Já ouviu falar em
“monopólio”? E em “cartel”? Já ouviu
também?
Táxis nas filas da Rodoviária |
Pois vamos dar uma
bisbilhotada nos buscadores da internet, principalmente naqueles que trazem
conceitos relacionados à economia, prá ver o que isso significa?
Diz um deles que “monopólio”
é o privilégio que possui uma pessoa, uma empresa ou um governo de fabricar ou
vender certas coisas, de explorar determinados serviços, de ocupar certos
cargos. Também tem por significado o comércio abusivo que consiste em um
individuo ou grupo tornar-se único possuidor de determinado produto para, na
falta de competidores, poder vende-lo por preço exorbitante.
Ah, e “cartel”? Pois bem, esse
é conceituado por outro buscador como um acordo explícito ou implícito entre
concorrentes para, principalmente, fixação de preços ou cotas de produção, divisão
de clientes e de mercados de atuação ou, por meio da ação coordenada entre os
participantes, eliminar a concorrência e aumentar os preços dos produtos,
obtendo maiores lucros.
Ou seja, toda vez que há monopólio
ou cartel, só há um prejudicado, o “consumidor”.
UBER: um novo serviço vem concorrer com os táxis |
Pois esta semana fiquei
analisando a questão do novo serviço de táxi que estreou na capital gaúcha. Eu
já havia atentado para os protestos ocorridos na capital paulista e na cidade
maravilhosa, onde aconteceu até quebra-quebra.
Mas uma coisa me chamou a atenção
inicialmente; a capital federal, onde o serviço já concorre com o serviço de
táxi há um bom tempo. Pois constatam os habitantes candangos que a chegada do “UBER”
em Brasília só trouxe benefícios ao transporte de passageiros. Os taxistas que monopolizavam
o transporte, tiveram que se reciclar, buscando concorrer de igual para igual
com a novidade. Muitos profissionais foram em busca de cursos de atendimento e
de novos idiomas. Veículos que antes “fediam” a bitucas de cigarro, ar
condicionado com defeito, assentos depauperados e rasgados, portas e para-lamas
amassados, tudo se renovou. Até a gentileza de abrir a porta para o passageiro,
tanto na apanha quanto na descarga, hoje se tornou uma realidade. Ou seja, é o
fator da concorrência.
Querem um exemplo da década
de 1990? Foi lá no governo Collor.
Não que eu tenha alguma afeição
àquele período, porque poucas lembranças boas dele se conservam. Mas de uma
coisa não podemos nos queixar. Foi no governo Collor que o “monopólio” das
montadoras de automóveis foi quebrado. Aqui só se fabricava Volks, Chevrolet e
Ford. Uma coisa impressionante. De um ano para outro os veículos só modificavam
uma sinaleira traseira ou um detalhezinho no para-choque; e já se transformava
em novo modelo, inclusive com aumento de preço.
Apolo e Verona, fabricados em parceria |
Era uma festa. E foi assim
durante décadas. Houve inclusive um período em que se juntaram Ford e Volks prá
fabricar em conjunto, vê se pode? Dali saíram o Apolo e o Verona, dois veículos
em que um entrava com o chassi e motor e outro com a carroceria. Uma vergonha
permitida pelos governos da época. Mas eis que o presidente Collor desbancou
tudo isso, e trouxe as montadoras estrangeiras, iniciando pela italiana Fiat e
pela russa Lada, esta última inclusive não sobreviveu pela incompetência do
país que na época se aprimorava no socialismo.
Pois bem, agora Porto
Alegre demonstra que ninguém aprendeu que a falta de concorrência significa “monopólio”
e “cartel”. Nesta quinta-feira, quando o serviço estreou, um repórter de
emissora da capital experimentou o serviço e o preço. Apanhou um veículo da
nova operadora, desde o Shopping Praia de Belas até o Mercado Público, e pagou
R$ 15,00. Fez o trajeto inverso num táxi comum, e teve a surpresa de R$21,00.
Foram R$ 6,00 a mais. Sem contar que o novo transporte possuía carro limpo, com
jornal do dia, bombom e wi-fi, e o motorista desceu na saída e na chegada para abrir a
porta.
O novo serviço alia preço, conforto e gentileza |
O novo serviço que entra na
cidade, está sob ameaça, com o apoio inclusive da EPTC, cujo presidente
prometeu recolher qualquer veículo do novo transporte que circulasse na cidade.
Não sou contra a regulamentação, pois creio necessária. E também que haja fiscalização
e cobrança de impostos na mesma medida. Mas, continuar com este péssimo serviço
de táxi porto-alegrense, com motoristas fumantes, carros sujos e mal conservados
e preço combinado? Claro que há exceções, não se pode generalizar. Mas, cá prá nós... Tá na hora de “quebrar o monopólio” por
aqui, tal como ocorreu com a indústria automobilística na década de noventa. Já
pensou se ainda estivéssemos na mão daquelas três montadoras?
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