09 outubro 2015

UM NOVO OLHAR SOBRE A EDUCAÇÃO TÉCNICA

A Semana Técnica 2015 trouxe um outro olhar sobre a Educação Técnica
Alterar o tema da Semana dos cursos deste ano na nossa Escola Factum foi uma sábia decisão da Direção de Ensino. Desde muito vínhamos enfatizando as questões técnicas, sempre preocupados tão somente com a capacitação técnica de nossos alunos. Havíamos relegado as questões psicossociais aos nossos colegas da psicologia em suas aulas. E isso ocorreu em todos os cursos, de maneira geral, fossem eles de enfermagem, segurança do trabalho, estética, eventos, etc. Sempre nos preocupou neste evento agregar conhecimentos suficientes aos alunos para justificar seus potenciais no mercado de trabalho, adicionando-lhes um saber técnico cientifico capaz de proporcionar suporte à prática da profissão.

A Palestra da Quarta, dia 07/10, foi com a consultora
Elisete Pagano
Mas este ano foi diferente. O que nos preocupava sobremaneira, e que foi o mote da transversalidade a permear a abordagem dos protagonistas, foram o comportamento e a postura pessoal. De longa data nota-se uma mudança substancial nestes aspectos e a falta de cuidado com as relações interpessoais. Elas tem sido responsáveis por grande dificuldade no trato das pessoas em todas as direções. E estas interferências não só prejudicam as relações em sala de aula, como também repercutem fora dela e, posteriormente, no mercado de trabalho.

Portanto, o conteúdo desta Semana Técnica 2015 proporcionou momentos inesquecíveis de pensamento e reflexão a respeito do assunto. E destes dias e do que aconteceu, quero destacar fundamentalmente dois momentos. Um que ocorreu na quarta-feira, dia 07 de outubro, às 19 horas da noite, sob a responsabilidade da Consultora Elisete Pagano; e um outro que aconteceu na quinta-feira, dia 08, sob os auspícios do professor Reanulfo Pacheco. Para rememorar um pouco destes conteúdos, que ambos trouxeram para discutir em suas abordagens, faço a seguir uma pequena resenha.

Minha colega Elisete esteve presente
na Semana Técnica 2015
 
O “Autogerenciamento Emocional: um diferencial para evoluir na vida” foi uma grande reflexão a respeito das nossas reações e do quanto elas estão eivadas de instinto animal. Engenheira química, Mestre em Educação, Especialista em Psicologia Jungiana e Filosofia Clínica, minha colega de pós-graduação entre 2006 e 2008 na Unisinos, Elisete Pagano, foi incansável na defesa de se buscar uma “racionalidade assertiva” como forma de vencer na vida, mas principalmente uma forte obsessão para conseguirmos minimizar a nossa “animalidade”, cuja herança humana é notória em todos nós.

Elisete salientou ainda que devemos “aprender a ser bons negociadores, evitando o que ela resolveu denominar de “surtos emocionais”. Para ela, os problemas não são na verdade problemas em si. Na verdade, o maior problema é como as pessoas que precisam resolver o problema se relacionam entre si. Enfatizou também o quanto somos “reativos” na solução de problemas, de maneira geral. Facilmente somos “atiçados” por palavras, entonações e atitudes alheias.

Elisete mostrou que podemos minimizar nossos
instintos animais
Com relação à emoção e à mente, diz ela que “os fatos em si são neutros”, e que “é a mente que dá significado a eles”, pois “a mente lê o presente com informações do passado”, e a “emoção está contida em memórias passadas, como evocação de informações”.  Sendo assim, muitas de nossas reações estão carregadas de situações ocorridas há muito tempo, e que rebrotam nestes momentos de conflito.   

Ainda dentro da sua exposição, procurou ela diferenciar a “mente emocional”, com suas verdades absolutas, e a “mente racional”, sempre mais lenta do que a emocional, mas carregadas de ressignificações. Também falou dos gatilhos do “colapso emocional”, que acaba sendo uma “resposta involuntária” a uma situação de descontrole emocional.

Por fim, ressaltou que devemos trabalhar nossas emoções e buscar sempre observar nosso comportamento e o comportamento do outro. Para ela, todos deveríamos buscar “ir para o camarote”, uma metáfora de um espaço racional e emocional em que é possível assumir outra perspectiva para manter a calma e o autocontrole.

Foi sem dúvida uma grande noite, e que teve o reconhecimento de todo o auditório quando da conclusão.
A palestra da Quinta, dia 08/10, foi com o
prof. Reanulfo Pachecho 

Na noite de quinta-feira, foi a vez do colega, Advogado, Biólogo, Auditor Trabalhista e Mestre em Gestão Ambiental, professor Reanulfo Pacheco falar sobre “Direitos e Deveres do Profissional da Saúde”. Um momento de grande enriquecimento do nosso saber, com as questões políticas, econômicas e sociais que permeiam a realidade de cada um de nós.    

A primeira parte da exposição do Pacheco, quis saber do público que conhecimento possuía da realidade nacional em termos de legislação, especificamente a nossa carta constitucional. Traçando comparativos entre Cuba e Estados Unidos, indagou ele a qual destas nações mais nos assemelhava-nos como estado organizado? Houveram respostas dúbias e alguns equívocos, coisa que logo o mesmo tratou de sanar. Segundo ele, isso demonstra a grande necessidade de termos inserido há mais de vinte anos na educação brasileira o conteúdo da Lei Magna, nossa constituição, como foi aprovado recentemente pelo Congresso Nacional.

Em seguida, tratou de esclarecer o quanto a nossa classe política se faz representar pelas escolhas que fazemos a cada pleito eleitoral. Disse que “engana-se quem acha” que estamos mal representados em Brasília. Para ele, as falcatruas, desmandos e corrupção que lá se constatam, são fruto do descaso que dedicamos ao interesse da coisa pública.

Pacheco ressaltou que além dos direitos, todos nós
temos deveres na sociedade
Mais adiante ainda, Pacheco fez algumas simulações relacionadas às questões éticas das profissões, demonstrando que muitas vezes queremos os benefícios e os direitos da lei, mas frequentemente não contribuímos e nem colaboramos com a parcela que é da nossa responsabilidade. Exemplificou com uma pessoa que se queixa de não ser convidada para festas, mas que ao receber o convite comparece “de mãos vazias”. Para ele, ninguém assim merece ser convidado, já que dificilmente comparece com a parte que deve, enquanto membro de uma comunidade.

Por fim, mostrou o quanto devemos estar impregnados de deveres, não somente de direitos. E que para cada atividade profissional, há regras a serem seguidas e obedecidas. Por isso, todas as profissões possuem seus respectivos “códigos de ética ou de conduta”.

Ao despedir-se, saudou a todos e agradeceu os aplausos efusivos pela acolhida e pelo interesse geral. Foi também uma grande noite.


Portanto, as duas noites desta Semana Técnica 2015, demonstraram que realmente foi gratificante tratarmos destes aspectos. E certamente, podemos retomar estas reflexões em outros momentos, tendo em vista que os temas merecem mais aprofundamento e podem contribuir para modificar nossa percepção daqui pra frente. 

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Muito estimado colega Jairo,
neste pluvioso feriadão conheço no teu blogue acerca da Semana Acadêmica da Factum. Vibro com merecido destaque que dás a presença da Elisete. É confortante saber que meus dois (ex)orientandos: tu e a distinguida palestrante seguem em trajetórias brilhantes.
Parabéns a uma e outro com minha espraiada admiração.
attico chassot