19 agosto 2011

UM GAÚCHO NO GOVERNO = UM CORRUPTO NA CÂMARA

O Congresso Nacional é formado pela Câmara e pelo Senado Federal. A Câmara abriga todos os deputados federais eleitos em seus estados para um mandato de quatro anos e o Senado, embora sejam eleitos a cada quatro anos, para renovação do quadro, os senadores possuem mandato de 8 anos. Meio complicado, não?

Pois bem! A Câmara Federal conta com o número de 513 deputados representando o povo brasileiro, cada um com salário de R$ 26.700,00 sem contar as mordomias. Salário esse aprovado no apagar das luzes de 2010, mais especificamente no dia 15 de dezembro, que é pra não possibilitar qualquer revés da população, num momento em que todos estão envolvidos com férias, festas de final de ano e tudo mais.

É lógico que dentre esse meio milhar de representantes há joio e trigo misturados. Alguns possuem relevantes trabalhos prestados à nação, enquanto outros se utilizam do cargo para auferir benefícios próprios. E dentre aqueles com bons serviços prestados se pode dizer que o futuro Ministro da Agricultura não tem nada que o desabone para assumir o cargo, e parece ter sido escolhido pela Presidente Dilma para completar a faxina naquele ministério. Até o momento a escolha não deixa dúvidas, mas me precavenho de tecer elogios antecipados, porque esse filme já assisti inúmeras vezes: tão logo o escolhido assume o cargo e uma revista famosa, principalmente por suas denúncias, estampa o passado do empossado e desfia um rosário de irregularidades na vida pública. Todavia, até o momento, o escolhido está preservado.

De outro lado, quando um deputado deixa a Câmara Federal, um substituto denominado “suplente” assume a vaga. E essa escolha se dá pelo abono do partido de ambos. Isso é a regra e vale nesse momento.

Mas, como sempre, o trigo em geral traz alguma mistura de joio. Aliás, todo mundo sabe o que é o joio? Gosto de uma historieta do consultor de empresas Max Geringher, escrita em seu “Clássicos do Mundo Corporativo”. Diz ele à página 67:

“Falei com o pessoal do Moinho Santista, que vem comprando e vendendo trigo no Brasil desde os tempos da princesa Isabel. Um especialista lá do Moinho explicou que joio é uma erva daninha que cresce no meio das plantações de trigo. E aí vem a pior parte – o joio é tóxico. Se o joio for moído junto com o trigo, a farinha inteira fica venenosa. E basta um “tantinho” de joio para envenenar um montão de farinha.

Quando estava começando a pensar em nunca mais comer pão nem bolo em minha vida, o especialista deu uma ótima notícia. Só usamos a frase ainda hoje porque ela está na Bíblia e não porque o joio seja ameaça. O joio foi erradicado. Não existe mais, faz séculos”.

Mas aqui no nosso caso, no caso da política, o joio continua existindo e se misturando à farinha, contaminando-a. Por quê? Porque a ausência do deputado Mendes Ribeiro Filho na Câmara Federal, traz à cena novamente um antigo conhecido, o deputado Eliseu Padilha. Sobre esse nobre representante do povo gaúcho as notícias não são nada alvissareiras e promissoras. Vejam o que diz o jornal Zero Hora de 15 de fevereiro do corrente:

O ex-deputado Eliseu Padilha (PMDB) foi indiciado por crime em licitações e formação de quadrilha depois de prestar depoimento na tarde desta terça-feira na sede da Polícia Federal, em Porto Alegre. Ele é investigado no inquérito referente a supostas irregularidades em licitações das barragens dos arroios Jaguari e Taquarembó.

A ação da PF faz parte das investigações da Operaçã
o Solidária, iniciada em 2007 e que apura fraude em licitações de obras de infraestrutura no Estado. Conversas captadas com autorização da Justiça Federal indicam que Padilha, a partir da atuação em Brasília, teria sido um dos principais articuladores para o direcionamento de licitações das barragens em prol de empresários também investigados pela PF.

Se não tivesse sido derrubado o Projeto Ficha Limpa para a atual legislatura, certamente Eliseu Padilha estaria fora da Câmara Federal. Eliseu que foi Ministro dos Transportes do governo FHC, é amigo íntimo de José Serra e foi um dos colaboradores da campanha do candidato derrotado ao Planalto aqui no Rio Grande do Sul. Na gestão de Padilha nos Transportes, também vieram a público denúncias de fraude no pagamento de dívidas judiciais do DNIT. No escândalo dos precatórios do órgão federal, advogados e procuradores foram acusados de furar a fila das indenizações e elevar os valores devidos pela União.

Na eleição de 2010, ele tentou voltar ao cenário político como deputado federal, declarou ter patrimônio de R$ 2,6 milhões e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou que sua campanha custou R$1,1 milhão. Nas urnas, foi barrado. Terminou suplente pelo Rio Grande do Sul. Agora, ele voltará a ter foro privilegiado – o que pode favorecer a impunidade.

São coisas da política que nós, meros mortais, custamos a entender. Mas a uma conclusão cheguei nesse momento: Na política parece impossível retirar o joio do trigo, e muitas vezes temos de comer o pão com a farinha contaminada assim mesmo. Haja saúde!!!

3 comentários:

Cristiano Cabral disse...

Belo texto Professor!Brabo é aceitar este joio!Grande abraço!!

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
primeiro obrigado pela ilustrativa imagem d0 joio e di trigo. Não conhecia. Quero dizer que para mim MRfilho está mais para joio que para trigo. Desejo enganar-me.
Quanto ao suplente, fizeste oportuno alerta.
Cumprimentos pela blogada semanal.
a admiração do continuado aprendente
attico chassot

Thiago Chini disse...

Mais uma vez venho ao blog do senhor e tenho uma aula...
É uma pena não termos um Anders Behring Breivik ...

obrigado, Mestre Jairo