04 janeiro 2013

2013 E OS LIMITES DO CRESCIMENTO


Quando iniciamos um outro ano, como este 2013, é comum que os votos que desejamos a quem nos cerca sejam sempre de muita prosperidade, o que significa sucesso pessoal e profissional. Normalmente uma coisa está atrelada a outra. E no caso de prosperidade, a tendência é o desejo de um bom emprego, muito progresso e crescimento. Mas e até quando podemos estar desejando o crescimento e o progresso deste mundo? Sinceramente tenho dificuldades de pensar em mais progresso depois de ver a quantidade de automóveis nas estradas neste final de ano. Também tenho dificuldades de imaginar maior crescimento depois de visualizar a quantidade de pessoas nas areias de Copacabana no Rio de Janeiro e na Avenida Paulista durante a passagem do ano.
 
Não estaria na hora de repensarmos estes números? Para se ter uma ideia dos estragos que o progresso e o crescimento tem trazido ao Planeta, observem algumas imagens do dia seguinte na Praia de Copacabana e da Avenida Paulista. Será que necessitamos de mais alguma outra Revolução Industrial, para gerar mais empregos e para incrementar ainda mais a economia mundial? E os recursos naturais? Serao suficientes para as próximas décadas, principalmente nesta escalada mundial de consumo de supérfluos?
 
Para ilustrar esta edição do Blog, resolvi compartilhar com vocês o artigo do jornalista e colunista do Estado de São Paulo (www.estadao.com), Celso Ming. Trata ele desta dinâmica do crescimento e do progresso, com atenção especial para a política econômica mundial, cuja maior preocupação atual é a geração de empregos, atrelada ao crescimento da economia.
 
“Crescer, crescer, crescer. Em praticamente todos os países, a política econômica está voltada prioritariamente para a criação de empregos que, por sua vez, está condicionada à geração de riquezas. Mas até quando se pode contar com o crescimento econômico?
 
Nas últimas semanas, a pergunta vem sendo objeto de debates na imprensa mundial com base em trabalho publicado em agosto pelo economista Robert J. Gordon, professor de Macroeconomia da Northwestern University, Cambridge, Estados Unidos.
 
A última revolução ocorrida mundialmente ficou conhecida como a da Tecnologia da Informação
A avaliação de Gordon é de que a contagem regressiva para um período de crescimento zero já começou. Ele parte do princípio de que o avanço econômico global desde o século 17 está associado a revoluções industriais. A primeira delas cobriu o período que vai de 1750 a 1830 e se seguiu à invenção da máquina a vapor. A segunda, entre 1870 e 1970, foi consequência da utilização intensiva da energia elétrica e do petróleo e marcada pela produção em série. A terceira, que teve início nos anos 60, baseia-se no avanço da informática e da Tecnologia da Informação.
 
Gordon entende que os ganhos de produtividade baseados na Tecnologia da Informação vão se esgotar rapidamente e que, logo depois, virá o anoitecer.
 
Embora entre os pressupostos da política econômica estejam os de que o crescimento econômico durará para sempre, as teorias sobre seu colapso vêm lá de trás. Começaram no século 18, com o economista inglês Thomas Malthus, que chegou à conclusão de que a população mundial crescia muito mais depressa do que a produção de alimentos. Se não houvesse drástico controle da natalidade, estariam próximos os dias da grande fome e da estagnação econômica.
 
Nos anos 70, o Clube de Roma publicou um livro intitulado Os Limites do Crescimento, que provocou um vendaval. Partiu do princípio de que os recursos naturais estavam em fase de esgotamento e que, mais dia menos dia, o crescimento estancaria.
Osborne Wilson: "Precisaríamos de mais quatro planetas Terra".
Mais ou menos no mesmo sentido, ficou famosa uma frase do biólogo americano Edward Osborne Wilson: "Precisaríamos de mais quatro planetas Terra se for para sustentar toda a população do mundo aos padrões de consumo dos Estados Unidos".
 
Uma a uma, essas predições vêm sendo desmentidas - ou adiadas. A revolução verde que multiplicou a produção dos alimentos, grandes descobertas de petróleo e de matérias-primas, a reciclagem dos materiais e certo controle do desperdício foram fatores que afastaram a ideia do fim do crescimento.
 
É provável que a era iniciada com a Tecnologia da Informação tenha mais fôlego e mais o que dar do que imagina Gordon. Também não se pode descartar de antemão que novas descobertas (como a produção de energia elétrica a partir da fusão nuclear, há anos perseguida por importantes centros de pesquisa) inaugurem nova era de intenso crescimento.
 
No entanto, como aponta o Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, pouco ou quase nada sabem os especialistas e os centros de projeção sobre o crescimento a longo prazo. Provavelmente, em consequência dos seguidos desmentidos das teorias malthusianas e de variações sobre elas, a ideia dos limites do crescimento desperta pouco interesse. Mas a crise global e o alastramento do desemprego podem levar mais gente a procurar mais luz e mais respostas para a questão.”

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
desde manaus onde inicio dentro de mais um pouco um seminário Bases Epistemológicas para o Ensino de Ciências e Matemática, tua blogada desta semana inspira-me na discussão: Informação // conhecimento // saber.
Obrigado,
attico chassot