que entupir artérias de colesterol, enquanto do lado de fora desses templos de consumo alguns menos favorecidos aguardam pacientemente os restos que lhes possam atender as necessidades básicas. Essa é a nossa realidade.

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
amanhã meu blogue também terá o tema que nos choca e envergonha: no século 21 a fome mata milhares de homens mulheres e criança a cada dia. Estima-se que 29 mil crianças com menos de cinco anos morreram de fome na Somália nos últimos três meses (média de 10 mil por mês). Haveria, segundo a ONU, 640 mil crianças desnutridas no país. As estatísticas dão a dimensão da tragédia, ao mesmo tempo em que a desumanizam. Seriam 10 milhões de pessoas passando fome, literalmente e em graus variados, em função da pior seca em décadas na região onde estão Etiópia, Quênia, Djibuti e Somália, o mais atingido.
Uma boa semana a cada uma e cada um de teus leitores, mas não custa lembrar que o ‘Chifre da África’ é no nosso Planeta Terra.
Parabéns pelo tema da blogada desta semana.
Com admiração
attico chassot