18 julho 2015

A OCASIÃO FAZ O LADRÃO



Santo Antonio da Platina, município do norte do Paraná, fundado por mineiros
Uma pequena cidadezinha localizada no norte do Paraná tomou as manchetes do noticiário nacional esta semana. Santo Antonio da Platina possui cerca de 45.000 habitantes, e como todo o município no sistema democrático brasileiro tem seu Legislativo, com a câmara de vereadores, e seu Executivo, com prefeito, vice-prefeito e secretários. E também, como a maioria dos municípios do país, os poderes instituídos de Santo Antonio da Platina  aprovam o aumento de seus próprios salários. Mas este ano, o processo foi diferente e teve uma decisão influenciada pela população.

Empresária Adriana lemes de Oliveira comemora a decisão da Câmara
Houve um tempo em que a atividade parlamentar municipal não contemplava remuneração, e os chamados “edis”, nossos conhecidos “vereadores”, trabalhavam na realidade em prol da melhoria das condições de vida da população municipal. Eram reconhecidos pela relevância de seus feitos e, portanto, tinham grande consideração e respeito. Hoje em dia, a grande maioria dos representantes populares, possuem salários rechonchudos e, até mesmo abusivos, se comparados com os da iniciativa privada. E estes representantes, dadas as prerrogativas da lei, podem legislar em causa própria e aprovam seus próprios aumentos de salário.

Era isso que estava acontecendo esta semana em Santo Antonio da Platina, não fosse a indignação que tomou conta de uma empresária local. Adriana Lemes de Oliveira, convencida de que “a ocasião faz o ladrão” (ou no dito latino “occasio facit furem”), compareceu à Câmara de Vereadores para questionar “porque os vereadores estavam aumentando seus proventos, em plena crise?”. E teve como resposta de um dos vereadores, de que ele não estava em crise, pois “graças a Deus, estou com a vida tranquila, levanto seis horas da manhã, cuido do meu sítio, sou pequeno pecuarista, e trabalho 24 horas”.
População platinense tomou conta do plenário da Câmara

Indignada com a resposta obtida, Adriana publicou um vídeo nas redes sociais e conclamou a população a comparecer na seção de aprovação do aumento de salários. Qual não foi sua surpresa ao ver o plenário da câmara da pequena prefeitura lotado no último dia 15 de julho. Pressionados pela invasão da casa do povo, os vereadores não somente desistiram do aumento de salários, como também rebaixaram os proventos atuais. E não somente os seus salários, bem como, os do prefeito e vice-prefeito. Os vereadores queriam aumentar seus salários de 3,7 mil para 7,5 mil na próxima legislatura, e o salário do prefeito deveria ser aumentado de 14,7 mil para 22 mil. Sob a pressão popular, os salários de vereadores foram rebaixados, dos atuais 3,7 mil para R$ 970,00, e o do prefeito, de 14,7 mil passará a 12 mil no próximo mandato.

Isso demonstra que a mobilização popular tem uma capacidade nem sempre imaginada. Recentemente, junho de 2013, uma série de manifestações populares repercutiu no congresso nacional, denotando medo e preocupação por parte dos nossos representantes. De imediato as reuniões na casa legislativa fervilharam com propostas de atendimento ao clamor popular. Mas tão logo a população se desmobilizou, tudo foi esquecido e a calmaria reina novamente em Brasília, prá sossego e felicidade geral da classe política.


 Veja reportagem sobre a decisão em Santo Antonio da Platina

Quem sabe não é hora de tomar o exemplo de Santo Antonio da Platina e se acercar da realidade dos corredores destas casas do povo: nossas câmaras de vereadores, assembleias legislativas e congresso nacional?   
 

2 comentários:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
no teu blogue soube do ocorrido em Santo Antônio da Platina.
Muito bem posta tua blogada.
A admiração do
attico chassot

Prof. Jairo Brasil disse...

Obrigado + Attico CHASSOT