06 fevereiro 2016

ACABOU O AMOR, PORTO ALEGRE...

Um tornado de proporções razoáveis atingiu a capital esta semana
Quem mora na capital gaucha tão cedo não esquecerá o ocorrido na última sexta-feira de janeiro deste 2016. Um tornado de proporções razoáveis, porque nem mesmo as autoridades ou os gurus da previsão do tempo sabem dizer o que era, assolou uma boa parte da cidade. Ventos de mais de cem quilômetros por hora quebraram galhos e arrancaram árvores com raízes por toda parte. Uma população assustada testemunhou um verdadeiro “filme de horror” naquela noite. Ao mesmo tempo, uma sequencia de descargas atmosféricas iluminou por mais de meia hora a noite porto-alegrense.

Moradora surpreendida com a quantidade de árvores tombadas
no Parque Farroupilha
Foi um final de semana de muitos transtornos, com falta de energia elétrica e água potável em muitas residências. E para alguns, a ausência destes recursos fundamentais adentrou a semana inteira. O prefeito em férias num cruzeiro pelo Pacífico não pôde retornar para trazer sua solidariedade e de abraçar ao vice na tarefa de recobrar a normalidade da capital.

Mas, nem bem as primeiras ações surtiram efeito para trazer a cidade à normalidade, e uma chuva de grande intensidade intensificou o mal estar que já fazia de Porto Alegre um caos. Na quinta-feira pela manhã, um “toró” de mais de 100 milímetros inundou as principais artérias da cidade. Houve inundação em vários pontos, fazendo do trânsito um verdadeiro “nó cego” que os “azuizinhos” da EPTC não conseguiam desalinhavar.

Avenida Goethe alagou próximo ao Parcão, depois da
chuva desta quinta-feira
E como sempre, as autoridades públicas municipais justificam as inundações pela falta de funcionamento das bombas de recalque, instaladas estrategicamente em pontos de alagamento. Segundo eles, a falta de energia paralisa o sistema e provoca inundação. Mas, um técnico entrevistado esta semana destacou que o sistema instalado na capital é retrógrado, e que já existe alternativa emergencial tendo o óleo diesel como combustível. Fica a pergunta: “Por que isso ainda não está instalado aqui?”

Não bastasse a insegurança que assola a capital, tanto pela falta de policiamento quanto de recursos públicos para contratação de agentes, os efeitos catastróficos da ação da natureza castigaram a combalida capital do gaúcho, fazendo da população uma massa apavorada por muitos motivos.    

Renato Vieira: "Acabou o amor, Porto Alegre"
Mas uma coisa que me chamou a atenção nesta “celeuma” toda que se apossou da cidade esta semana, foi o texto que li de autoria de um blogueiro como eu, morador da capital, identificado como Renato Vieira. Diz ser publicitário e professor e escreveu um desabafo a que chamou de “Acabou o amor, Porto Alegre”. Achei muito interessante, até porque meus pensamentos também transitaram por aí diante das cenas esta semana observadas. Trago agora prá deleite dos leitores que não tiveram oportunidade de ler. Diz ele:

Essa era pra ser mais uma carta de histórias de amor por ti Porto Alegre. Daquelas que cansei de contar para quem não te conhecia. Infelizmente não é.
Há 13 anos me mudei do interior para viver contigo e sempre fui feliz. Tu era aquela cidade que eu gostava de viver. Todas as facilidades de uma cidade grande com ar e hábitos de um cidade pequena. Fiz minha vida aqui e poderia chamar de nossos filhos todas aquelas coisas que tenho e amo nessa cidade: amigos, trabalho, parques, bares, restaurantes, museus.
Nem sei se tu lembra, mas nesse tempo tivemos duas brigas feias. Uma delas quando fui assaltado saindo de carro, em frente a minha casa. Outra quando tentaram me assaltar a mão armada quando caminhava na rua.
Mas eu era um cara apaixonado e pensei que a culpa era minha. Fui eu o descuidado, dei azar, foi o destino, sei lá.
Pois é Porto Alegre, mas esses descasos foram acabando com o amor. Todo dia algum conhecido próximo tinha uma briga dessas contigo. Notícias e mais notícias que foram minando nosso amor. E tu não fez nada pra mudar isso.
Absolutamente nada.
E como tudo tem uma gota d'agua, saio pela manhã pra passear com meu cachorro, num feriado, e encontro carros de polícia, perícia, jornalistas, um carro roubado com 6 tiros no para-brisa e uma pessoa morta dentro. Tu acha isso normal, Porto Alegre?
Pior, no dia seguinte, fico sabendo que outro carro foi roubado em frente ao meu apartamento em pleno horário de meio-dia. Sim, ali naquele lugar que entro e saio pelo menos 4x ao dia. Tu acha isso normal, Porto Alegre?
Eu não acho.
Hoje, não mais cego pela paixão, vejo que ter sido o alvo apenas 2 vezes em 13 anos foi pura sorte e decidi que não quero viver nessa roleta-russa. Não quero não poder caminhar pela rua, não quero ter que ficar na parada de torcendo para o ônibus chegar antes do motoqueiro armado, não quero mais ter que cuidar se alguém está na calçada ou em um carro atrás toda vez que entro na garagem.
Eu faço minha parte e tento levar a vida normal como se essas coisas não existissem. E tu? Não podia ter tomado uma atitude pra não deixar nossa relação chegar nesse ponto?

A capital dos gaúchos pede socorro
Sinceramente não vejo muito futuro nessa relação entre a gente.
Gostaria do fundo do meu coração que as coisas mudassem e que o amor que eu tinha por ti voltasse. Tenho esperança. Por isso digo que essa carta ainda não é o final da nossa relação. Aqui, Porto Alegre, está grande parte do que construi na minha vida e em consideração a tudo não vou te abandonar assim mas vou seguindo aquela rotina morna e cada vez mais sem amor.
Vamos levando nossa relação assim mas sempre puder vou sair de casas pra não te encontrar. Sair de casa pra conhecer novos lugares. Quem sabe num desses encontros da vida, não encontro um grande amor que um dia tive por ti Porto Alegre.

2 comentários:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
estava ausente do país, no fatídico 29 de janeiro para os porto-alegrense. Recebi solidariedade de muitas pessoas querendo saber notícias de meus jardins suspensos. Afortunadamente a Morada dos Afagos passou invicta. Oito dias após as calçadas do quarteirão onde moro ainda tem interdições. Ouvi neste sábado que a prefeitura já recolheu 4 mil toneladas de galhos e assemelhados.
Agradeço o teu texto, com boas informações para que estava ausente.
attico chassot
Www.professorchassot.pro.br
Mestrechassot.blogspot.com

Attico CHASSOT disse...

REPITO COMENTÁRIO POSTADO HÁ UMA SEMANA:
Meu caro Jairo,
estava ausente do país, no fatídico 29 de janeiro para os porto-alegrense. Recebi solidariedade de muitas pessoas querendo saber notícias de meus jardins suspensos. Afortunadamente a Morada dos Afagos passou invicta. Oito dias após as calçadas do quarteirão onde moro ainda tem interdições. Ouvi neste sábado que a prefeitura já recolheu 4 mil toneladas de galhos e assemelhados.
Agradeço o teu texto, com boas informações para quem estava ausente.
attico chassot
Www.professorchassot.pro.br