04 junho 2016

ENTRE LUTZ E CHASSOT

Com muito empenho tenho buscado amenizar os assuntos da edição semanal deste veículo de comunicação. Mas confesso que é difícil, pois o senso crítico se faz muito presente em minhas tessituras. E o domingo enseja a comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, um assunto que sugere polêmicas também.

Lutzenberger, um grande visionário 
Já transitei inúmeras vezes pelo tema (e ele muito me apetece), desde minha especialização em Ciências Sociais Aplicadas, quando conheci a trajetória de nosso maior ambientalista, José Antonio Lutzenberger. A partir dali, tomei suas ideias como uma grande fonte de inspiração, e as tenho divulgado sempre que surgem oportunidades. Um grande pensador da área, e que até hoje pode ser considerado dos maiores precursores no assunto em nosso país. Aliás, muito mais do que isso, um visionário. Infelizmente nos deixou em maio de 2002, mas suas ideias continuam vivas e atuais como nunca.

Mestre Chassot, formador de jardineiros do planeta
Pelos idos de 2006, daquelas coisas que não se explica, conheci um educador que também moldou meu pensamento ambiental. Foi na minha formação "Strictu Senso", quando tratei da "Noção do Desperdício". Esse educador continua entre nós (e tomara essa biblioteca tão cedo não se queime) e pode ser considerado um formador de “jardineiros do planeta”. E é isso que faz toda vez que reúne alunos nesse discipulado Brasil afora. Viaja por todos os recantos disseminando o enorme conhecimento científico que possui, mas nunca deixando de ressaltar a necessidade dos cuidados que devemos ter com a natureza e seus recursos. Seu nome? Attico Inacio Chassot, ou Mestre Chassot, simplesmente.   

Pois neste domingo, 5 de junho – Dia Mundial do meio Ambiente -  quero relembrar algumas falas destes expoentes.

O desperdício e o esbanjamento está por toda parte
De Lutzenberger, não há como deixar de ler uma pequena reflexão do Manifesto Ecológico Brasileiro, publicado, acreditem, na década de 1970. Num extrato denominado “Bacanal do Esbanjamento”, nos lembra ele o quanto a irresponsabilidade no consumo dos recursos naturais está levando o planeta ao esgotamento. Em certa parte diz ele:

“O comportamento atual da humanidade pode comparar-se ao do pobre diabo que ganhou o grande premio na loteria e que, sem saber o que é capital e como preservá-lo, se encontra em plena bacanal de esbanjamento, seguro de que a festa não terá fim. A Sociedade de Consumo é uma orgia. Como tal, ela não terá duração”.

A realidade atual de nosso moderno e contemporâneo século XXI tem demonstrado que as palavras de Lutzenberger são proféticas. Apesar de ser taxado muitas vezes de “catastrofista”, Lutz nunca arrefeceu sua posição sobre o futuro nebuloso que somos capazes de deixar para as demais gerações, caso nada seja feito. Seu discurso foi ainda reconhecido por James Lovelock, pesquisador e ambientalista britânico, criador da hipótese Gaia [que considera o planeta Terra como um ser vivo, e capaz de reagir às interferências humanas].
Para Chassot, há que se discutir os problemas locais
em sala de aula

Mestre Chassot, autor de sete obras importantes no assunto educação, destaca em seu “Alfabetização Científica” da necessidade de regionalizarmos a educação ambiental. Diz ele que é importante a preocupação com a preservação da “camada de ozônio”, a minimização da “chuva ácida” das fábricas de químicos, ou da extinção da “baleia azul”. Todavia, há que se fazer uma relação na educação com o que é mais próximo de nossos alunos. Destaca ele à página 137 da obra:

“O riacho do nosso bairro, o lixão da vila ou o esgoto sanitário da nossa rua são preocupações tão (ou mais) importantes que as campanhas pelo não-uso de derivados de fluocarbonetos. A cidadania que queremos é aquela que passa a ser exercida através de posturas críticas na busca de modificações do ambiente natural – e que estas sejam, evidentemente, para melhor”.

Sugestão de leitura dos dois autores
Para ele, o aluno que vivencia e discute estes assuntos em sala de aula, será capaz de propor soluções eficazes para a família e para a comunidade local, orientando-os sobre as formas de agir para um mundo melhor. Estará sendo muito mais ambientalista do que se estivesse discutindo aquelas questões gerais.

Portanto, neste 5 de junho, sugiro a leitura de dois livros muito interessantes: Fim do Futuro – Manifesto Ecológico Brasileiro, de José Antonio Lutzenberger, e Alfabetização Científica – Questões e Desafios para a Educação, de Attico Inácio Chassot.  

        

3 comentários:

Attico CHASSOT disse...

Meu caríssimo amigo e colega Jairo, só uma pessoa extremamente generosa como tu poderias, neste Dia Mundial do Meio Ambiente alçar-me a estatura descomunal de um Lutzenberger.
Este lugar não me cabe. Se houvesse entre nós a quem se pudesse comparar, diria, sem nenhuma ousadia ou deslumbramento que Jairo Brasil teria este lugar com mais adequação. Mesmo ante tão imerecida loa, agradeço e sonho como tu: que esta biblioteca não queime tão cedo. Nossa tarefa no fazer alfabetização científica — e nisso se inclui a ajudar formar jardineiros para cuidar do Planeta — é ingente e nisso somos parceiros.
attico chassot

Attico CHASSOT disse...

Meu caríssimo amigo e colega Jairo,
só uma pessoa extremamente generosa como tu poderia, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, alçar-me a estatura descomunal de um Lutzenberger.
Este lugar não me cabe. Se houvesse entre nós a quem se pudesse comparar, diria, sem nenhuma ousadia ou deslumbramento que Jairo Brasil teria este lugar com mais adequação. Mesmo ante tão imerecida loa, agradeço e sonho como tu: que esta biblioteca não queime tão cedo. Nossa tarefa no fazer alfabetização científica — e nisso se inclui a ajudar formar jardineiros para cuidar do Planeta — é ingente e nisso somos parceiros.

Attico CHASSOT disse...

No dia 10 de junho em mestrechassot.blogspot.com escrevi uma blogada com o título 10.- QUANDO AMIGOS COMETEM EXAGEROS!