Há quem diga que os tempos são melhores agora que todo mundo
tem seu telefone celular e não precisa ficar refém de uma empresa pública, ou
adquirir telefone por ações, como nos velhos tempos da CRT – Companhia
Riograndense de Telecomunicações. Talvez a maioria de meus leitores nem tenha
conhecido esse dinossauro estatal extinto na privatização do governo tucano
FHC. Pra vocês terem uma idéia do valor deste bem, que hoje é tão popular entre
nós, a Receita Federal exigia que declarássemos no Imposto de Renda as linhas
telefônicas de nossa propriedade. Lembro inclusive de algumas pessoas que
compravam linhas telefônicas como forma de investimento e tinham de declara-las
no IR todos os anos.
Operadoras foram proibidas de vender novas linhas |
Pois bem, os tempos passaram e muita coisa mudou. O telefone
ficou barato na aquisição, mas subiu muito na conta mensal. E alem disso, foram
criadas as agencias reguladoras ainda no governo FHC para controlar estas
prestações de serviço. As agencias hoje
estão responsáveis pela fiscalização, não somente na telefonia, com a ANATEL ,
mas também no setor de transporte terrestre, com a ANTT, no de transporte
aéreo, com a ANAC, no setor de petróleo, com a ANP, no setor elétrico, com a
ANEEL, no setor das águas, com a ANA, no
setor de saúde, com a ANS, no setor de vigilância sanitária, com a ANVISA, no
setor de transporte aquaviário, com a ANTAQ, e até no setor de cinema, com a
ANCINE. Portanto, não é por falta de regulação e de fiscalização que as coisas
deixam de funcionar no país. Aliás, não é por falta de agencias e de
funcionários bem pagos para executar esta tarefa. Existe até uma ABAR –
Associação Brasileira de Agencias de Regulação.
E sabe quanto ganha um diretor destas agencias federais? Desde
2007 os diretores de agencias reguladoras tem o mesmo salário de ministros de
estado. Então, todo esse pessoal que lá está não ganha salários
irrisórios. E estas agencias foram
criadas para fazer o papel que o povo deveria fazer na cobrança de serviços bem
prestados. Ou seja, todos este pessoal está lá com esses salários prá coisa
funcionar. Vejam só o que diz a Missao da ANATEL em seu portal: “promover o
desenvolvimento das telecomunicações do país de modo a dotá-lo de uma moderna e
eficiente infra-estrutura de telecomunicações, capaz de oferecer à sociedade
serviços adequados, diversificados e a preços justos, em todo o território
nacional.” Mas não é isso que se tem visto na realidade. O sistema de telecomunicações
que utiliza a telefonia móvel tem agido com extremo desrespeito ao consumidor.
E pra se ter uma ideia deste segmento da atividade econômica, no ano passado as
empresas de telefonia móvel tiveram um faturamento de cerca de 100 milhões de
reais, e investiram não mais do que 30 milhões de reais. Ou seja, que outra
atividade gera um resultado desta magnitude? Basta observar uma destas lojas
nos shopping centers da cidade para ver a quantidade de aparelhos e chips
vendidos por dia. Algumas lojas chegam a forma fila para aquisição de linhas e
aparelhos.
E onde está a Agencia Nacional de Telecomunicações que não fiscaliza
o bom funcionamento desta área das comunicações?
Até Gabriela parece ter dificuldades com o telefone móvel |
Pois é inacreditável que esta proibição de venda de novas
linhas pelas empresas Claro, Tim e Oi, comunicada esta semana pela ANATEL em
todo o país, tenha partido do Procon de Porto Alegre. Foi aqui que uma atitude foi tomada em função das
péssimas condições de funcionamento das linhas telefônicas moveis, alem das
internets 3G que já não funcionavam. Mas as contas continuavam chegando mensalmente
aos clientes, e se não pagas em dia, gerando juros e correção monetária pelo
atraso.
Entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2012, foram registradas pelo
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (Sindec), do Ministério da Justiça,
861.218 demandas. Dessas, 78.604 foram relativas às operadoras. O número supera
o volume de reclamações contra operadoras de cartão de crédito, bancos e
telefonia fixa, entre outros setores também demandados pelo consumidor.
Segundo o Ministério da Justiça, as três principais reclamações
são cobrança indevida/abusiva e dúvidas sobre cobrança/valor/reajuste; rescisão
e alteração unilateral dos contratos; além do serviço não fornecido e vícios de
qualidade.
Entre as empresas, a Claro é a campeã de reclamações: 26.376
demandas nos Procons, 37,56% do total. Em segundo lugar a Vivo (15,19%);
seguida pela TIM (14,55%) e pela OI (14,44%).
A burocracia excessiva é um dos entraves do serviço público |
Para voltar a vender os serviços suspensos as operadoras terão
de elaborar um plano de ação de investimento e de qualidade de serviços.
Mas onde estavam os fiscais da ANATEL durante todo este
tempo? Ou seja, porta arrombada – tranca de ferro? Isso demonstra o quanto o serviço
público é moroso e extremamente lento na tomada de atitudes, mas as greves pipocam
por todo o país, como as próprias agências reguladoras que neste momento, em
sua grande maioria, estão paralizadas reivindicando melhores salários. Ah! Se não
fosse a estabilidade de emprego do funcionalismo público federal, certamente os
serviços de telefonia não seriam esse caos que estamos vivendo. E vejam que não
sou a favor do Estado Mínimo, não. Mas pelo andar da carruagem, cada vez mais a
máquina pública incha e não atende às necessidades da sociedade brasileira.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
o encantamento por mais uma vez este blogue ser vigilante no fazer denuncias e os votos de um bom domingo seguem desde Buenos Aires,
Com estima
attico chassot
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