O comportamento dos alunos foi a tônica deste sábado |
A marca deste sábado foi
para mim a educação. Estive reunido com colegas docentes daquela Escola na qual
devo completar um decênio em 2017. O objetivo maior era “acertar os ponteiros”
para o semestre derradeiro desse ano olímpico. Inúmeros assuntos formaram a
pauta matinal, como estatísticas de matrículas, demonstrando a importância do
curso Técnico em Enfermagem (dados demonstraram uma evolução do número de matrículas
em cerca de 68% em relação a período anterior), bem como, um novo espaço de
lazer a ser implantado na calçada em frente à Escola. Também tivemos o ego
massageado pela divulgação de depoimentos de alunos e alunas em relação aos
seus professores.
A intenção era levar os professores a uma reflexão sobre o tema |
E dentro deste afável encontro,
fui convidado pela Direção de Ensino a tratar de um tema pertinente a todos nós
docentes, tema bem atual e muito complexo: o comportamento dos principais
atores da educação e a relação entre eles. Por isso, desde a segunda passada,
quando soube do convite, me pus a pensar de que forma poderia atender ao pedido
e brindar os colegas com algo que lhes fosse palatável e motivador. Para tanto,
propus ao grupo uma ideia bastante contemporânea na abordagem, trazendo ideias
e reflexões daqueles autores que me são muito
caros.
Inicialmente procurei
mostrar o tédio que acomete a grande maioria de nossos alunos na visão de dois
pensadores clássicos, o lusitano Fernando Pessoa e o italiano Giácomo Leopardi.
Na sequencia busquei mostrar a evolução da sociedade na busca de suas
necessidades e do conforto, principalmente em relação a itens extremamente
importantes, como a alimentação, a água e o fogo. Estes recursos durante
milhares de anos foram muito escassos, e se travavam verdadeiras batalhas para
adquiri-los. E para exemplificar, trouxe um filme que considero verdadeira obra
prima do francês Jean Jacques Annaud, sob o título “A Guerra do Fogo”, de fácil
acesso pela rede mundial.
Ferramentas Modernas: Problema ou Solução? |
Traçando um paralelo com o
nosso mundo contemporâneo, procurei mostrar as facilidades que estão a disposição
desta geração no acesso a estes recursos fundamentais anteriormente citados. E desses
recursos, podemos incluir o conhecimento, que nunca esteve tão presente e disponível
em larga quantidade e por diversos meios. Isso significa uma fartura de
possibilidades. Mostrei ainda que somos uma sociedade da fartura, em
contraponto à grande miséria humana em relação à distribuição equilibrada desta
riqueza que perpassa nossa realidade de nações capitalistas, remetendo à Riqueza
das nações do britânico Adam Smith.
O Mundo Líquido de Zigmunt Bauman |
Todavia, pela quantidade de
recursos à disposição, parece que tudo isso enseja um enorme tédio,
principalmente aqueles que não foram preparados sobre a forma de utilizá-los e deles
usufruir de maneira apropriada. Talvez neste universo estejamos encontrando um resquício
de racionalidade para compreender o que ocorre com os jovens nossos alunos e
alunas de hoje em dia. Quem sabe, acometidos pelo tédio diante da enorme rede
de possibilidades que a estes se apresentam.
Quase ao final, fiz sugestões
sobre o pensamento do excepcional sociólogo polonês Zigmunt Bauman (hoje com
mais de noventa anos), e seu “Mundo Líquido”, e das possibilidades de entender
a realidade sob a sua ótica. Levei algumas de suas obras como mostruário desta
verdadeira biblioteca viva e que, quando “queimar” (de acordo com o escritor malinês Amadou Hampaté Bâ: Cada velho que
morre é como uma biblioteca que queima), certamente será uma grande perda
para nós.
Palestra Completa do historiador Leandro Karnal
Ao concluir minha exposição
na manhã deste sábado, procurei compartilhar excertos de uma palestra que muito
aprecio, do historiador e nosso conterrâneo Leandro Karnal, intitulada “Felicidade
e Redes Sociais”. Acredito que consegui catalizar a atenção dos colegas e que
tenha tornado a manhã um momento descontraído e contributivo. Pelo menos essa
era a minha intenção e que tenha atendido à solicitação de nossa diretora Janaína Sostisso.
2 comentários:
Muuuito bom!!! Queremos mais...
Muito estimado colega e amigo Jairo!
Agora entendo porque no sábado e no começo do domingo ainda não tínhamos tua habitual blogada do fim de semana. Conta-nos de um sábado que foi sumarento na Factum. O filme “Guerra do fogo”, que serve para ilustrar o evolucionismo ou entendermos a combustão, é também e muito adequado para evidenciar como ocorrem aprendizados.
Bauman e Karnal certamente foram teus eficientes parceiros para catalisar interrogações nos professores. O historiador egresso da Unisinos me entusiasmou quando esteve no começo de julho no ‘Roda Viva’ a ler Hamlet, que estou fazendo com prazer.
Posso avaliar o quanto foste capaz de cumprir o desiderato da Direção.
Cumprimentos com expandida admiração
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