24 novembro 2012

EXPLORAÇÃO SEXUAL E PEDOFILIA, TANTO AQUI QUANTO LÁ


São Gabriel da Cachoeira, onde mais de 90% da população é indígena
Outrora não se tinham tantas atenções para os casos de exploração sexual de menores, bem como, da pedofilia como prática de abuso de adultos contra crianças. Pelo menos na minha percepção, parece que a sociedade teve nas ultimas décadas um despertar para esse comportamento bizarro e atroz. Para mim muita coisa mudou em nosso país depois da constituição cidadã de 1988, quando houve uma significativa investidura da legislação na proteção do direito das minorias.

Entendo também que a nova condição da mulher na sociedade contemporânea evidenciou alguns abusos masculinos que anteriormente estavam camuflados. E isso também não quer dizer que exista tão somente o abusador masculino; pois o feminino, embora notadamente não tão invasivo no sentido do ato sexual, e talvez por isso, mais tolerado, é capaz de gerar traumas de mesmas proporções nos abusados. Há muitas histórias também neste sentido.

Abuso de menores é mais comum do que se imagina
Mas acredito que ainda é grande a desvantagem feminina neste universo, tendo em vista que a elas a sociedade penaliza com pejorativos quando os casos vem à tona. Os traumas são imensos para família como um todo; pais que sofrem e menores que mesmo submetidos a programas de tratamento psicológico jamais conseguem se reconstituir.

O que tem se lido nos últimos dias sobre as meninas índias de São Gabriel da Cachoeira no interior do Amazonas é chocante, inclusive com a participação não somente de empresários locais, mas também de autoridades e figurões da sociedade amazonense. Ali as meninas tem trocado a virgindade por R$20,00 e aparelhos de celular. E o fato é de conhecimento popular desde 2008. Mas somente agora foi denunciado nacionalmente pela coragem de uma freira dominicana, Irmã Giustina Zanato, presidente do Conselho Municipal de Defesa da Criança e do Adolescente, que alias, já está jurada de morte. E o pior de tudo, é que ao procurar a Justiça, a Irmã foi aconselhada a ficar quieta no seu lugar.

Irmã Giustina está sendo ameaçada por denunciar a pedofilia na região
Mas quando uma notícia destas tem destaque na imprensa nacional, parece que estamos lidando com uma realidade exclusiva da região norte ou nordeste, onde impera essa prática e a lei pouco faz. Isso não é verdade! Da mesma forma que tenho ressaltado que aqui também temos a exploração do trabalho escravo, como mostrei em outras edições deste Blog, a exploração sexual de menores e a pedofilia campeia no “sul e sudeste desenvolvidos”, se assim podemos ou devemos chamá-lo. Em outubro passado, o Diário de Santa Maria publicava notícia denunciando um homem de 60 anos que na cidade de Cruz Alta, acobertado por sua filha de 31 anos, abusava dos netos, uma menina de 10 anos e um menino de 8 anos. Na mesma semana, ainda no município de Cruz Alta, um avô de 68 anos, também foi preso por abusar de duas netas, uma de 5 e outra de 9 anos. Também em abril deste ano, o jornal Diário Popular de Pelotas noticiava a prisão de um pedófilo de 27 anos em São Lourenço do Sul. Ele estava sendo monitorado pelos agentes da policia há tempo, e foi preso em frente a uma escola do município, onde aguardava uma das vítimas. No celular do pedófilo havia uma proteção de tela com imagem das crianças abusadas.

Academia de taekwondo em Canoas fechada por denúncia de pedofilia
Recentemente, aqui em Canoas, pais de crianças denunciaram à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente um professor  da Academia Otugui de Taekwondo no Bairro Fátima, que estaria cometendo abusos durante as aulas. O homem acusado do crime está sendo procurado pela delegada Priscila Salgado, conforme relata o Diário de Canoas em edição da semana passada. Há suspeita de que pelo menos sete crianças foram abusadas. Assim que houve a denúncia o professor sumiu, e até os banners da frente do prédio foram retirados, talvez pelo receio de a população reagir agressivamente, como ocorreu tempos passados em uma papelaria no bairro Harmonia, quando da morte de uma menina. 


Por isso tudo quero aqui frisar a importância de que não podemos crer que este tipo de crime seja característico de lugares onde impera o coronelismo e a lei não age como deveria, caso que muitas vezes é comumente imputado às regiões norte e nordeste do país. Devemos ter consciência de que aqui também estamos à mercê das mesmas barbaridades ocorridas naquelas regiões, tanto de trabalho escravo quanto no abuso de menores.       
 

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo, li ainda na noite de ontem o teu blogue em Boa Vista, a única capital brasileira no hemisfério norte.
Assunto oportuníssimo, particularmente naquela região.
Com admiração teu leitor semanal,

attico chassot