Página do Instituto Sanmartin na internet |
A sua página de apresentação na internet diz assim: “uma
entidade sem fins lucrativos que tem por objetivo auxiliar as pessoas mais
carentes da nossa sociedade. A instituição atua na cidade de Porto Alegre, nos
bairros Restinga e Tristeza, através de lojas chamadas brechós Solidários”.
Este é o Instituto
Sanmartin, fundado em dezembro de 2002 por
Iara Zinn, depois do falecimento de seu filho Sanmartin Zinn Rodrigues num
acidente de transito. A criação do instituto veio para amenizar a perda do adolescente
e se transformou em solidariedade.
Prateleiras vazias, resultado do
último arrombamento
último arrombamento
Mas a partir desta semana que vem pode-se dizer que esse “era
o Instituto
Sanmartin”, pois ele acaba de fechar as
portas, vítima da insegurança instalada na capital. Desde a sua criação em
2002, o instituto já havia distribuído mais de duzentas e setenta toneladas de
alimentos para as entidades conveniadas da região, essencialmente nos bairros
Restinga e Tristeza.
A manchete do periódico Diário Gaúcho desta semana
retrata bem o ocorrido “A
Violência venceu a Solidariedade”.
Foram nove arrombamentos no período de um ano. Segundo a fundadora Iara Zinn, o
penúltimo foi três dias antes da entrega dos kits de Natal que a instituição havia
montado para 80 famílias da região que seriam beneficiadas. Iara desabafou: “Nem
isso respeitaram!”
Voluntárias preparam roupas do brechó troca por alimentos |
Na última quarta-feira outro arrombamento decidiu o
futuro do instituto: fechar as portas definitivamente. Foram levados aparelhos eletrodomésticos,
ventilador, teclado musical, roupas que eram vendidas no brechó ou trocadas por
outras doações e ainda alimentos, como arroz, feijão, farinha e açúcar que
estavam estocados.
Mais uma vez a sociedade observa incólume o avanço
da violência, até mesmo com entidades sem qualquer fim lucrativo. Poderia aqui
fazer inúmeras reflexões sobre a origem destes atos: a educação, a família
desestruturada, o potencial das drogas, etc, etc.
Mas, honestamente, é extremamente difícil estabelecer
as verdadeiras causas desse comportamento. Pois sabe-se que, isso vem de um
conjunto de componentes que vai determinar a personalidade de cada indivíduo,
suas influencias e convivências ao longo da existência. Certamente, a educação quando
não consegue sensibilizar desde a tenra idade, cria indivíduos que beiram a “animalidade”,
a “bestialidade”. E pessoas com estas características sequer sabem o que é convívio
social; muito menos o que é solidariedade. O que lhes importa é o “aqui e o
agora”, saciar seus anseios e desejos prementes, independente do impacto que
isso possa causar na vida de outrem.
Iara Zinn, Diretora da ONG: "Não há mais condições de continuar". |
Pois bem, tudo vai desaguar, como vimos, na educação.
E a educação deve ter início na família, bem
estruturada, de convivência harmônica, sem violência, e onde deve imperar o
respeito mútuo. Sem essa construção inicial, aquela que determina os valores e
limites, as crianças estão previsivelmente aptas a iniciar uma vida delituosa e
sem controle.
Numa segunda etapa vem a construção do conhecimento
na Escola. Uma escola capaz de causar transformação e mostrar para o indivíduo
o verdadeiro espírito cooperativo e de direitos e deveres que a cada um é
estabelecido pela sociedade. Depois das regras domésticas criadas na família, o
jovem terá de entender as regras que a sociedade criou para o convívio social.
Creche da Zona Sul, uma das maiores prejudicadas |
2 comentários:
Muito estimado colega e amigo Jairo!
Não conhecia o triste fim do Instituto San Martins.
O que mais podemos fazer além de lamentar a sina de dobrar sinos pela morte da solidariedade entre nós.
Muito estimado colega e amigo Jairo!
Não conhecia o triste fim do Instituto San Martins.
O que mais podemos fazer além de lamentar a sina de dobrar sinos pela morte da solidariedade entre nós.
Postar um comentário