28 novembro 2014

A MARCA DA RESPONSABILIDADE SOCIAL



A Bíblia nos ensinou a parábola do joio e do trigo
Num momento em que a corrupção toma conta dos meios de comunicação, com notícias alavancadas pelo Petrolão, desvio de bilhões em nossa maior empresa pública, sob a forma de propinas, é necessário algum cuidado para distinguir o “joio” do “trigo”. [Aqui abro um parêntese: tomei conhecimento do que era “joio” depois de ler um texto tempo atrás num livro do Max Geringher. Segundo ele, foi um especialista do Moinho Santista que lhe explicou que o joio é uma erva daninha que cresce no meio da plantação de trigo. E o joio é tóxico! Se for moído junto com o trigo, torna a farinha venenosa. “E basta um tantinho de joio para envenenar um montão de farinha”, destaca Max. Mas de acordo com ele, só usamos este adagio porque ele está na Biblia, e não por causa do perigo do joio, pois ele foi erradicado há muitos anos e não existe mais há séculos.] Voltando ao nosso assunto, deve-se considerar que há também empresas que atuam de forma honesta e, por isso, merecem consideração. Neste aspecto sou otimista. Não se pode empilhar tudo em uma “vala comum”, generalizando a desonestidade e o conluio geral.

Aliás, uma das prerrogativas mais buscadas por empresas honestas e responsáveis, neste terceiro milênio, é o reconhecimento público. Para tanto, se esmeram na qualificação e na certificação de seus empreendimentos. Mesmo assim, por diversas vezes acabam caindo em armadilhas sórdidas que obscurecem suas marcas e o bom nome da empresa.

As certificações buscadas pelas empresas estão afeitas a um organismo internacional denominado ISO. E quem um dia não ouviu falar de uma empresa que possuísse ou buscasse essa certificação. O “International Organization for Standardization”, ou aportuguesando “Organização Internacional para a Padronização”, localizado em Genebra, na Suíça, é responsável pela certificação de todas as empresas, com organismos representativos em quase todos os países do mundo. Ou seja, é uma forma de padronizar produtos e serviços mundo afora. Através deste organismo internacional as empresas se certificam em vários requisitos, como “qualidade dos produtos”, “qualidade dos serviços”, ”qualidade ambiental”, em “segurança e saúde ocupacional” e também em “responsabilidade social”. Para explicar mais amiúde eu necessitaria muito espaço neste semanário. Por isso, vou me ater exclusivamente neste último requisito, o de “responsabilidade social”.
 
ISO 26000 - Responsabilidade Social
O que vou destacar agora, sobre a responsabilidade social, aprendi sobremaneira quando atuei numa empresa de renome nacional, e que buscava essa certificação. Falando com um especialista ele me disse: “Olha professor Jairo, a responsabilidade social é hoje uma certificação exigida por países do continente europeu para adquirir nossos produtos. Principalmente empresas da Zona do Euro [países que se utilizam da moeda de mesmo nome], só adquirem insumos, matérias primas e produtos de empresas que respeitam seus funcionários, e que efetivamente não se utilizam de trabalho infantil ou trabalho escravo”. Assim que ouvi a explicação, me pus a pensar: “Mas como uma empresa desse porte vai contratar pessoas neste regime? Mão de obra escrava ou infantil?” Não me contive e fiz a pergunta a ele, no que imediatamente me disse: “Não, professor! Nós temos de ter um cuidado muito grande com os contratos de terceiros! É através deles que podemos nos descredenciar de nossa certificação”. Nunca mais esqueci daquela lição aprendida.

Marcas famosas tem sido alvo de denúncias
Pois esta semana, me deparei com uma notícia que chocou alguns gaúchos. A denúncia de envolvimento da conhecida “Lojas Renner” com o trabalho escravo. Isso mexe na honra e no brio de alguns patrícios, pois de longa data se sabe da idoneidade e do respeito que desfruta a marca, e do orgulho que ela traz por estar em todo o território nacional. Dia desses ouvi de um aluno que visitou Salvador, e que se gabava por ter encontrado uma “Renner” num shopping daquela cidade.

O que aconteceu com a marca Renner foi um descuido na contratação de terceiros. E não que não houvessem ocorridos avisos com outras marcas famosas. Grupos de confecção montados “às escuras” nos arredores da capital paulista, explorando imigrantes bolivianos, continuam produzindo roupas de grife sem qualquer respeito aos mínimos direitos trabalhistas. Mas a manchete da Revista Capital desta sexta-feira, dia 28, é inapelável: “Renner está envolvida com trabalho escravo”. A empresa foi multada em quase 2 milhões de reais e 37 funcionários bolivianos, entre homens e mulheres, foram resgatados pelo Ministério do Trabalho.

A marca gaúcha está presente em quase todas as capitais do país
Portanto, todo o cuidado é pouco no momento de assinar um contrato de prestação de serviços de terceiros. Aliás, este é um alerta que tenho feito constantemente em minhas aulas de segurança do trabalho, pois se pode ter comprometida toda uma trajetória da marca e do nome da empresa de uma hora para outra. Tenho certeza de que as Lojas Renner saberão tomar os devidos cuidados para resgatar a credibilidade, e que jamais houve má intenção nesta atitude. Fica aqui minha torcida pela marca...

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
só este discernimento que fazes do joio e do trigo, vale a blogada.
Aprendo sempre com teus blogares.
A admiração do
attico chassot
Mestrechassot.blogspot.com