Alguns dos primeiros palestrantes que aprendi a admirar |
Ao longo destes anos todos de cursos, treinamentos e
palestras, aprendi a eleger alguns como relevantes. Principalmente, porque o conhecimento
demonstrado pelos palestrantes e a competência ao falar me tornou mais
seletivo. Quando morei no Distrito Federal, por exemplo, lá pelo início dos
anos 90, tinha uma predileção pelo Ciclo de Palestras promovido pelo Correio
Braziliense, periódico que circula em Brasília desde sua fundação e que é
considerado o mais antigo do Brasil, tendo sido lançado ainda quando a capital
era o Rio de Janeiro. Num evento anual
com ilustres convidados, pude participar de inúmeras palestras. Eu cheguei a me
tornar sócio de carteirinha destes ciclos.
Foi ali que tive o prazer de conhecer figuras ilustres
e de grande potencial evocativo como Cristovam Buarque, Içami Tiba, Luiz
Marins, Daniel Godri, Max Gehringer, Roberto Shinyashiki e Amyr Klink entre
outros. Cada um deles trazia ao palco do auditório do Correio Braziliense suas
vivencias e experiências nas respectivas áreas de atuação. E isso era
encantador, pois cada evento se bebia de fontes diversas do conhecimento. Até
hoje sou capaz de destacar resumidamente o que cada um falou na oportunidade. Aliás,
de todos eles tenho pelo menos uma obra autografada, adquiridas ou presenteadas
durante aqueles eventos, e que são verdadeiros troféus em minha biblioteca.
E o que aprendi com isso? Que além do tema ser
interessante, a abordagem de quem trata o assunto é muito importante. Eu diria
mais ainda: é de extrema importância a preparação, o planejamento. Todos estes
profissionais da verve se preparam para cada evento, buscando informações
locais do público, suas origens, suas preferências e tudo mais. Além,
certamente, da grande experiência que trazem de suas trajetórias. Por isso, durante a fala de um conferencista
se pode observar nos olhos da plateia um encantamento. E há nestes palestrantes
de fala eficaz um certo mistério.
Chassot encanta plateias por onde vá |
Mas por falar nesta habilidade, quero abrir um espaço
para homenagear quem eu considero um ”expert” na tarefa de falar em público;
além de ser meu amigo, meu mestre e sempre orientador. Por diversas vezes
destaquei isso nas edições deste semanário. Também, não sei se ele vai ver de
bom grado que eu o tenha imposto a esta plêiade de famosos citados
anteriormente. Mas, para mim, ele integra esta constelação que me ensinou a
admirar o dom da palavra. Ele, que esta semana completou 75 anos, é um dos
poucos nomes de relevância na “alfabetização científica”, e vive recortando o
país para levar suas vivencias e experiências aos mais distintos públicos. O
professor Attico Chassot é um dos grandes palestrantes que conheço. Chassot é,
antes de mais nada, um encantador de auditórios quando fala. Educador completo,
pós doutorado pela Universidade Complutense de Madri, com uma experiência inigualável de sala de aula, arrebata educadores,
poderíamos dizer, do Oiapoque ao Chuí. E sua agenda é uma das mais concorridas
que conheço.
Numa mesma semana profere palestras a um grupo seleto
de professores da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus e, dois dias
depois, está falando a um auditório lotado em Frederico Westphalen, onde faz
parte do programa de Pós-graduação em Educação.
Rotina? Essa palavra foi extirpada do seu dicionário
pessoal. Talvez por isso se mantenha tão ativo e atuante. Apanha um avião cedinho
no Salgado Filho, desce em Viracopos no meio da manhã, viaja de ônibus algumas
horas e daqui a pouco se encontra com alunos no interior de São Paulo para uma
aula inaugural. Terminada a aula, almoça com eles e, no início da tarde,
retorna ao mesmo aeroporto, onde apanha um voo em direção ao Nordeste. Lá, no
aeroporto de Guararapes, desembarca para falar à tarde a um grupo de
professores, não sem depois autografar uma de suas sete obras sobre educação.
