O Espírito Olímpico toma conta do país |
O Espírito Olímpico toma
conta do país. E não era de se esperar coisa diferente, já que o Brasil, ainda
durante o governo Lula, empreendeu todos os esforços, não somente para sediar a
Copa de Futebol de 2014, mas também, os Jogos Olímpicos de 2016.
E “missão dada”, ela deve ser cumprida, mesmo que isso incorra em altas despesas para o país, como aconteceu com o maior evento futebolístico mundial, com denuncias de desvios de verbas públicas na construção de estádios e na organização geral. Aliás, as copas de futebol anteriores eram realizadas costumeiramente em oito cidades-sedes. Mas o presidente Lula, sob a justificativa de “movimentar a economia” e “tornar o país mais conhecido internacionalmente”, pediu a FIFA a realização em doze cidades-sedes, o que praticamente dobrou o valor do investimento inicial.
Sob denúncias o Parque Olímpico está pronto para os Jogos 2016 |
Rio 2016 já nasceu
sob o signo da denuncia. Inúmeras investigações demonstraram o desvio e o
desperdício de dinheiro público na construção do Parque Olímpico. Ainda não se
sabe exatamente (e talvez nunca se saberá) o montante aplicado para
proporcionar a realização dos Jogos Olímpicos 2016.
Nas últimas semanas,
um evento tem chamado a atenção de muitos brasileiros: a “Passagem da Tocha” em
várias capitais e cidades importantes do país. Chama a atenção de duas
maneiras, como pude comprovar com conhecidos, colegas e amigos. Por um lado, há
pessoas que aplaudem e até mesmo acompanham a “Passagem da Tocha”. (Até mesmo
houve a esposa de um atleta conhecido que, por não ter recebido a réplica da
Tocha, durante a passagem por sua cidade, comprou-a por quase R$1.500,00).
O caos tomou conta do trânsito na
Passagem da Tocha
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Mas os operários que
se deslocam diariamente para seus trabalhos, e de onde retiram o sustento da
família, viveram dias de caos urbano durante a “Passagem da Tocha”. Ruas
bloqueadas, meios de transporte desviados de suas rotas, gente andando a pé para
chegar ao trabalho. Essa foi a realidade da semana que passou em muitas
capitais. Em Porto Alegre não foi diferente. A confusão se instalou.
A segurança Pública de muitas cidades foi
mobilizada na Passagem da Tocha
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Os trabalhadores da
iniciativa privada foram os mais prejudicados, já que estes eventos proporcionam
na maioria das vezes o chamado “ponto facultativo” para quem trabalha no serviço
público. Aos demais, cabe não deixar a roda da economia parar. É assim na
indústria, é assim no comércio, é assim na prestação de serviços. Cabe ainda
destacar o contingente de segurança pública mobilizado em todo o território
nacional na “Passagem da Tocha”.
Analisando o
ocorrido, não pude deixar de me perguntar:
“Será que diante da
crise instalada em nosso país, com desemprego em índices recordes e a saúde, educação
e segurança pública totalmente desconectadas com as necessidades da sociedade,
é pertinente comemorar a “Passagem da Tocha” e o Espírito Olímpico?
Certamente haverá
argumentos: “Ah, mas isso é só uma vez!”
Os suecos se recusaram a sediar as Olimpíadas |
Creio
que isto seria adequado para um país europeu, onde todas estas questões estão bem
resolvidas, e cuja população pode sair às ruas em plena semana para acompanhar
a "Passagem da Tocha". É realmente de se questionar as ações governamentais para trazer
ao país este evento. Quem sabe não teria sido melhor adotar a mesma postura que
teve a Suécia, que se negou a sediar os Jogos Olímpicos e decidiu investir em educação
e saúde?
Mais
uma vez concluo que nossa vida é feita de escolhas. Se optamos por sediar os
jogos no Brasil em 2016, agora resta cumprir as obrigações impostas pelo Comitê
Olímpico Internacional e suportar até mesmo o caos no trânsito e a “Passagem da
Tocha”.
Um comentário:
Meu caro Jairo!
É lamentável, que há um tempo, não pudéssemos ter ‘dado uma de Suécia’ declinando da ‘pseudo-honra’ de sediar a Copa do Mundo (de futebol masculino) de 2014 e também a Olimpíada que advém. Gastaremos rios de dinheiro e mesmo assim teremos provavelmente problemas com um item insustentável: a segurança.
Será que não seria hora, depois do trágico 14 de julho de Nice, o COI suspender as Olimpíadas?
Perplexo com a possível repetição de atentados como na Olimpíada de Munique quisera que teu blogue tivesse a ressonância para conduzir ou pelo menos despertar esta reflexão, mas como vimos nossos blogues parecem ver minguar seus leitores,
attico chassot
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