Jogos Paralímpicos 2016: exemplo de inclusão e superação |
Quando se pensa em pessoa
com deficiência, a primeira coisa a concluir é uma pessoa acometida de desânimo
e amargura por causa da sua condição. Não quero dizer que não existam pessoas
com esta postura. Mas o exemplo que nos mostram os Jogos Paralímpicos iniciados
neste sete de setembro é o avesso de tudo isso. Ali estão pessoas em busca da
superação. Estão em busca de provar que é possível ultrapassar os próprios
limites.
E não somente isso. Dotados
de uma força de vontade indescritível, contrariamente ao que presenciamos na
Rio 2016, os atletas paralímpicos possuem patrocínios mais singelos. Não nadam
em e por dinheiro. Certamente também não vão inventar histórias de que foram
assaltados à noite na balada, correndo o risco de perderem as verbas de seus
patrocinadores.
Daniel Dias é um dos nossos exemplos de superação |
Talvez por isso é que os
Jogos Paralímpicos Rio 2016 já estão batendo recordes de ingressos vendidos. Só
estão aquém ainda do jogos de Londres há quatro anos atrás. Dos demais
ocorridos, a edição atual já supera todos os indicadores. E ao que parece,
muitos turistas trocaram a “muvuca” dos jogos anteriores pela calma e
tranquilidade das disputas atuais. Não para de chegar gente no Rio de Janeiro.
Os ingressos para as disputas nos dois finais de semana que se aproximam já
estão totalmente esgotados. Só há ingressos para os dias de semana, e sob o
risco de também se esgotarem.
Isso demonstra que nossa
sociedade está cada vez mais dando valor
aos “diferentes”, àqueles que são capazes de transformar a dificuldade em
motivação para alcançar objetivos. Observem, por exemplo, o nadador Daniel
Dias, que abriu esta edição com uma exibição esplendorosa na piscina do parque
Maria Lenk. Apesar da restrição de seus braços apequenados, foi capaz de
superar todos os adversários com braçadas firmes e vigorosas. Outro exemplo foi
o salto em distancia do nosso atleta Ricardo Costa, ao conquistar medalha de
ouro. Nos quatrocentos metros foi a vez de Daniel Martins conquistar outra
medalha de ouro, que estreando na competição também bateu o recorde mundial da
prova.
Ricardo Costa: ouro no salto em distância |
E isso é só o começo, pois
podemos considerar o Brasil uma potencia desportiva nesta disputa. O receio de
arquibancadas vazias foi superado pelo excepcional público que acorre às disputas
em número cada vez maior.
Fico muito emocionado assistindo as competições e sabendo dos resultados. A superação destes verdadeiros heróis demonstra que quando se quer não existem limites impossíveis de serem superados. Basta dedicação e planejamento para fazer da melhor forma, e dentro das possibilidades de cada um. O céu é o limite.
Daniel Martins: ouro nos 400 metros |
Na noite desta
quinta-feira, assisti na TV Cultura a entrevista de nosso corredor bi-amputado,
Alan Fonteles, que foi prata em Pequim (2008) e ouro em Londres (2012),
vencendo o famoso Oscar Pistorius. Um depoimento emocionante e demonstrando
muita humildade, Alan falou de seu empenho na busca de outra vitoria nos próximos
dias.
E demonstrando que há cada
vez mais uma preocupação com a inclusão de pessoas com deficiência, soube que
as medalhas que estão sendo entregues aos atletas vencedores, pela primeira vez
são medalhas especiais. Conforme a categoria, elas possuem um guizo interno que
facilita a identificação pelos atletas com deficiência visual. As de ouro
possuem 28 guizos, as de prata 20 guizos e as de bronze 16. Os atletas podem
identificar cada categoria ao agitarem as medalhas.
"Medalhas inclusivas" são novidade nos jogos do Rio |
Dentro da condição que
estou atualmente, me vejo como parte desta realidade. Logo que a doença me
acometeu, fiquei bastante abatido e confesso que os horizontes se estreitaram
num primeiro momento. Mas as leituras sobre realidades diversas me mostraram
outras possibilidades. E foi isso que me trouxe esperança e me mostrou um
caminho que até então eu desconhecia. E os Jogos Paralímpicos tem sido para mim
uma comprovação de tudo isso.
Faculdade FACTUM: Acessibilidade e Diversidade |
E esta semana que passou
foi de muita alegria para mim, pois fui convidado pela Diretora Administrativa da Faculdade FACTUM para fazer parte da Comissão de Acessibilidade e Diversidade da Escola,
onde atuo há quase dez anos. A instituição pretende realizar uma transformação em
suas condições de receber e integrar indivíduos com limitações e deficiências,
e para tanto, está montando esta equipe para qual fui convidado. Isto demonstra
que a sociedade está se modificando e integrando pessoas apesar das suas limitações.
E estou muito grato por poder fazer parte destas mudanças.
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