17 outubro 2015

COM QUEM EU APRENDI...

Encerramos uma semana repleta de anormalidades climáticas, com prejuízos imensos por todo o Estado, embora estes eventos já sejam previsíveis para quem está acostumado às notícias das interferências humanas na natureza. Todavia, as homenagens recebidas pela passagem do Dia do Professor me fez saudosista em relação àqueles que foram responsáveis pela minha formação. Traçando uma linha de tempo, rememorei os personagens que marcaram significativamente minha vida de aluno.
Minha mãe foi marcante
na minha formação


Não posso deixar de reconhecer o quanto meus pais, principalmente minha mãe, foram responsáveis pela minha educação. Desde cedo, o incentivo dela com ternas palavras e exemplos facilitaram meu apreço pelas letras. Também seu gosto pela artesania, com atividades manuais, pintura, desenho, e até tricô (sim, minha mãe ensinou-me tricô – e isso não comprometeu minha masculinidade), contribuíram no desenvolvimento de minhas habilidades artísticas.

O Educandário Espírito Santo, escola das irmãs carmelitas no bairro Chácara Barreto, em Canoas, foi o ponto inicial de minha formação. Ali, uma professora, D. Maria, me ensinou as primeiras letras. Seu nome era simples assim, mas dedicada ao ponto de timbrar o modelo de minha caligrafia desde cedo. Toda vez que empunho a caneta para uma pequena anotação, vejo-a presente nesta tarefa, pois quando delineio o “a” e o “f” que ela me ensinou, me vejo conduzido por sua mão no formato correto. Para mim ainda um grande mistério tudo isso.

As Escolas onde tive a Educação Básica
Ao final do Ensino Fundamental, que antigamente se chamava “Ensino Primário”, naquela mesma escola, um professor de matemática foi responsável por minha reprovação, quando tive de repetir todo o ano. Chamava-se Antenor Balbinot. Disse-me assim naquela ocasião: “Você vai ver que depois desta repetição, terá mais condições de enfrentar outros conteúdos para os quais não está ainda preparado!” Aborrecido, só mais alguns anos a frente reconheci a verdade daquela afirmação.

O Ensino Médio por mim cursado ocorreu inicialmente numa Escola de referencia na cidade de Lages, em Santa Catarina. Mudamos para lá no início de 1970, devido à transferência de meu pai no trabalho. O Colégio Diocesano era uma escola de padres franciscanos, onde tive o privilégio de aprender “Latim”, disciplina incluída no conteúdo programático. Frei Norberto foi responsável pela minha descoberta da importância da História e de um dos idiomas da antiguidade formadores da nossa língua e de tantas outras. Se hoje tenho facilitado o conhecimento da origem das palavras, devo às declinações latinas aprendidas com o Frei Norberto.

Algumas figuras que marcaram minha trajetória
Em 1971, retornamos à Canoas, onde retomei o Ensino Médio no Colégio Estadual Dr. Carlos Chagas, hoje Instituto Estadual, num tempo em que a educação pública era digna de mais reconhecimento e mais respeito. Marcou minha passagem a diretora da Escola, professora Zilah Dalmolin. Eu admirava a energia com que conduzia o colégio, e a forma com que conseguia mobilizar toda a comunidade escolar. Tive como colegas de classe dois esportistas que alcançaram a fama anos depois, os craques de futebol “Batista” e “Falcão”.

Em 1975, concluído o Ensino Médio, resolvi me preparar para o vestibular. Matriculei-me no Instituto Pré-Vestibular, um cursinho preparatório ali na Salgado Filho, em Porto Alegre. Em seu quadro docente três figuras ímpares marcaram para mim este período: José Alberto Fogaça na literatura e gramática, Clovis Duarte na Biologia (falecido em 2011) e Moacir Costa Lima na Física. Foi assim que em meados do ano fui aprovado em Engenharia Operacional de Produção na PUCRS.

Instituições de Ensino Superior por onde passei
Na metade de 1976, iniciava mais um semestre. Numa terça-feira teríamos a primeira aula de Geometria Descritiva, conteúdo complexo e que prometia dificuldades. Um professor esguio e alto adentrou a sala e, sem se apresentar, começou a chamada. Quando chegou à metade da lista chamou meu nome e se surpreendeu. Olhou com cara de espanto e me perguntou: “Você foi meu aluno no colégio em Canoas?“ Tomado de pânico, estava novamente de frente com o professor Balbinot do Ensino Fundamental. Agora ressabiado pela experiência de outrora, me dediquei com afinco aos conteúdos e obtive uma de minhas melhores notas no curso. Reconheci neste mestre um grande aprendizado, e pude perceber que somos capazes de grandes transformações quando somos desafiados. Jamais esqueci de seus ensinamentos.

Mestres de relevância em minha formação
No ano de 1993 retomei os estudos, agora na Universidade Regional de Blumenau, numa licenciatura em Estudos Sociais que há muito tinha intenções de realizar. Ali conheci um excepcional antropólogo chamado Sálvio Muller. Professor Salvio, falecido em 2004, modificou minha forma de enxergar o indivíduo na sociedade. Suas aulas eram de deixar a gente boquiaberto, tamanho seu poder de argumentação. Foi outro daqueles mestre inesquecíveis.

