Ricardo Boechat foi um dos convidados
do SINEPE RS
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A primeira semana de
setembro que se encerra neste sábado teve marcas muito gratificantes de
conhecimento acumulado. E uma delas ocorreu na terça-feira, dia 05, quando me
fiz presente no evento do SINEPE – Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do
Sul. O evento ocorreu no prédio 40 da PUC RS. Ali compareci sob os auspícios da Faculdade Factum para ouvir um “Talk
Show” com o jornalista Ricardo Boechat, ancora do Jornal da Rede Bandeirantes.
E o tema não podia fugir à nossa angústia diária: as denúncias de corrupção e
as possibilidades para as eleições de 2018.
Neste cenário brasileiro
trágico, Boechat iniciou destacando o quanto a sociedade brasileira tem
modificado sua preferencia pelas informações da política. Segundo ele, ao
abastecer o carro num posto de combustível foi indagado por um frentista: ”Mas
você viu aquele Lewandowski? Será que ele tem razão?”. E ao adentrar o mercado
pra comprar carne, veio o açougueiro lhe dizer: “Mas aquele Gilmar Mendes não dá
pra aguentar, não é mesmo?” Isso demonstra que o povo tomou gosto pela informação.
A educação tem números reluzentes e realidades indigentes |
Num segundo momento, o
jornalista disse que as manifestações de 2013 definiram o impeachment, e
causaram um “racha” de ideologias que se mantem até hoje. Para ele, o conflito
está adormecido e deverá retornar em 2018, independentemente do “repolho” que
seja eleito presidente nas eleições.
A educação é um componente
fundamental na mudança do país, para Boechat, embora a pública esteja praticamente
“destroçada”, principalmente por causa da realidade social atual. Neste momento
ele destacou uma frase do senador Cristovam Buarque sobre a educação: “A
Educação tem números reluzentes e realidades indigentes”. E o professor, profissional relevante neste segmento, consegue tão somente "sobreviver", tendo em vista os baixos salários e a falta de apoio.
Numa crítica ácida sobre a
realidade atual, o palestrante referiu que muito se tem falado de uma “educação
do futuro”. Mas para ele, grandes valores se perderam da “educação do passado”,
como algumas práticas importantes e uma postura de respeito à figura de referência
em sala de aula: o professor.
Para Boechat "as quadrilhas organizadas se apoderaram
dos espaços públicos"
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Ao tratar da situação atual
da sociedade brasileira, Boechat destacou que “o grande inimigo desta sociedade
é o Estado Brasileiro, porque se apoderou com suas quadrilhas muito bem
organizadas dos espaços públicos e fez deles sua propriedade”. Um destes exemplos
atuais é a privatização da Eletrobrás, em busca de recursos para estancar as
mazelas que o próprio Estado gerou com suas despesas. Segundo o jornalista, “É
como vender a casa prá proteger o filho que vai prá boate todas as noites!”.
Quase ao término, foi
perguntado pela Irmã Cecília de uma escola local sobre o “Pacto Federativo”,
que traga os recursos nacionais, e ao redistribui-lo deixa os municípios com o “pires
na mão”, fazendo com que os prefeitos tenham que mendigar em Brasília. Boechat
afirmou que a realidade brasileira se compõe de um “modelo piramidal”, em que a responsabilidade e a pressão popular na execução das políticas públicas e a arrecadação e os gastos públicos se mostram como figuras invertidas. (modelo abaixo)
Como o jornalista enxerga o Pacto Federativo brasileiro |
Ainda sobre o Pacto
Federativo, o jornalista ressaltou que para cumprir o que foi pactuado com
estados e municípios, “o problema não é o que está no papel”, mas sim no
comprometimento dos políticos e na sensibilização humana dos resultados que se
quer. E isso não acontece com a classe política neste momento. Há certamente
interesses individuais em detrimento do coletivo, e os crimes de corrupção também
se dão em âmbito estadual e municipal.
Ao se despedir, Boechat
agradeceu o convite e destacou a alegria de retornar ao Rio Grande do Sul e
novamente falar aos dirigentes de escolas e professores do ensino privado. Foi um evento gratificante
que valorizou a semana.
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