Os bancos no Brasil são verdadeiros cartéis, na mão de famílias tradicionais |
Se existe uma instituição
pela qual criei uma grande “ojeriza” ao longo de todos estes anos de minha existência
são os Bancos. Prá quem desconhece a
expressão “ojeriza”, ela quer dizer repugnância, aversão. É assim que vejo a atuação
deles. Acredito na verdade que os Bancos são um “mal necessário”. Só que este mal cada vez mais tem se tornado uma doença crônica, capaz de enfraquecer e levar a um estado terminal nossa sociedade, se nada for feito.
Não é de hoje os bancos no Brasil batem recordes de lucratividade |
E acreditem, um dos meus
primeiros empregos foi num Banco. No longínquo ano de 1977 eu era admitido como
auxiliar de cobrança numa agencia do extinto Banco Sul Brasileiro, no centro de
Canoas, cidade que considero “minha cidade natal”, embora tenha nascido em
Porto Alegre. Mas assim a considero porque passei a maior parte de minha vida
em Canoas.
Por meu bom desempenho na função,
logo fui guindado a caixa executivo na agencia. E o que me surpreendeu logo de
início, foi que em alguns dias o caixa não fechava. Ou seja, faltava dinheiro
na somatória final das operações. Então, éramos obrigados a complementar com
nosso dinheiro a falta. Isso era fruto de algum erro cometido durante aquela turbulência
do dia; a pressão pelo atendimento rápido e uma agencia lotada, principalmente
em final do mês. Mas, todavia, quando havia sobras de dinheiro no fechamento, tínhamos
de deixar para o Banco. Eu ficava indignado com aquilo.
O trabalhador brasileiro nem imagina o quanto os bancos contribuem para a miséria nacional |
Sempre fui observador no
sentido do que as empresas produzem. E ali eu seguidamente me perguntava: “Mas
o que produzem os Bancos?” Ficava sem resposta, e concluía que: “Os Bancos nada
produzem”. Isso mesmo, não há nenhum resultado produtivo na atividade bancária.
É tão somente um “toma lá, dá cá”, mas que rende uma fortuna mensalmente. Sim,
eles ganham fortunas só prá movimentar nosso dinheiro. E cada vez mais substituem pessoas por terminais eletrônicos, reduzindo substancialmente o nível de empregos. Pagam salários irrisórios aos gerentes e supervisores, que são instados a cumprir pesadas metas e objetivos.
Desde pequeno meu pai
falava dos “agiotas”, pessoas que emprestavam dinheiro a juros “escorchantes”.
E frisava com grande ênfase que nunca se deveria “cair nas mãos de um agiota”,
pois a saída era coisa quase impossível. Mas e o que fazem os Bancos?
Nada mais do que isso. É uma espécie de “agiotagem” oficial, permitida, institucionalizada.
Se você depositar suas reservas numa instituição bancária, verá o rendimento
irrisório que vai receber depois de um mês. Mas se quiser tomar emprestada uma
determinada quantia, pagará taxas absurdas nessa operação que é a sua especialidade.
Bradesco e Itaú, as duas instituições bancárias mais rentáveis do país |
O Brasil está entre os
países com maior taxa de juros bancária mundial. Só para se ter uma ideia da
lucratividade dos Bancos, o Banco Itaú teve uma lucratividade superior a 23
bilhões de reais em 2015, um aumento de 15,4% em relação a 2014. Já o seu
concorrente direto, o Bradesco, lucrou mais de 17 bilhões no mesmo ano,
registrando um crescimento de 14% relativo a 2014. Ou seja, mesmo em tempos de
crise, os Bancos acumulam verdadeiras fortunas, aproveitando-se principalmente de tempos de crise e das péssimas condições
de vida da sociedade. Nos momentos de adversidade financeira, as pessoas “apavoradas”,
com inúmeras contas a pagar, buscam a alternativa dos empréstimos. É nessa hora
que entra em cena a “agiotagem institucionalizada”, tornando ainda mais
rentáveis as instituições bancárias. São verdadeiros “tubarões” a espera de
vítimas, que em momento de desespero entram na água.
Setúbal, presidente do Itaú, afirmou que a recessão prejudica todo mundo, inclusive os bancos. |
E pasmem vocês, esta semana
li na imprensa uma declaração do senhor Roberto Setúbal, presidente do Itau,
que me deixou indignado. Declarou ele que a recessão que o país atravessa no
momento, faz todos perderem. Disse ainda que “os bancos também perdem na
recessão”. Ora, senhor Setubal, é muita incoerência e um enorme acinte de vossa parte.
Presidindo uma das maiores instituições nacionais de “agiotagem institucionalizada”,
cuja lucratividade ultrapassou a casa dos 20 bilhões no último ano, fazer esta declaração
é um afronte ao povo brasileiro. Quando será teremos uma verdadeira política de
juros e lucratividade bancária justa no país? Não é à toa que os governadores
de estado tem buscado constantemente negociar as dívidas com a União, neste
pacto federativo também injusto. Por detrás de tudo isso, estão as instituições bancárias
com seus juros absurdos extraindo os últimos recursos que deixam a população brasileira
alijada de educação, saúde e segurança pública.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
mesmo conhecendo uma significativa parte de tua história, não te consigo imaginar "caixa de um banco".
A grande pergunta que fazes, só tem resposta num sistema capitalista:
O que produzem os bancos?
rigorosamente produzem um aumento do dinheiro emprestado.
Em um sistema socialista não presisaria existir, onde poderíamos ter apenas cooperativas solidarias emprestando micro créditos.
Parabéns pela reflexão oferecida,
attico chassot
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