23 julho 2016

A EDUCAÇÃO AGREDIDA, DE NOVO...



Mais uma vez a Escola Érico Veríssimo sofre agressões
Esta semana que passou foi marcada por um ato de agressão à educação, outra vez.

A Escola Estadual Erico Veríssimo da zona leste de Porto Alegre esteve novamente nas luzes do noticiário policial. Incrivelmente a mesma escola que já havia passado recentemente por uma interdição em virtude de tiroteios entre facções rivais da região, e que trouxeram pânico a professores e alunos.

Desta vez a escola foi atacada por marginais que depredaram salas de aula, furtaram equipamentos utilizados para a rotina escolar e deixaram marcas de extrema ignorância naquele que deveria ser considerado um “templo do saber”. Infelizmente nem estes ambientes tem sido poupados da violência e da insegurança que toma conta da capital atualmente.

O almoxarifado de produtos foi totalmente destruído
E o mais incrível é que na manhã desta sexta-feira, dia 22 de julho, os suspeitos foram detidos pela Policia Civil. Segundo o noticiário local, os ditos “marginais” que se supunha fossem os responsáveis pelo vandalismo eram alunos da própria escola, adolescentes com idade entre 13 e 16 anos, que frequentavam as 6.as e 7.as séries da escola. A priori, os motivos que levaram os jovens a esta insanidade foi vingança por terem sido advertidos pela direção da escola por terem invadido a instituição há pouco tempo.

Salas de Aula foram destruídas pelos vândalos
Isso me leva de imediato a uma análise da educação que estes adolescentes trazem de casa, educação esta proporcionada desde a infância. Teriam estes adolescentes sido criados dentro de princípios éticos, princípios de moralidade, de responsabilidade e de limites? Por certo que não.

Na minha concepção isto é resultado de uma sociedade em ebulição. Uma sociedade que não valoriza o conteúdo, mas sim o superficial, o aparente. Os meios de comunicação, com maior evidencia a televisão e as redes sociais, impõem uma dinâmica que mostra aos jovens, de maneira equivocada, a frugalidade e a exuberância de certos padrões. Padrões estes que não são uma realidade, mas uma exceção. É o caso da “modelo”, do “esportista”, do “funkeiro” que, saídos de classes mais pobres, agora dirige carrões de luxo e ostenta pesados correntões de ouro e anéis dourados. É este o modelo que impera nas comunidades mais pobres, e que alijadas muitas vezes da capacidade de discernimento que só a educação proporciona, não compreendem que o sucesso é construído a custa de esforços diários e muitos desafios. E que a vida não é uma “novela da Globo”, muito menos aqueles posts alegres de viagens e de sucesso que aparecem no “Facebook”.
A inspiração de muitos jovens 

Por tudo isso, e pelas experiências que tenho tido no fazer docente, vivemos atualmente um momento crítico na educação. Nossa sociedade tem valorizado demasiadamente a superficialidade e a aparência, relegando a segundo plano o conteúdo.

A busca frenética pelo sucesso imediato a qualquer custo tem tornado o indivíduo do século XXI um sujeito incapaz de lidar com o fracasso, com as frustrações. E olha que seguidamente vejo surgir teorias muito bonitas e aplicáveis na administração moderna, como o sujeito dotado de “resiliencia” ou de “pró-atividade”. Mas, ao que parece pouco efeito tem surtido estas teorias.

Isso me faz lembrar o grande historiador, poeta, diplomata e fundador do pensamento e da ciência política moderna, autor da célebre obra "O Príncipe", o italiano  Nicolau Maquiavel:
“Há três espécies de cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros totalmente inúteis“.  

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