A
sala de aula é um lugar profícuo para estabelecer diálogos que nos fazem
crescer intelectualmente. Como docente acredito que, além dos conteúdos normais
que devem ser abordados na busca de criar competências para assumir uma
profissão, outros temas paralelos devem fazer parte desta realidade. E muitas
vezes somos dominados por polêmicas políticas e sociais, observando uma
quantidade significativa de alunos e alunas que se interessam por estas
discussões. Também para evitar a alienação nesta temática, muito recorrente em
salas de aula, deixo o assunto fruir e faço alguns incentivos para que a polêmica
se estabeleça, pois ela também contribui para o crescimento intelectual, creio
eu. Logicamente, me coloco como mediador, retomando os conteúdos regulares
quando vejo que a discussão descamba para outros caminhos.
Observo
por exemplo que a maioria de nossos alunos e alunas, e isso é resultante da
ausência de uma disciplina específica no Ensino Básico, possui pouco
conhecimento em relação à Ciência Política. Aliás, tenho a impressão de que não
existe vontade política também para que eles aprendam essas noções desde cedo;
além de reconhecer que nesta idade muitos deles são extremamente resistentes a
estas discussões. Ai, sou um pouco saudosista daquele tempo em que estudamos
OSPB – Organização Social e Política Brasileira. Também havia EMC – Educação
Moral e Cívica. Na primeira disciplina estudávamos toda a estrutura
governamental do país e na segunda estudávamos os hinos, a bandeira, os brasões
e todos os seus significados.
A Presidenta Dilma representa o Executivo Federal |
Por
isso, hoje quero trazer estes conhecimentos aqui para o Blog, como uma forma de
resgatar um pouco deste assunto. São questões que mostram como são formados os
poderes de um país democrático onde prepondera o regime presidencialista.
No
Brasil os poderes estão distribuídos nas três esferas: municipal, estadual e
federal. Na esfera municipal, o Prefeito, Vice-Prefeito e seus Secretários
Municipais representam o Poder Executivo. Na esfera estadual, há o Governador,
Vice-Governador e os Secretários Estaduais. E na esfera federal, o Poder
Executivo é constituído do Presidente, Vice-Presidente e os Ministros de
Estado. Os Mandatários Eleitos (Presidente, Governador e Prefeito) são os responsáveis
pela escolha de Ministros e Secretários, municipais e estaduais. Portanto,
podem substituí-los quando bem lhes convier, pois são cargos de confiança. Mas
a escolha deste Poder Executivo é nossa, na condição de eleitores.
O
Poder Legislativo também está distribuído nas três esferas: municipal, estadual
e federal. Fazem parte do poder legislativo municipal os vereadores, que são
escolhidos para mandatos de quatro anos. Na esfera estadual, são escolhidos os
deputados estaduais, também para mandatos de quatro anos. E na esfera federal,
se escolhem os deputados federais e senadores, estes últimos com mandato
diferenciado de oito anos. No caso da esfera federal, o número de deputados
escolhidos leva em conta a representatividade em relação ao numero de habitantes
do estado que representam. Já, os senadores são três representantes por estado.
Estes representantes, em todas as esferas, são responsáveis pela elaboração de
leis em nível municipal, estadual e federal. Também são responsáveis por
fiscalizar a atuação do Poder Executivo. Podem cassar o mandato dos Prefeitos,
Governadores e Presidentes. Também os representantes deste Poder é escolhido
por nós na condição de eleitores.
Já o Poder
Judiciário é um pouco mais complexo. Aqui o Eleitor não tem vez e nem voz. Esse
poder é responsável por fiscalizar o cumprimento das leis elaboradas pelo Legislativo,
bem como pelas ações do Executivo. Então, na verdade o Poder Judiciário
fiscaliza os outros dois poderes. Os órgãos do Poder Judiciário estão
estabelecidos em nível Estadual e Federal tão somente. Os casos do poder
municipal podem ser julgados por ambos, estadual ou federal. Para tanto,
existem os Tribunais Estaduais e Federais. O Judiciário possui uma divisão por
competências.
