Desde que inaugurei este
espaço de comunicação há mais de oito anos, sempre procuro tecer comentários
sobre temas de interesse geral. Por vezes há assuntos deveras relevantes,
alegres e curiosos. E a eles dedico preciosas horas semanalmente para informar
meus leitores nestes anos todos.
A disputa que polarizou a semana da capital pela ineficácia das autoridades |
Muito relutei esta semana em
voltar a falar do transporte público da capital e dos últimos acontecimentos.
Mas não poderia me furtar diante dos fatos ocorridos.
Na semana passada eu falava
aqui do monopólio do serviço público de transporte, que no caso de Porto Alegre,
como na maioria das capitais brasileiras, é uma concessão. E que por ser
concessão necessita ser regulamentado e fiscalizado. Claro que concordo que não
se deve abrir para qualquer um oferecer este tipo de serviço. Seria uma
temeridade e colocaríamos em risco nossas vidas. E do jeito que agiam os
responsáveis pela concessão, como o prefeito da cidade e o presidente da EPTC,
só poderia dar no que deu. Era uma tragédia anunciada. Precisou algumas horas
para que uma horda de covardes travestidos de taxistas atacasse um pobre
sujeito que, depois de cinco anos desempregado numa cidade de poucas
oportunidades, buscava uma alternativa para pagar as contas da família.
Algumas calçadas e ruas do centro de Porto Alegre demonstram a ineficácia do serviço público |
A administração da prefeitura
municipal da capital gaúcha está muito aquém dos bons exemplos de prefeituras
do interior gaúcho, onde algumas esbanjam princípios de gestão comparados a
lugares do continente europeu. Prá que saibam os meus leitores, vou só
exemplificar com dois municípios aqui próximos, Farroupilha e Carlos Barbosa.
Antes que eu relate o que por lá acontece, convido-os a fazer uma visita a
estes dois polos de progresso e desenvolvimento. Não vou traçar comparativos
com a quantidade populacional, pois sempre há a desculpa que por aqui não se
pode fazer muita coisa porque é muita gente. Mas são cidades muito bem
administradas, onde a distribuição da riqueza é extremamente equilibrada,
sem contar o capricho das ruas ajardinadas, asfaltadas e monumentos bem
cuidados.
Agora, experimente passear
por qualquer ruela da capital gaúcha? Ruas sujas, pontos de ônibus caindo aos
pedaços, calçadas e meios fios quebrados, obras inacabadas por toda parte,
praças abandonadas e mal conservadas e muito mais. No centro de Porto Alegre
não há um ponto onde se possa aguçar a visão para algo do “belo”, do “novo”, do
“bem arrumado”, do “capricho” imposto pelo serviço dos agentes públicos.
As “Obras da Copa” ainda
estão por aí: a interminável obra da entrada de Porto Alegre, ali na avenida
Ceará; o corredor da Protásio Alves, com aqueles funcionários da empreiteira
costumeiramente dormindo encostados naqueles contêineres metálicos e que, em
dia de chuva, desaparecem como ratos no esgoto; aquele corredor da avenida João
Pessoa, que depois de quase finalizado foi outra vez quebrado e complicou mais
uma vez o trânsito na frente da Redenção. Sem contar ainda a recuperação do Mercado Público Municipal pós incêndio, que se arrasta a alguns meses. Bom, vamos ficar por aqui, pois muito
ainda se poderia desenterrar dos desleixos públicos municipais.
A já lendária obra de acesso a Porto Alegre, próxima ao aeroporto. |
E quando o prefeito é
chamado a falar sobre a real situação da capital, sobram argumentos sobre a
necessidade de uma “discussão democrática”, de “ouvir a opinião pública”, de
“submeter à população”. Também não discordo dessa postura, mas tem algumas
coisas que necessitam de agilidade, de atitude. Dia desses escutei um ouvinte exaltado
numa emissora local, depois de ouvir o prefeito argumentar que a questão do
Uber deveria ser levada a um profundo debate: “É, senhor prefeito! E de debate
em debate, de estudo em estudo, vamos empurrando tudo com a barriga!” Parece
realmente que a rapidez e a celeridade na solução das questões públicas não é o
forte do nosso mandatário.
Agora, vejamos a atuação da
empresa que regula o transporte e a circulação de veículos na capital; nossa
tão conhecida EPTC. Equipes de fiscais que se investem de autoridade para
realizar um trabalho que até mesmo o jardineiro lá do meu condomínio teria
capacidade de executar. Não que o nosso jardineiro seja incompetente, mas que o
conhecimento que ele detém já seria suficiente para assumir a atividade que
estes agentes realizam. Basta ficar parado num semáforo da capital, para observar
o desrespeito dos motoristas ao avançar um sinal fechado, ao atravessar incólume
uma faixa de pedestres, ao desrespeitar as conversões das vias. E onde estão os
fiscais da EPTC? Muitas vezes atrás de árvores e postes de avenidas tentando
surpreender motoristas no afã da mera arrecadação tributária para os cofres
públicos. Assim como eu, quem como motorista da capital não foi surpreendido em
casa com uma autuação sem saber o real motivo e ter a certeza do local
indicado no boleto da autuação? No ano passado fui surpreendido com duas multas da EPTC em casa, uma infração teria ocorrido na avenida Severo
Dullius, ali perto do aeroporto, estacionado em local indevido, e outra por
porte de telefone móvel ao dirigir, na avenida Ipiranga, sem ter qualquer chance de defesa.
Agentes da EPTC na autuação dos motoristas da capital |
Mas ligando para o órgão de
transporte e circulação, me informaram que deveria fazer um recurso e enviar,
coisa que fiz. Até hoje sequer obtive resposta do recurso. Tenho
quase certeza de que estes formulários todos, ao final do ano, acendem a
churrasqueira das comemorações natalinas dos funcionários da EPTC.
Portanto, meus amigos,
estamos longe de contar com uma administração que realmente seja eficiente no
atendimento aos anseios da população porto-alegrense. É muito mais de mídia de
um prefeito que considero honesto e cordial, mas deveras pachorrento nas
tomadas de decisão, o que pode ser constatado nas condições em que se encontra
nossa capital. De outro lado, um diretor-presidente de empresa pública de
transporte investido de grande pose e autoridade, na condução de uma equipe
incompetente, despreparada e sem rumo. Basta ver a atitude tomada por ambos no
caso do Uber, e que redundou nos fatos lamentáveis desta semana.
2 comentários:
O transporte de passageiros é uma máfia! As empresas e ou órgãos por trás dos veículos são bancos, rola muita grana! E cadê os investimentos?? Seja do que o passageiro paga, seja dos impostos "pagos" ??
Por que o metrô ainda não saiu?
Por que essa represália contra o umber?
Pouca vergonha!!
E os sindicatos das classes?? Apóiam os governantes e empresários??
E quem defende o direito do povo de escolher? De ter a decência de ir e vir em segurança.
EPTC, que até hoje não mostrou a que veio!! A não ser atrapalhar o trânsito!!
Também tenho vergonha dessa máfia, professor Jairo Brasil!!
Salve, Jairo!
Bem posta as críticas à vil agressão ao motorista do Uber. Repetimos os luditas, no início da revolução industrial. Quebrava-se as máquinas pois estás tinham mais força que os humanos.
Adiro também tuas críticas às calçadas de Porto Alegre. Credito a elas um joelho molestado.
Um adeus a novembro. Que venha dezembro e depois as esperadas féria
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