Tarefa cumprida, hora de ir ao hotel descansar, certo? Errado! Hora de
atualizar seu Blog, editado diariamente com assuntos instigantes e contando as
jornadas empreendidas. Aproveita ainda este tempo livre (???) para responder mensagens
e conversar pelo Skype com alguns mais chegados. De manhã retorna ao aeroporto,
apanha outra aeronave e quatro horas depois já está em Barra do Garças, para
mais uma Jornada de Química à tarde, onde vai falar por duas horas a alunos da
Universidade Federal do Mato Grosso. No final da tarde, retorna ao aeroporto e
parte em direção a Macapá, onde terá duas palestras e um minicurso num
Seminário e Feira de Ciências e Engenharia do Amapá. Somente no dia seguinte,
pela manhã, retoma o caminho de volta a Porto Alegre, com uma sequencia de
“sobe e desce” aeronáutico que qualquer jovem desavisado rejeitaria pelo cansaço
imposto. Chegado à Morada dos Afagos, onde habita em horários que a agenda lhe
concede, só lhe resta tempo para rapidamente desfazer as malas e cochilar um
pouco, pois pela manhã os alunos do Mestrado Profissional de Reabilitação e
Inclusão do Centro Universitário Metodista já estão a clamar por sua
presença.
Chassot fala na abertura do ano letivo 2014, com a presença do Secretário de Educação do RS |
Em inúmeras oportunidades o professor Chassot foi meu
convidado em escolas da região onde atuo. Acedeu aos convites com muita
gentileza. E sempre surpreendeu a mim e as ouvintes em suas falas, com novas
abordagens, com atualidade em seus temas. Chassot é um palestrante organizado,
preparado e faz questão de planejar suas palestras.
Lembro bem de uma palestra para qual eu convidei-o a
ministrar, num início de semestre de escola da região. Me perguntou se poderia
falar da “indisciplina” como uma forma de ensinar. Logo fiquei curioso para ver
como ele traria este tema aos professores, dos quais sempre ouvi as queixas com
atitudes discentes relapsas. Qual não foi minha surpresa ao observar os
professores absortos na fala do Chassot, entendendo que muitas vezes se podia
utilizar a “indisciplina” como uma maneira de discretamente incutir o
conhecimento e provocar os alunos e alunas neste “fazer educação”. Ao final, o
auditório inteiro se rendeu aos argumentos do professor Chassot, com
posteriores solicitações de autógrafos e interlocuções.
Exemplos como esse são pérolas raras que algumas
ostras camufladas nos obsequiam a cada época. São poucos os que surgem com esta
sina de encantar pela palavra, pelo discurso competente e eivado de sabedoria. Como
admirador de sua trajetória, também tenho verdadeiros troféus em minha
biblioteca. São as sete obras do professor Chassot, que estão carinhosamente
guardados num cantinho destacado e que possuem seu autógrafo.
Momentos de descontração na Morada dos Afagos |
Considero-o um "Menestrel do Saber Científico", pelo
relevante trabalho em prol da educação, e de que poucos são capazes. A
empatia e o saber do professor Chassot conquista e cativa a todos, tornando-nos
pessoas transformadas pelo conhecimento e modificadas a partir de cada contato,
de cada expressão disseminada, de cada semente plantada. Não fiz referência aqui também das atuações internacionais de Chassot, com jornadas em vários continentes, relatando as emoções vividas em seu Blog diário. Resta a nós torcer
para que tenhamos ainda por muitos anos seus ensinamentos e o magnetismo de
suas intervenções. Parabéns, Mestre e Orientador, pelos teus 75 anos!
2 comentários:
Muito querido amigo Jairo,
Recebo, comovido, a homenagem prestada. As loas cantadas são devidas mais à mizade do que aos meus méritos.
Profundamente emocionado...
Com gratidão,
attico chassot
Você é merecedor desta homenagem pela tua competência.
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