O Poder Judiciário é indicado em todas suas esferas |
O Supremo
Tribunal Federal – STF é o órgão máximo do Poder Judiciário. Composto por 11
ministros, o STF tem competência para julgar o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, membros do
Congresso Nacional, Ministros do STF, o Procurador-Geral da República, os
Ministros de Estado, os Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, os
Membros dos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE, STM), Tribunal de Contas
da União e Chefes de missão diplomática permanente.
O Superior Tribunal de Justiça – STJ é composto
por 33 ministros, com competência para julgar os Governadores dos Estados e do
Distrito Federal, os membros doTribunal de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, do Tribunal de Contas dos Estados e do Distrito Federal, do Tribunal
Regional Federal, do Tribunal Regional Eleitoral, do Tribunal Regional do
Trabalho, do Tribunal de Contas do Município e do Ministério Público da União.
O Tribunal Regional Federal é
constituído de 7 Juízes, com competência para julgar os juízes federais em sua
jurisdição (inclusive juiz militar e da Justiça do Trabalho), os Prefeitos
(quando for matéria de interesse federal) e os Deputados Estaduais (quando for
matéria de interesse federal).
Portanto, observem que o Poder
Judiciário é bem mais complexo. Sem contar que nao adentrei aqui outros
aspectos relativos aos Procuradores e Desembargadores, dos quais podemos falar
em outra edição.
O Congresso Nacional, deputados e senadores, representam o Poder Legislativo Federal |
Mas quem escolhe o Poder
Judiciário? Quem escolhe estes ministros do STF e STJ, por exemplo? Os
ministros sao indicados pelo presidente da república.
Para o STF e
para o STJ quem indica os ministros é o Presidente da República. Nos últimos
governos quem mais indicou ministros do Poder Judiciário foi o Presidente Lula,
oito no total. Eles sao indicados e depois submetidos ao Senado Federal que faz
uma espécie de avaliação. A aprovação deve ser por maioria. Que se sabe nunca
houve rejeição de indicação presidencial por parte do Senado. Até hoje, quem
mais indicou ministros para o Judiciário foi o presidente Getúlio Vargas: 18 no
total. Só para conhecimento, os indicados do presidente Lula são: Cezar Peluso,
Menezes Direito, Ayres Britto, Carmem Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau,
Joaquim Barbosa e Dias Toffoli. Fernando Henrique, presidente anterior a Lula,
indicou os ministros Ellen Grace, Gilmar Mendes e Nelson Jobim.
A composicao
atual do STF é a seguinte, com os nomes dos presidentes que os indicaram:
Ayres Brito
– Presidente do Tribunal (Lula), Joaquim Barbosa (Lula), Celso de Mello
(Sarney), Marco Aurélio (Collor), Gilmar Mendes (FHC), Cezar Peluso (Lula),
Ricardo Lewandowski (Lula), Carmem Lucia (Lula), Dias Toffoli (Lula), Luiz Fux
(Dilma) e Rosa Weber (Dilma).
A composiçao
do STJ é de 33 ministros, e de cujo quadro fazem parte juristas de varios
estados do país. Nao trarei seus nomes aqui por ser extensa a lista e talvez
nao tao significativa assim para relatar.
Espero que
esta postagem tenha servido para um conhecimento parcial do nosso sistema
representativo e da importância do voto de cada Eleitor. Em outras edições
trarei mais deste assunto que acredito deva fazer parte do conhecimento de
todos nós brasileiros. Inclusive trarei alguns aspectos da extensa Folha de
Pagamento que tem como fonte os nossos impostos e contribuições. Aguardem...
Um comentário:
Muito estimado colega Jairo, realmente a blogada que fazes circular no ocaso setembrino é uma evocação das aulas de OSPB ou de EMC, que se chamava carinhosamente de Emoci.
É bom a cada semana frequentar teu semanário ilustrado (e aqui o adjetivo vale no sentido real e metafórico)
Que venha outubro
attico chassot
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