O depoimento do ex-presidente tomou conta do noticiário |
Para mim este é um sábado
de interrogações. Depois da enxurrada de edições jornalísticas relatando a estupefação
nacional, diante da decisão da Lava-Jato em ouvir um ex-presidente sob suspeição,
me vejo empanturrado. Uma ressaca homérica toma conta de mim. Portanto, hoje decido
me alienar de todos os meios de comunicação. Evito qualquer tipo de informativo
que tenha relação com os fatos acima.
Confesso não ter nenhuma posição
assumida sobre os fatos graves que acontecem na política nacional atualmente,
especificamente sobre o governo que comanda a nação. E posso explicar porque
cheguei aqui com esta postura.
Nunca fui adepto de um partido
e sequer defendi qualquer legenda. Sempre fui personalista, preferi sempre as
pessoas do que as instituições. Quando mais me aproximei de admirar e defender
pessoa e partido foi na eleição presidencial de 1989. Empunhei bandeira, fui às
ruas e fiz campanha para Brizola, um dos meus maiores ídolos. Vou evitar de
aqui desfraldar todas as aptidões e atributos de Brizola, pois a grande maioria
dos meus leitores certamente colocaria em dúvida minha descrição, diante do que
se vê na classe política de hoje.
Na eleição de 1989, Brizola chegou em terceiro no primeiro turno |
Mas, afinal o resultado do
primeiro turno daquela eleição me deixou extremamente frustrado. Brizola chegou
em terceiro lugar, quase empatado com o candidato do PT, Lula da Silva. Uma exígua
diferença de menos de um por cento: Lula com 17,18% dos votos e Brizola com
16,51%. No segundo turno, a vitória foi do “engomadinho” e preferido do público
feminino, o “caçador de marajás” Fernando Collor de Mello, do desconhecido PRN
(Partido da Renovação Nacional). E deu no que deu.
Pois bem, dali por diante
resolvi ser mais comedido. Não mais assumi qualquer candidatura efetivamente.
Me contentei em cumprir com minha obrigação cidadã de participar dos pleitos. Dali
pra frente compareci às seções e depositei meu voto naqueles candidatos que
mais me aprouveram, sem qualquer defesa efusiva dos programas políticos partidários.
A posse do presidente Lula em janeiro de 2003 |
Neste mesmo período, minha
esposa, com uma simpatia acentuada pelo programa do partido da estrela, assim como
grande parte de nosso ciclo de amigos, viveu intensamente a campanha que levou depois
de três tentativas frustradas o líder metalúrgico à presidência da república em
2002. E na época estávamos morando na capital federal, o que nos possibilitou
assistir a posse em plena Esplanada dos Ministérios. Foi um momento cívico dos
quais jamais esquecerei. Apesar de não ser petista, não pude deixar de me
comover. Pensar que um trabalhador comum estava assumindo o governo do nosso
país, depois de tantos anos de representações elitistas, era um sonho
realizado. Quase todos que ali estavam, assim como eu, foram às lágrimas quando
o presidente subiu a rampa e recebeu a faixa presidencial de seu antecessor.
Roberto Jeferson denuncia o Mensalão |
E nos anos posteriores,
quando o país deixou a letargia de muitas décadas, não podendo esquecer a
relevante contribuição do governo FHC no controle da inflação, parecia que o
futuro realmente havia chegado. O crescimento da economia e a elevação de
muitas famílias da condição de miséria para um patamar mais confortável, e de benefícios
antes só imaginados, davam a certeza de que havíamos acertado.
Todavia, aquelas características
que distingue os seres humanos dos animais, a ganância e a sede de poder, foram
aos poucos minando toda as áreas responsáveis pelo sucesso da nova administração.
E uma empresa ícone do desenvolvimento brasileiro desde a década de 1940, foi
tomada de assalto sem que um país inteiro se desse conta. A partir da denuncia
de um certo deputado Roberto Jeferson, começamos a tomar conhecimento de uma podridão
instalada dentro das esferas de poder do Palácio do Planalto. E o resto da história eu me recuso a contar, não
só pelo pouco espaço que há aqui, mas muito mais pelo enjoo que me causa
relembrá-la.
Pois nesta sexta-feira,
diante de todas as notícias e depoimentos assistidos, me vi atordoado. E neste
sábado, diferentemente daquela ressaca cívica que me acometeu depois da posse de
janeiro de 2003, uma grande náusea acompanhada de desorientação diante do
ocorrido me faz ter a certeza de que nada sei. Aliás, como tem sido nos últimos
tempos: autoridades acusam, acusados se defendem, parlamentares desconhecem, suspeitos
renunciam e assim por diante. E no meio de tudo isso, eu, você e uma população inteirinha
querendo saber onde está a verdade. Para isso, nada melhor que um remédio
essencial, o tempo. Só ele será capaz de nos dizer de que lado está a verdade
desse momento.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
é um fim de semana já com sabor outonal. Mas ele tem gosto adstringente, como de um caqui imaturo. Há amarguras e amargores. A maioria dos jornais está intragável. Há vontade de não lê-lo. Sente-se um manifesto golpismo. Por tal te manifestaste por uma alienação.
Mas... há um oásis. Há uma exceção. Ouso, até marcado por nossa amizade fazer uma recomendação para ti e para teus leitores. Não a faço de maneira coercitiva. Até por que se pensava que o uso da vara estava superado...
Há uma luz. Vale ler o jornal PRAGMATISMO POLÍTICO. No ar desde setembro de 2009, Pragmatismo Político se consolidou como um dos maiores sites de notícias e opinião do Brasil. Caracterizado pela independência editorial, o espaço se destaca por disseminar informações de qualidade e fomentar debates e reflexões que estimulam o senso crítico.
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attico chassot
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