O Brasil foi o primeiro país a ter um
serviço obrigatório de segurança e medicina do trabalho em empresas com mais de
100 funcionários. Este passo foi dado no dia 27 de julho de 1972, por
iniciativa do então ministro do trabalho Júlio Barata, que publicou as
portarias 3.236 e 3.237, que regulamentavam a formação técnica em Segurança e
Medicina do Trabalho e atualizando o artigo 164 da CLT. Por isto, a data foi
escolhida para ser o Dia Nacional de
Prevenção de Acidentes de Trabalho.
Mas analisando a situação atual que o
país vive, não se pode dizer que esta data seja uma data comemorativa. Seria assim,
se tivéssemos mesmo o que comemorar. Claro está que estamos um pouco
distanciados de alguns dados extremos do período militar, principalmente se
levados em conta o número de trabalhadores daquela época e da atual. Evoluímos
na questão prevencionista, mas não da forma como poderíamos. E também não se
pode culpar tão somente as ações governamentais, pois o empresariado nacional também
tem sua parcela de culpa, principalmente quando contrata profissionais com a preocupação
exclusiva de somente cumprir a legislação.
Uma série de acidentes fatais marcou o início de 2012 na região metropolitana de Porto Alegre |
Desta forma, já destaquei em outras edições
deste Blog o quanto ainda temos de elevar nossos níveis de preocupação com a saúde
dos trabalhadores pelo Brasil afora. Na edição do dia 28 de abril deste ano
trouxe a denúncia do sindicalista Almir Araújo na “Tribuna do Mato Grosso”,
intitulando a edição como “Uma Morte a cada 3,5 horas”, e que pode ser acessado
no link http://profjairobrasil.blogspot.com.br/2012/04/uma-morte-cada-35-horas.html.
Ressaltei nesta oportunidade a quantidade de acidentes de trabalho que ocorrem
com muita frequência em nosso estado. E critiquei nosso bairrismo exacerbado,
quando muitas vezes temos a impressão de que aqui tudo é muito bem encaminhado
e controlado. Para demonstrar que não é verdade, que também temos inúmeras falhas
a corrigir em nossos locais de trabalho e muitas dívidas temos com nossos
trabalhadores, trouxe uma outra edição denominada “Uma semana prá refletir”. (http://profjairobrasil.blogspot.com.br/2012/03/cuidando-do-proprio-rabo.html)
Naquela edição de 31 de março, numa semana pra todos nós da prevenção esquecermos,
a região metropolitana somou cinco acidentes fatais em menos de 72 horas. Num
pequeno extrato do texto daquela edição eu dizia:
Trabalhadores em demolição predial sem qualquer proteção |
Meu avô materno usava um ditado que muito me chamava a atenção. Depois descobri que era de domínio público e de uso costumeiro aqui no Estado. Dizia ele: “O macaco cuida do rabo dos outros, mas não cuida do seu próprio rabo”. Ou seja, a censura era direcionada àquelas pessoas que costumam tecer críticas a outrem sem se dar conta do que ocorre em seu próprio quintal.
Da mesma forma ocorre
conosco em relação à segurança do trabalho. E isso ficou provado esta semana. O
Rio Grande do Sul, pasmem os senhores leitores deste periódico, é o segundo
estado do Brasil com maior número de acidentes de trabalho para cada 100 mil
habitantes. Em média, pelo menos uma pessoa morre a cada dois dias, vítima
deste tipo de acidente no estado. É o que diz a página da globo.com desta quarta-feira, dia
28 de março. E se poderia argumentar que se há acidentes é porque a economia
gaúcha está bastante aquecida. Mas não é bem assim, pois é sabido que o RS tem
ocupado posição inferior neste aspecto aos estados de São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais.
Somente nesta semana ocorreram 5 mortes na região metropolitana
por acidente de trabalho típico, sem considerar os acidentes de trânsito
envolvendo trabalhadores em atividades externas e a serviço da empresa.
E depois relatei cada um dos acidentes ocorridos, trazendo inclusive imagens das tragédias que levaram tristeza às famílias, e incharam as estatísticas.
E algumas imagens que hoje trago aqui, comprovam que nada temos a comemorar nesta data. Estas imagens que emolduram a edição foram extraídas da última edição da Revista Proteção (Ed. Julho/2012).
Por isso, gostaria de
recomendar que este dia fosse destacado como mais um dia para se refletir sobre
as nossas condições atuais das políticas de segurança adotadas pelas empresas. Políticas
essas que necessitam de muitas melhorias, principalmente na indústria da construção
civil. E aqui não me refiro às grandes construtoras, mas principalmente nestas
micro e pequenas empresas, mas que em grande maioria são contratadas para
realizar serviços terceirizados, mas sem adotar as mais básicas condições de
segurança e saúde para seus trabalhadores.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
desde a terra da cajuína, cumprimentos pela continuada vigilância pela segurança de trabalhadoras e trabalhadores,
com admiração,
attico chassot
Postar um comentário