Quando
iniciamos um outro ano, como este 2013, é comum que os votos que desejamos a
quem nos cerca sejam sempre de muita prosperidade, o que significa sucesso pessoal
e profissional. Normalmente uma coisa está atrelada a outra. E no caso de prosperidade,
a tendência é o desejo de um bom emprego, muito progresso e crescimento. Mas e
até quando podemos estar desejando o crescimento e o progresso deste mundo?
Sinceramente tenho dificuldades de pensar em mais progresso depois de ver a
quantidade de automóveis nas estradas neste final de ano. Também tenho
dificuldades de imaginar maior crescimento depois de visualizar a quantidade de
pessoas nas areias de Copacabana no Rio de Janeiro e na Avenida Paulista
durante a passagem do ano.
Não
estaria na hora de repensarmos estes números? Para se ter uma ideia dos estragos
que o progresso e o crescimento tem trazido ao Planeta, observem algumas
imagens do dia seguinte na Praia de Copacabana e da Avenida Paulista. Será que
necessitamos de mais alguma outra Revolução Industrial, para gerar mais
empregos e para incrementar ainda mais a economia mundial? E os recursos
naturais? Serao suficientes para as próximas décadas, principalmente nesta
escalada mundial de consumo de supérfluos?
Para
ilustrar esta edição do Blog, resolvi compartilhar com vocês o artigo do
jornalista e colunista do Estado de São Paulo (www.estadao.com),
Celso Ming. Trata ele desta dinâmica do crescimento e do progresso, com atenção
especial para a política econômica mundial, cuja maior preocupação atual é a geração
de empregos, atrelada ao crescimento da economia.
“Crescer,
crescer, crescer. Em praticamente todos os países, a política econômica está
voltada prioritariamente para a criação de empregos que, por sua vez, está
condicionada à geração de riquezas. Mas até quando se pode contar com o
crescimento econômico?
Nas últimas
semanas, a pergunta vem sendo objeto de debates na imprensa mundial com base em
trabalho publicado em agosto pelo economista Robert J. Gordon, professor de
Macroeconomia da Northwestern University, Cambridge, Estados Unidos.
A última revolução ocorrida mundialmente ficou conhecida como a da Tecnologia da Informação |
A avaliação
de Gordon é de que a contagem regressiva para um período de crescimento zero já
começou. Ele parte do princípio de que o avanço econômico global desde o século
17 está associado a revoluções industriais. A primeira delas cobriu o período
que vai de 1750 a 1830 e se seguiu à invenção da máquina a vapor. A segunda,
entre 1870 e 1970, foi consequência da utilização intensiva da energia elétrica
e do petróleo e marcada pela produção em série. A terceira, que teve início nos
anos 60, baseia-se no avanço da informática e da Tecnologia da Informação.
Gordon
entende que os ganhos de produtividade baseados na Tecnologia da Informação vão
se esgotar rapidamente e que, logo depois, virá o anoitecer.
Embora entre
os pressupostos da política econômica estejam os de que o crescimento econômico
durará para sempre, as teorias sobre seu colapso vêm lá de trás. Começaram no
século 18, com o economista inglês Thomas Malthus, que chegou à conclusão de
que a população mundial crescia muito mais depressa do que a produção de
alimentos. Se não houvesse drástico controle da natalidade, estariam próximos
os dias da grande fome e da estagnação econômica.
Nos anos 70,
o Clube de Roma publicou um livro intitulado Os Limites do Crescimento, que
provocou um vendaval. Partiu do princípio de que os recursos naturais estavam em
fase de esgotamento e que, mais dia menos dia, o crescimento estancaria.
Osborne Wilson: "Precisaríamos de mais quatro planetas Terra". |
Mais ou
menos no mesmo sentido, ficou famosa uma frase do biólogo americano Edward
Osborne Wilson: "Precisaríamos de mais quatro planetas Terra se for para
sustentar toda a população do mundo aos padrões de consumo dos Estados
Unidos".
Uma a uma,
essas predições vêm sendo desmentidas - ou adiadas. A revolução verde que
multiplicou a produção dos alimentos, grandes descobertas de petróleo e de
matérias-primas, a reciclagem dos materiais e certo controle do desperdício
foram fatores que afastaram a ideia do fim do crescimento.
É provável
que a era iniciada com a Tecnologia da Informação tenha mais fôlego e mais o
que dar do que imagina Gordon. Também não se pode descartar de antemão que
novas descobertas (como a produção de energia elétrica a partir da fusão
nuclear, há anos perseguida por importantes centros de pesquisa) inaugurem nova
era de intenso crescimento.
No entanto,
como aponta o Prêmio Nobel de Economia de 2008, Paul Krugman, pouco ou quase
nada sabem os especialistas e os centros de projeção sobre o crescimento a
longo prazo. Provavelmente, em consequência dos seguidos desmentidos das
teorias malthusianas e de variações sobre elas, a ideia dos limites do
crescimento desperta pouco interesse. Mas a crise global e o alastramento do desemprego
podem levar mais gente a procurar mais luz e mais respostas para a questão.”
Um comentário:
Meu caro Jairo,
desde manaus onde inicio dentro de mais um pouco um seminário Bases Epistemológicas para o Ensino de Ciências e Matemática, tua blogada desta semana inspira-me na discussão: Informação // conhecimento // saber.
Obrigado,
attico chassot
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