05 março 2016

ONDE ESTÁ A VERDADE?

O depoimento do ex-presidente
tomou conta do noticiário
Para mim este é um sábado de interrogações. Depois da enxurrada de edições jornalísticas relatando a estupefação nacional, diante da decisão da Lava-Jato em ouvir um ex-presidente sob suspeição, me vejo empanturrado. Uma ressaca homérica toma conta de mim. Portanto, hoje decido me alienar de todos os meios de comunicação. Evito qualquer tipo de informativo que tenha relação  com os fatos acima.

Confesso não ter nenhuma posição assumida sobre os fatos graves que acontecem na política nacional atualmente, especificamente sobre o governo que comanda a nação. E posso explicar porque cheguei aqui com esta postura.

Nunca fui adepto de um partido e sequer defendi qualquer legenda. Sempre fui personalista, preferi sempre as pessoas do que as instituições. Quando mais me aproximei de admirar e defender pessoa e partido foi na eleição presidencial de 1989. Empunhei bandeira, fui às ruas e fiz campanha para Brizola, um dos meus maiores ídolos. Vou evitar de aqui desfraldar todas as aptidões e atributos de Brizola, pois a grande maioria dos meus leitores certamente colocaria em dúvida minha descrição, diante do que se vê na classe política de hoje.

Na eleição de 1989, Brizola chegou em
terceiro no primeiro turno
Mas, afinal o resultado do primeiro turno daquela eleição me deixou extremamente frustrado. Brizola chegou em terceiro lugar, quase empatado com o candidato do PT, Lula da Silva. Uma exígua diferença de menos de um por cento: Lula com 17,18% dos votos e Brizola com 16,51%. No segundo turno, a vitória foi do “engomadinho” e preferido do público feminino, o “caçador de marajás” Fernando Collor de Mello, do desconhecido PRN (Partido da Renovação Nacional). E deu no que deu.

Pois bem, dali por diante resolvi ser mais comedido. Não mais assumi qualquer candidatura efetivamente. Me contentei em cumprir com minha obrigação cidadã de participar dos pleitos. Dali pra frente compareci às seções e depositei meu voto naqueles candidatos que mais me aprouveram, sem qualquer defesa efusiva dos programas políticos partidários.

A posse do presidente Lula em janeiro de 2003
Neste mesmo período, minha esposa, com uma simpatia acentuada pelo programa do partido da estrela, assim como grande parte de nosso ciclo de amigos, viveu intensamente a campanha que levou depois de três tentativas frustradas o líder metalúrgico à presidência da república em 2002. E na época estávamos morando na capital federal, o que nos possibilitou assistir a posse em plena Esplanada dos Ministérios. Foi um momento cívico dos quais jamais esquecerei. Apesar de não ser petista, não pude deixar de me comover. Pensar que um trabalhador comum estava assumindo o governo do nosso país, depois de tantos anos de representações elitistas, era um sonho realizado. Quase todos que ali estavam, assim como eu, foram às lágrimas quando o presidente subiu a rampa e recebeu a faixa presidencial de seu antecessor.

Roberto Jeferson denuncia o Mensalão
E nos anos posteriores, quando o país deixou a letargia de muitas décadas, não podendo esquecer a relevante contribuição do governo FHC no controle da inflação, parecia que o futuro realmente havia chegado. O crescimento da economia e a elevação de muitas famílias da condição de miséria para um patamar mais confortável, e de benefícios antes só imaginados, davam a certeza de que havíamos acertado.

Todavia, aquelas características que distingue os seres humanos dos animais, a ganância e a sede de poder, foram aos poucos minando toda as áreas responsáveis pelo sucesso da nova administração. E uma empresa ícone do desenvolvimento brasileiro desde a década de 1940, foi tomada de assalto sem que um país inteiro se desse conta. A partir da denuncia de um certo deputado Roberto Jeferson, começamos a tomar conhecimento de uma podridão instalada dentro das esferas de poder do Palácio do Planalto.  E o resto da história eu me recuso a contar, não só pelo pouco espaço que há aqui, mas muito mais pelo enjoo que me causa relembrá-la.

A Petrobrás foi o grande ícone da crise política brasileira
Pois nesta sexta-feira, diante de todas as notícias e depoimentos assistidos, me vi atordoado. E neste sábado, diferentemente daquela ressaca cívica que me acometeu depois da posse de janeiro de 2003, uma grande náusea acompanhada de desorientação diante do ocorrido me faz ter a certeza de que nada sei. Aliás, como tem sido nos últimos tempos: autoridades acusam, acusados se defendem, parlamentares desconhecem, suspeitos renunciam e assim por diante. E no meio de tudo isso, eu, você e uma população inteirinha querendo saber onde está a verdade. Para isso, nada melhor que um remédio essencial, o tempo. Só ele será capaz de nos dizer de que lado está a verdade desse momento.                       

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
é um fim de semana já com sabor outonal. Mas ele tem gosto adstringente, como de um caqui imaturo. Há amarguras e amargores. A maioria dos jornais está intragável. Há vontade de não lê-lo. Sente-se um manifesto golpismo. Por tal te manifestaste por uma alienação.
Mas... há um oásis. Há uma exceção. Ouso, até marcado por nossa amizade fazer uma recomendação para ti e para teus leitores. Não a faço de maneira coercitiva. Até por que se pensava que o uso da vara estava superado...
Há uma luz. Vale ler o jornal PRAGMATISMO POLÍTICO. No ar desde setembro de 2009, Pragmatismo Político se consolidou como um dos maiores sites de notícias e opinião do Brasil. Caracterizado pela independência editorial, o espaço se destaca por disseminar informações de qualidade e fomentar debates e reflexões que estimulam o senso crítico.
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attico chassot
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