Com muito empenho tenho
buscado amenizar os assuntos da edição semanal deste veículo de comunicação.
Mas confesso que é difícil, pois o senso crítico se faz muito presente em minhas tessituras. E o domingo enseja a comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente, um assunto que sugere polêmicas também.
Lutzenberger, um grande visionário |
Já transitei inúmeras vezes
pelo tema (e ele muito me apetece), desde minha especialização em Ciências
Sociais Aplicadas, quando conheci a trajetória de nosso maior ambientalista, José
Antonio Lutzenberger. A partir dali, tomei suas ideias como uma grande fonte de
inspiração, e as tenho divulgado sempre que surgem oportunidades. Um grande
pensador da área, e que até hoje pode ser considerado dos maiores precursores
no assunto em nosso país. Aliás, muito mais do que isso, um visionário. Infelizmente
nos deixou em maio de 2002, mas suas ideias continuam vivas e atuais como
nunca.
Mestre Chassot, formador de jardineiros do planeta |
Pelos idos de 2006, daquelas
coisas que não se explica, conheci um educador que também moldou meu pensamento
ambiental. Foi na minha formação "Strictu Senso", quando tratei da "Noção do Desperdício". Esse educador continua entre nós (e tomara essa biblioteca tão cedo não se queime)
e pode ser considerado um formador de “jardineiros do planeta”. E é isso que faz toda
vez que reúne alunos nesse discipulado Brasil afora. Viaja por todos os
recantos disseminando o enorme conhecimento científico que possui, mas nunca
deixando de ressaltar a necessidade dos cuidados que devemos ter com a
natureza e seus recursos. Seu nome? Attico Inacio Chassot, ou Mestre Chassot, simplesmente.
Pois neste domingo, 5 de
junho – Dia Mundial do meio Ambiente - quero relembrar algumas falas destes
expoentes.
O desperdício e o esbanjamento está por toda parte |
De Lutzenberger, não há
como deixar de ler uma pequena reflexão do Manifesto Ecológico Brasileiro,
publicado, acreditem, na década de 1970. Num extrato denominado “Bacanal do
Esbanjamento”, nos lembra ele o quanto a irresponsabilidade no consumo dos
recursos naturais está levando o planeta ao esgotamento. Em certa parte diz
ele:
“O comportamento atual da
humanidade pode comparar-se ao do pobre diabo que ganhou o grande premio na
loteria e que, sem saber o que é capital e como preservá-lo, se encontra em
plena bacanal de esbanjamento, seguro de que a festa não terá fim. A Sociedade
de Consumo é uma orgia. Como tal, ela não terá duração”.
A realidade atual de nosso
moderno e contemporâneo século XXI tem demonstrado que as palavras de
Lutzenberger são proféticas. Apesar de ser taxado muitas vezes de “catastrofista”,
Lutz nunca arrefeceu sua posição sobre o futuro nebuloso que somos capazes de
deixar para as demais gerações, caso nada seja feito. Seu discurso foi ainda
reconhecido por James Lovelock, pesquisador e ambientalista britânico, criador
da hipótese Gaia [que considera o planeta Terra como um ser vivo, e capaz de
reagir às interferências humanas].
Para Chassot, há que se discutir os problemas locais em sala de aula |
Mestre Chassot, autor de
sete obras importantes no assunto educação, destaca em seu “Alfabetização
Científica” da necessidade de regionalizarmos a educação ambiental. Diz ele que
é importante a preocupação com a preservação da “camada de ozônio”, a minimização
da “chuva ácida” das fábricas de químicos, ou da extinção da “baleia azul”.
Todavia, há que se fazer uma relação na educação com o que é mais próximo de
nossos alunos. Destaca ele à página 137 da obra:
“O riacho do nosso bairro,
o lixão da vila ou o esgoto sanitário da nossa rua são preocupações tão (ou
mais) importantes que as campanhas pelo não-uso de derivados de fluocarbonetos.
A cidadania que queremos é aquela que passa a ser exercida através de posturas
críticas na busca de modificações do ambiente natural – e que estas sejam,
evidentemente, para melhor”.
Sugestão de leitura dos dois autores |
Para ele, o aluno que vivencia
e discute estes assuntos em sala de aula, será capaz de propor soluções eficazes
para a família e para a comunidade local, orientando-os sobre as formas de agir
para um mundo melhor. Estará sendo muito mais ambientalista do que se estivesse
discutindo aquelas questões gerais.
Portanto, neste 5 de junho,
sugiro a leitura de dois livros muito interessantes: Fim do Futuro – Manifesto Ecológico
Brasileiro, de José Antonio Lutzenberger, e Alfabetização Científica – Questões
e Desafios para a Educação, de Attico Inácio Chassot.
3 comentários:
Meu caríssimo amigo e colega Jairo, só uma pessoa extremamente generosa como tu poderias, neste Dia Mundial do Meio Ambiente alçar-me a estatura descomunal de um Lutzenberger.
Este lugar não me cabe. Se houvesse entre nós a quem se pudesse comparar, diria, sem nenhuma ousadia ou deslumbramento que Jairo Brasil teria este lugar com mais adequação. Mesmo ante tão imerecida loa, agradeço e sonho como tu: que esta biblioteca não queime tão cedo. Nossa tarefa no fazer alfabetização científica — e nisso se inclui a ajudar formar jardineiros para cuidar do Planeta — é ingente e nisso somos parceiros.
attico chassot
Meu caríssimo amigo e colega Jairo,
só uma pessoa extremamente generosa como tu poderia, neste Dia Mundial do Meio Ambiente, alçar-me a estatura descomunal de um Lutzenberger.
Este lugar não me cabe. Se houvesse entre nós a quem se pudesse comparar, diria, sem nenhuma ousadia ou deslumbramento que Jairo Brasil teria este lugar com mais adequação. Mesmo ante tão imerecida loa, agradeço e sonho como tu: que esta biblioteca não queime tão cedo. Nossa tarefa no fazer alfabetização científica — e nisso se inclui a ajudar formar jardineiros para cuidar do Planeta — é ingente e nisso somos parceiros.
No dia 10 de junho em mestrechassot.blogspot.com escrevi uma blogada com o título 10.- QUANDO AMIGOS COMETEM EXAGEROS!
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