Mais uma vez a Escola Érico Veríssimo sofre agressões |
Esta semana que passou foi
marcada por um ato de agressão à educação, outra vez.
A Escola Estadual Erico
Veríssimo da zona leste de Porto Alegre esteve novamente nas luzes do noticiário
policial. Incrivelmente a mesma escola que já havia passado recentemente por
uma interdição em virtude de tiroteios entre facções rivais da região, e que
trouxeram pânico a professores e alunos.
Desta vez a escola foi
atacada por marginais que depredaram salas de aula, furtaram equipamentos
utilizados para a rotina escolar e deixaram marcas de extrema ignorância
naquele que deveria ser considerado um “templo do saber”. Infelizmente nem
estes ambientes tem sido poupados da violência e da insegurança que toma conta
da capital atualmente.
O almoxarifado de produtos foi totalmente destruído |
E o mais incrível é que na
manhã desta sexta-feira, dia 22 de julho, os suspeitos foram detidos pela
Policia Civil. Segundo o noticiário local, os ditos “marginais” que se supunha
fossem os responsáveis pelo vandalismo eram alunos da própria escola,
adolescentes com idade entre 13 e 16 anos, que frequentavam as 6.as e 7.as
séries da escola. A priori, os motivos que levaram os jovens a esta insanidade foi
vingança por terem sido advertidos pela direção da escola por terem invadido a instituição
há pouco tempo.
Salas de Aula foram destruídas pelos vândalos |
Na minha concepção isto é
resultado de uma sociedade em ebulição. Uma sociedade que não valoriza o conteúdo,
mas sim o superficial, o aparente. Os meios de comunicação, com maior evidencia
a televisão e as redes sociais, impõem uma dinâmica que mostra aos jovens, de
maneira equivocada, a frugalidade e a exuberância de certos padrões. Padrões estes
que não são uma realidade, mas uma exceção. É o caso da “modelo”, do “esportista”,
do “funkeiro” que, saídos de classes mais pobres, agora dirige carrões de luxo
e ostenta pesados correntões de ouro e anéis dourados. É este o modelo que
impera nas comunidades mais pobres, e que alijadas muitas vezes da capacidade
de discernimento que só a educação proporciona, não compreendem que o sucesso é
construído a custa de esforços diários e muitos desafios. E que a vida não é
uma “novela da Globo”, muito menos aqueles posts alegres de viagens e de
sucesso que aparecem no “Facebook”.
Por tudo isso, e pelas experiências
que tenho tido no fazer docente, vivemos atualmente um momento crítico na educação.
Nossa sociedade tem valorizado demasiadamente a superficialidade e a aparência,
relegando a segundo plano o conteúdo.
A busca frenética pelo
sucesso imediato a qualquer custo tem tornado o indivíduo do século XXI um
sujeito incapaz de lidar com o fracasso, com as frustrações. E olha que seguidamente
vejo surgir teorias muito bonitas e aplicáveis na administração moderna, como o
sujeito dotado de “resiliencia” ou de “pró-atividade”. Mas, ao que parece pouco
efeito tem surtido estas teorias.
Isso me faz lembrar o
grande historiador, poeta, diplomata e fundador do pensamento e da ciência política
moderna, autor da célebre obra "O Príncipe", o italiano Nicolau Maquiavel:
“Há três espécies de
cérebros: uns entendem por si próprios; os outros discernem o que os primeiros
entendem; e os terceiros não entendem nem por si próprios nem pelos outros; os
primeiros são excelentíssimos; os segundos excelentes; e os terceiros
totalmente inúteis“.
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