16 janeiro 2016

WENDELL LIRA, UM ESTRANHO NO NINHO

Cortella: "Uma vida simples não é uma vida de carências!" 
Ninguém é capaz de refutar uma grande verdade do mundo atual: vivemos um tempo da idolatria do mercado de consumo. Somos uma maioria que vive a escravidão de suas posses, postura que muitas vezes restringe nossa liberdade. Neste caso, gosto de uma reflexão do filósofo paranaense Mário Sergio Cortella. Para ele, há necessidade de retomarmos a simplicidade da vida, a frugalidade de nossa existência. E uma vida simples não é uma vida de carências, não é uma vida simplória. Uma vida simples é aquela que a gente tem “suficiência”.

O prêmio Puskas premia o "Gol mais Bonito do Ano"
Pois esta semana um momento que, para mim, demonstrou do que  a simplicidade é capaz. O jovem desconhecido Wendell Lira esteve entre as figuras mais destacadas do futebol mundial, concorrendo ao Premio “Puskas” da FIFA, que elege o “gol mais bonito” do ano. Era ele uma espécie de “Um Estranho no Ninho”, parodiando o clássico do cinema de Milos Forman, do ano de 1975, estrelado por Jack Nicholson. O incógnito Wendell concorria com estrelas consagradas do mundo do esporte como, nada mais nada menos, que Leonel Messi.

E dentro de sua simplicidade, convidado como concorrente ao premio Puskas, se fez presente em Zurique, na Suíça, para participar do evento, mesmo sabendo da ínfima possibilidade de se consagrar entre os famosos. Pois Wendell Lira teve seu dia de fama nesta 11 de janeiro. O gol marcado quando envergava a camisa do modesto Goianésia correu mundo.

Pela primeira vez um jogador praticamente desconhecido recebe o prêmio Puskas

Foi certamente um momento ímpar na vida do jogador. Imaginar isso meses atrás, seria quase impossível. Todavia, a mim impressionou a humildade do atleta ao receber o premio naquele ambiente sofisticado. Suas palavras de agradecimento foram emocionantes, com recado simples e direto a todos os figurões desse esporte, que rende bilhões em contratos para um grupo seleto.

Referindo-se ao tamanho do feito, e diante de gigantes do mundo do futebol, Wendell destacou uma passagem conhecida do Antigo Testamento. Referiu-se à passagem de Davi e Golias, quando o povo amedrontado dizia a Davi: “Ele é muito forte! Não tem como ganhar dele!” Ao que Davi revidou mirando o gigante Golias: “Ele é muito grande! Não tem como errar!”  Wendell disse que é assim que devemos lidar com nossos problemas diários, certamente numa alusão à sua "pequenez" diante de tantos ícones do futebol mundial ali presentes.

O Gol que consagrou Wendell Lira correu o mundo.
Pois esta é uma lição que serve para muitos de nós, que em determinadas oportunidades desistimos de nossos desafios por covardia, por puro comodismo. Não queremos abandonar nossa chamada “zona de conforto”. Conheço algumas pessoas com estas características, mas confesso minha preferência de estar na companhia daquelas que buscam o novo, que constantemente se desafiam. 

E a vitória de Wendell Lira foi capaz de nos mostrar a importância de não desistir de um sonho, e de que tudo que nos é dado a fazer, pode e deve ser bem feito. Certamente, quando Wendell, de forma malabarística, encheu a rede adversária com aquela pintura de gol, nem de longe imaginava o resultado que dali adviria. Uma consagração inesperada por um trabalho de alta qualidade no mundo do futebol.
  

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Muito querido colega e amigo Jairo,
meu comentário no teu blogue se tece numa admirável coincidência. Quando celebras o Wendel Lira, como o estranho no ninho que recebeu o cobiçado prêmio Puskas, eu adito meu comentário semanal desde o país natal de Ferenc Puskás (1927-2006). Talvez, tenha sido na Copa do Mundo de 1954, que a Hungria entrou fortemente em minha história. Então, este país tinha o time de futebol mais temido do mundo, chamado pela imprensa ‘os magiares maravilhosos’ e seu capitão, Puskás tinha o apelido de ‘o major galopante’ pois, Puskás e outros jogadores, pertenciam ao Exército Nacional.
Na linda Budapeste na noite de quarta-feira, uma das atrações que vi, antes de chegar ao hotel, foi a Arena recém inaugurada que leva o nome de um dos maiores ídolos da história do futebol: Ferenc Puskás.
À justa homenagem que fazes ao Wendel Lira, permito-me aditar uma exaltação a Ferenc Puskás, que muitas vezes os brasileiros amaldiçoaram, pois foi um algoz de nossos sonhos futebolísticos.
Desde Budapeste, cumprimento pela blogada,