16 julho 2016

SOBRE A PASSAGEM DA TOCHA


O Espírito Olímpico toma conta do país
O Espírito Olímpico toma conta do país. E não era de se esperar coisa diferente, já que o Brasil, ainda durante o governo Lula, empreendeu todos os esforços, não somente para sediar a Copa de Futebol de 2014, mas também, os Jogos Olímpicos de 2016.

E “missão dada”, ela deve ser cumprida, mesmo que isso incorra em altas despesas para o país, como aconteceu com o maior evento futebolístico mundial, com denuncias de desvios de verbas públicas na construção de estádios e na organização geral. Aliás, as copas de futebol anteriores eram realizadas costumeiramente em oito cidades-sedes. Mas o presidente Lula, sob a justificativa de “movimentar a economia” e “tornar o país mais conhecido internacionalmente”, pediu a FIFA a realização em doze cidades-sedes, o que praticamente dobrou o valor do investimento inicial.  

Sob denúncias o Parque Olímpico está pronto para os Jogos 2016
Rio 2016 já nasceu sob o signo da denuncia. Inúmeras investigações demonstraram o desvio e o desperdício de dinheiro público na construção do Parque Olímpico. Ainda não se sabe exatamente (e talvez nunca se saberá) o montante aplicado para proporcionar a realização dos Jogos Olímpicos 2016.

Nas últimas semanas, um evento tem chamado a atenção de muitos brasileiros: a “Passagem da Tocha” em várias capitais e cidades importantes do país. Chama a atenção de duas maneiras, como pude comprovar com conhecidos, colegas e amigos. Por um lado, há pessoas que aplaudem e até mesmo acompanham a “Passagem da Tocha”. (Até mesmo houve a esposa de um atleta conhecido que, por não ter recebido a réplica da Tocha, durante a passagem por sua cidade, comprou-a por quase R$1.500,00).

O caos tomou conta do trânsito na
Passagem da Tocha
Mas os operários que se deslocam diariamente para seus trabalhos, e de onde retiram o sustento da família, viveram dias de caos urbano durante a “Passagem da Tocha”. Ruas bloqueadas, meios de transporte desviados de suas rotas, gente andando a pé para chegar ao trabalho. Essa foi a realidade da semana que passou em muitas capitais. Em Porto Alegre não foi diferente. A confusão se instalou.

A segurança Pública de muitas cidades foi
mobilizada na Passagem da Tocha
Os trabalhadores da iniciativa privada foram os mais prejudicados, já que estes eventos proporcionam na maioria das vezes o chamado “ponto facultativo” para quem trabalha no serviço público. Aos demais, cabe não deixar a roda da economia parar. É assim na indústria, é assim no comércio, é assim na prestação de serviços. Cabe ainda destacar o contingente de segurança pública mobilizado em todo o território nacional na “Passagem da Tocha”.

Analisando o ocorrido, não pude deixar de me perguntar:

“Será que diante da crise instalada em nosso país, com desemprego em índices recordes e a saúde, educação e segurança pública totalmente desconectadas com as necessidades da sociedade, é pertinente comemorar a “Passagem da Tocha” e o Espírito Olímpico?

Certamente haverá argumentos: “Ah, mas isso é só uma vez!”

Os suecos se recusaram a sediar as Olimpíadas
Creio que isto seria adequado para um país europeu, onde todas estas questões estão bem resolvidas, e cuja população pode sair às ruas em plena semana para acompanhar a "Passagem da Tocha". É realmente de se questionar as ações governamentais para trazer ao país este evento. Quem sabe não teria sido melhor adotar a mesma postura que teve a Suécia, que se negou a sediar os Jogos Olímpicos e decidiu investir em educação e saúde?

Mais uma vez concluo que nossa vida é feita de escolhas. Se optamos por sediar os jogos no Brasil em 2016, agora resta cumprir as obrigações impostas pelo Comitê Olímpico Internacional e suportar até mesmo o caos no trânsito e a “Passagem da Tocha”.  

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo!
É lamentável, que há um tempo, não pudéssemos ter ‘dado uma de Suécia’ declinando da ‘pseudo-honra’ de sediar a Copa do Mundo (de futebol masculino) de 2014 e também a Olimpíada que advém. Gastaremos rios de dinheiro e mesmo assim teremos provavelmente problemas com um item insustentável: a segurança.
Será que não seria hora, depois do trágico 14 de julho de Nice, o COI suspender as Olimpíadas?
Perplexo com a possível repetição de atentados como na Olimpíada de Munique quisera que teu blogue tivesse a ressonância para conduzir ou pelo menos despertar esta reflexão, mas como vimos nossos blogues parecem ver minguar seus leitores,
attico chassot