A Semana Técnica 2015 trouxe um outro olhar sobre a Educação Técnica |
Alterar o tema da Semana dos cursos deste ano na nossa
Escola Factum foi uma sábia decisão da Direção de Ensino. Desde muito vínhamos
enfatizando as questões técnicas, sempre preocupados tão somente com a
capacitação técnica de nossos alunos. Havíamos relegado as questões
psicossociais aos nossos colegas da psicologia em suas aulas. E isso ocorreu em
todos os cursos, de maneira geral, fossem eles de enfermagem, segurança do
trabalho, estética, eventos, etc. Sempre nos preocupou neste evento agregar
conhecimentos suficientes aos alunos para justificar seus potenciais no mercado
de trabalho, adicionando-lhes um saber técnico cientifico capaz de proporcionar
suporte à prática da profissão.
A Palestra da Quarta, dia 07/10, foi com a consultora Elisete Pagano |
Mas este ano foi diferente. O que nos preocupava sobremaneira,
e que foi o mote da transversalidade a permear a abordagem dos protagonistas,
foram o comportamento e a postura pessoal. De longa data nota-se uma mudança
substancial nestes aspectos e a falta de cuidado com as relações interpessoais.
Elas tem sido responsáveis por grande dificuldade no trato das pessoas em todas
as direções. E estas interferências não só prejudicam as relações em sala de
aula, como também repercutem fora dela e, posteriormente, no mercado de
trabalho.
Portanto, o conteúdo desta Semana Técnica 2015
proporcionou momentos inesquecíveis de pensamento e reflexão a respeito do
assunto. E destes dias e do que aconteceu, quero destacar fundamentalmente dois
momentos. Um que ocorreu na quarta-feira, dia 07 de outubro, às 19 horas da noite,
sob a responsabilidade da Consultora Elisete Pagano; e um outro que aconteceu
na quinta-feira, dia 08, sob os auspícios do professor Reanulfo Pacheco. Para
rememorar um pouco destes conteúdos, que ambos trouxeram para discutir em suas
abordagens, faço a seguir uma pequena resenha.
Minha colega Elisete esteve presente na Semana Técnica 2015 |
O “Autogerenciamento Emocional: um diferencial para evoluir
na vida” foi uma grande reflexão a respeito das nossas reações e do quanto elas
estão eivadas de instinto animal. Engenheira química, Mestre em Educação, Especialista
em Psicologia Jungiana e Filosofia Clínica, minha colega de pós-graduação entre
2006 e 2008 na Unisinos, Elisete Pagano, foi incansável na defesa de se buscar
uma “racionalidade assertiva” como forma de vencer na vida, mas principalmente
uma forte obsessão para conseguirmos minimizar a nossa “animalidade”, cuja herança
humana é notória em todos nós.
Elisete salientou ainda que devemos “aprender a ser bons
negociadores, evitando o que ela resolveu denominar de “surtos emocionais”.
Para ela, os problemas não são na verdade problemas em si. Na verdade, o maior
problema é como as pessoas que precisam resolver o problema se relacionam entre
si. Enfatizou também o quanto somos “reativos” na solução de problemas, de
maneira geral. Facilmente somos “atiçados” por palavras, entonações e atitudes
alheias.
Elisete mostrou que podemos minimizar nossos instintos animais |
Com relação à emoção e à mente, diz ela que “os fatos em
si são neutros”, e que “é a mente que dá significado a eles”, pois “a mente lê
o presente com informações do passado”, e a “emoção está contida em memórias
passadas, como evocação de informações”.
Sendo assim, muitas de nossas reações estão carregadas de situações
ocorridas há muito tempo, e que rebrotam nestes momentos de conflito.
Ainda dentro da sua exposição, procurou ela diferenciar
a “mente emocional”, com suas verdades absolutas, e a “mente racional”, sempre
mais lenta do que a emocional, mas carregadas de ressignificações. Também falou
dos gatilhos do “colapso emocional”, que acaba sendo uma “resposta involuntária”
a uma situação de descontrole emocional.
Por fim, ressaltou que devemos trabalhar nossas emoções e
buscar sempre observar nosso comportamento e o comportamento do outro. Para ela,
todos deveríamos buscar “ir para o camarote”, uma metáfora de um espaço racional
e emocional em que é possível assumir outra perspectiva para manter a calma e o
autocontrole.
Foi sem dúvida uma grande noite, e que teve o
reconhecimento de todo o auditório quando da conclusão.
A palestra da Quinta, dia 08/10, foi com o prof. Reanulfo Pachecho |
Na noite de quinta-feira, foi a vez do colega, Advogado,
Biólogo, Auditor Trabalhista e Mestre em Gestão Ambiental, professor Reanulfo
Pacheco falar sobre “Direitos e Deveres do Profissional da Saúde”. Um momento
de grande enriquecimento do nosso saber, com as questões políticas, econômicas e
sociais que permeiam a realidade de cada um de nós.
A primeira parte da exposição do Pacheco, quis saber do
público que conhecimento possuía da realidade nacional em termos de legislação,
especificamente a nossa carta constitucional. Traçando comparativos entre Cuba
e Estados Unidos, indagou ele a qual destas nações mais nos assemelhava-nos
como estado organizado? Houveram respostas dúbias e alguns equívocos, coisa que
logo o mesmo tratou de sanar. Segundo ele, isso demonstra a grande necessidade
de termos inserido há mais de vinte anos na educação brasileira o conteúdo da
Lei Magna, nossa constituição, como foi aprovado recentemente pelo Congresso
Nacional.
Em seguida, tratou de esclarecer o quanto a nossa classe
política se faz representar pelas escolhas que fazemos a cada pleito eleitoral.
Disse que “engana-se quem acha” que estamos mal representados em Brasília. Para
ele, as falcatruas, desmandos e corrupção que lá se constatam, são fruto do
descaso que dedicamos ao interesse da coisa pública.
Mais adiante ainda, Pacheco fez algumas simulações relacionadas
às questões éticas das profissões, demonstrando que muitas vezes queremos os benefícios
e os direitos da lei, mas frequentemente não contribuímos e nem colaboramos com
a parcela que é da nossa responsabilidade. Exemplificou com uma pessoa que se
queixa de não ser convidada para festas, mas que ao receber o convite comparece
“de mãos vazias”. Para ele, ninguém assim merece ser convidado, já que
dificilmente comparece com a parte que deve, enquanto membro de uma comunidade.
Por fim, mostrou o quanto devemos estar impregnados de
deveres, não somente de direitos. E que para cada atividade profissional, há
regras a serem seguidas e obedecidas. Por isso, todas as profissões possuem
seus respectivos “códigos de ética ou de conduta”.
Ao despedir-se, saudou a todos e agradeceu os aplausos
efusivos pela acolhida e pelo interesse geral. Foi também uma grande noite.
Portanto, as duas noites desta Semana Técnica 2015,
demonstraram que realmente foi gratificante tratarmos destes aspectos. E
certamente, podemos retomar estas reflexões em outros momentos, tendo em vista
que os temas merecem mais aprofundamento e podem contribuir para modificar
nossa percepção daqui pra frente.
Um comentário:
Muito estimado colega Jairo,
neste pluvioso feriadão conheço no teu blogue acerca da Semana Acadêmica da Factum. Vibro com merecido destaque que dás a presença da Elisete. É confortante saber que meus dois (ex)orientandos: tu e a distinguida palestrante seguem em trajetórias brilhantes.
Parabéns a uma e outro com minha espraiada admiração.
attico chassot
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