Em 2002, agora em Brasília, terminada a licenciatura, iniciei uma especialização em Ciências Sociais Aplicadas, na UPIS do grupo Mackenzie. Ali pude conviver com grandes nomes das ciências sociais, professores do quadro da Universidade de Brasília e do Instituto Rio Branco de Relações Internacionais, este último responsável pela formação dos profissionais da diplomacia brasileira. Destaco dentre eles três nomes que me marcaram: Celso Fonseca, Marcos Magalhães e Francisco Doratioto. Sobre eles muito teria de falar, principalmente por suas habilidades na disseminação do conhecimento. Todavia, sem cometer injustiças, o Doratioto marcou minha passagem por sua criteriosa pesquisa sobre o conflito da Guerra do Paraguai, cuja obra “Maldita Guerra” me impactou de forma inesquecível na leitura. Recomendo a todos para conhecerem uma das maiores tragédias do nosso continente.
Mestre Chassot nosso encontro e seu Blog

Por fim, no ano de 2006 e até 2008, me envolvi com um Mestrado na Unisinos de São Leopoldo, que transformou minha forma de tratar a educação. E essa transformação possui um único responsável, um mestre orientador a quem devoto muito do que hoje sou como docente: professor Attico Inácio Chassot. Em pouco tempo, menos de três anos, foi capaz de modificar a minha forma de enxergar a educação, o mundo e a ciência. É um verdadeiro “menestrel” do conhecimento. Mestre Chassot leva aos mais distantes recantos do país as boas novas e é capaz de atrair a atenção de plateias inteiras por onde passa. Uma figura de porte pequeno na estatura, mas prodigioso no conhecimento. Foi meu tutor no aprendizado blogueiro, e até hoje meu parceiro nesta lida. Mantém um Blog periódico divulgando suas ações (http://www.mestrechassot.blogspot.com.br) Por diversas vezes me vi embevecido ao assistir suas palestras e seminários, e faço questão de tomá-lo como exemplo em minhas atuações. Fico exultante quando compartilha comigo suas experiências e vivencias em encontros costumeiros, o que não nos deixa desfazer os laços de amizade e convivência desde a época do mestrado.

Sou muito grato a todos estes personagens responsáveis pela minha trajetória. Quem dera todos os meus conhecidos e amigos pudessem ter a felicidade de encontrar ao longo da vida amorosos e dedicados mestres como encontrei. Por isso, relembro sempre nosso maior mestre da educação, Paulo Freire (1921-1997): "Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além.” E para isso, sempre contei com excepcionais mestres. Obrigado a todos eles.

5 comentários:

suzinha disse...

Bonita trajetória na sua educação! Orgulho de ser sua aluna.

Attico CHASSOT disse...

Muito querido colega e amigo Jairo!
Por circunstâncias explicáveis, que não expenderei aqui, só hoje vejo a tua história maravilhosa e fertil de aprendente, na qual me fizeste personagem com um destaque imerecido. Comovido agradecimento. Vou trazer o excerto para minha "fortuna crítica".
Eu que julgava conhecer-te bastante, soube surpresa. Não consigo te imaginar tricotando. Vi que estudaste no IPV, que ficava na rua Annes Dias e não na Salgado Filho.
Mais uma vez obrigado por trazer esse está linda história acerca de tua construção cidadã.
Attico chassot

Attico CHASSOT disse...

Muito querido colega e amigo Jairo!
Por circunstâncias explicáveis, que não expenderei aqui, só hoje vejo a tua história maravilhosa e fertil de aprendente, na qual me fizeste personagem com um destaque imerecido. Comovido agradecimento. Vou trazer o excerto para minha "fortuna crítica".
Eu que julgava conhecer-te bastante, soube surpresa. Não consigo te imaginar tricotando. Vi que estudaste no IPV, que ficava na rua Annes Dias e não na Salgado Filho.
Mais uma vez obrigado por trazer esse está linda história acerca de tua construção cidadã.
Attico chassot

Attico CHASSOT disse...

Muito querido colega e amigo Jairo!
Por circunstâncias explicáveis, que não expenderei aqui, só hoje vejo a tua história maravilhosa e fertil de aprendente, na qual me fizeste personagem com um destaque imerecido. Comovido agradecimento. Vou trazer o excerto para minha "fortuna crítica".
Eu que julgava conhecer-te bastante, soube surpresa. Não consigo te imaginar tricotando. Vi que estudaste no IPV, que ficava na rua Annes Dias e não na Salgado Filho.
Mais uma vez obrigado por trazer esse está linda história acerca de tua construção cidadã.
Attico chassot

Attico CHASSOT disse...

Muito querido colega e amigo Jairo!
Por circunstâncias explicáveis, que não expenderei aqui, só hoje vejo a tua história maravilhosa e fertil de aprendente, na qual me fizeste personagem com um destaque imerecido. Comovido agradecimento. Vou trazer o excerto para minha "fortuna crítica".
Eu que julgava conhecer-te bastante, soube surpresa. Não consigo te imaginar tricotando. Vi que estudaste no IPV, que ficava na rua Annes Dias e não na Salgado Filho.
Mais uma vez obrigado por trazer esse está linda história acerca de tua construção cidadã.
Attico chassot