Bill Gates, o milionário dono da Microsoft |
Para nós que trabalhamos
com tecnologia da informação, cada vez mais nos tornamos completamente
dependentes destas ferramentas. Algumas décadas atrás acharíamos um absurdo se
alguém dissesse que no futuro cada pessoa teria seu computador pessoal. Foi o
que disseram para Bill Gates quando levou ao pessoal da IBM, onde trabalhava, o
projeto de um pequeno computador para uso individual. Duvidaram do seu projeto.
Os executivos da IBM também tinham a certeza de que computador era coisa para
uso empresarial. Criam eles que a população não teria interesse algum em fazer
uso doméstico de computadores. Imaginem só a realidade atual. Pois Bill
acreditava cegamente em seu projeto, abandonou a IBM e resolveu seguir carreira
solo. Se aposentou precocemente com uma das maiores fortunas que se tem notícia.
Mas e a nós pobres mortais,
envolvidos cada vez mais com estas pequenas máquinas? O que restou?
Eram mais ou menos assim os escritórios da década de 70 |
Para mim, que já fui
trabalhador sem fazer uso do computador, isso lá pelos idos dos anos 70, sei o
valor que este objeto possui. Lembro bem daqueles “trambolhos” que infernizavam
nossos espaços em qualquer sala de escritório. O arquivamento de documentos era
uma rotina que proporcionava e ainda proporciona grande trabalho para as
empresas. Mas hoje em menor grau e reduzida quantidade. Graças ao computador. Aos
poucos pude testemunhar uma grande racionalização em todas as atividades corporativas.
Praticamente, nas ultimas duas décadas tudo se transformou.
A máquina que revolucionou o mundo nos últimos anos |
Agora, eu nem de longe imaginava
que esse invento fosse capaz de transformar significativamente também as nossas
casas. Iniciemos pelo material de aula, que sustenta minha atuação docente há
mais de dez anos. Guardo inúmeras apresentações em pastas devidamente separadas
dentro do meu Note. Uma delas, e que hoje está bastante carregada, tem o nome
de “Escolas Técnicas”. Nem sei o tamanho do arquivo de aço que teria de ter
casa para acomodar este conteúdo todo. Aulas, palestras, notas de alunos, fotos
de atividades e eventos, visitas técnicas, homenagens, parcerias, e muito mais.
É uma memória virtual, eu sei. Por isso, vez por outra tenho de fazer o que os
especialistas chamam de “back-up”, evitando que uma pane me deixe órfão de
minhas memórias. Mas imaginem se tivesse que guardar tudo isso em armários e
gavetas dentro de casa.
Também tenho minúcias que
guardo numa pasta chamada “Particular”, onde carinhosamente estão acomodados meus
momentos de convívio familiar, de viagens de férias, de confraternização e de
homenagens. Por vezes fico a imaginar quantos álbuns, daqueles de fotografia
antigos, seriam necessários para guardar tudo isso. Mais espaço economizado
dentro da nossa casa.
Esta semana, mais uma vez, fui surpreendido pelos sobressaltos da tecnologia |
Por fim, meus trabalhos de
consultor tomariam enorme espaço não fosse a dinâmica do computador pessoal,
guardando orçamentos, relatórios, cópias de notas fiscais emitidas e outros
tantos documentos.
É realmente um outro mundo,
mas que também traz um risco enorme, e por vezes inevitável. De um dia para o
outro podemos estar alijados de tudo isso, com poucas possibilidades de recuperação.
E sou prova disso! Por duas vezes estive à beira de um ataque de nervos, quando
me vi atordoado sem saber o que fazer para recuperar arquivos deletados. E toda
vez que isso acontecia, eu me penitenciava com a promessa de que dali pra
frente faria o tão aconselhado “back-up” com mais freqüência.
Para Bauman, vivemos num mundo de relações totalmente frágeis, que ele chama de "Modernidade Líquida" |
Pois esta semana, mais uma
vez fui acometido de um “apagão” nos arquivos do meu computador. Novamente meu patrimônio
memorial foi solapado pela tecnologia. Encaminhei meu notebook à assistência técnica
para trocar a tela que havia quebrado numa queda que sofri recentemente. E,
aproveitando a oportunidade, solicitei que fosse reinstalado todos os
programas, mas com a preservação dos meus arquivos pessoais. Pois hoje recebo
minha máquina e constato com muita amargura que inúmeros arquivos tomaram “chá
de sumiço”. Um deles trazia todas as minhas aulas e palestras que utilizo como
professor, outro era aquela pasta com fotos pessoais e de família, onde estava a
memória dos últimos anos; e ainda, um arquivo contendo um livro que pretendia publicar
ainda este ano, com cerca de trezentas páginas, já em fase final de redação.
Já contatei a assistência
técnica que me prometeu analisar o caso na segunda. Ficou a promessa. Mas até a
semana que vem, fica a angústia e a incerteza de que novamente posso ser vítima
da tecnologia da informação, que veio para nos trazer inúmeras facilidades, mas
que também é de extrema “liquidez”, como teoriza corretamente o polonês Zygmunt
Bauman em sua "Modernidade Líquida".
Um comentário:
Jairo,
meu amigo,obrigado por trazeres um vez mais reflexões inspiradas em Baú man
Attico chassot
Mestrechassot.blogspot.com
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