07 julho 2009

O TRABALHO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

No último dia de junho, em aula ministrada a uma turma iniciante do curso técnico de segurança do trabalho da Escola Técnica Cristo Redentor de Porto Alegre, provoquei os alunos à discussão sobre o trabalho na infância e na adolescência, tomando por mote da reflexão o texto do capítulo IV do livro "Análise de Acidentes de Trabalho Fatais no RS", uma publicação do SRTE / RS. Muitas contribuições foram trazidas durante a leitura do capítulo e sua análise.

Depois de uma aula bastante participativa, onde alunos e alunas puderam expressar suas opiniões sobre o trabalho infantil e adolescente, solicitei a eles que elaborassem um texto tratando do tema e que envolvesse a discussão realizada em sala de aula. Pois bem, todos exercitaram o dom da escrita e o resultado foi excelente. Muitos textos repletos de ponderações pertinentes foram entregues, a ponto de me colocar numa situação delicada para escolher aquele que seria aqui publicado. Pensei e repensei sobre a escolha. Finalmente, trago o texto que salientou aspectos que considerei relevantes. É o texto da aluna Rovena Mattevi, sem desmerecer outros que por certo poderiam figurar neste espaço. Leiamos então!


O TRABALHO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

"O trabalho de crianças e adolescentes é um grave problema social. Esse trabalho precoce está associado muitas vezes à pobreza e à exclusão existentes em nosso país. Crianças e adolescentes trabalham em condições de risco, comprometendo sua saúde e seu futuro. Por isso, creio que não deveriam trabalhar.

O assunto é polêmico, pois nos defrontamos com duas opiniões. De um lado estão os que pensam que o trabalho precoce de crianas e adolescentes afasta esses jovens da marginalidade. Mas até onde isso é verdade? Está certo dizer que, enquanto trabalham e ganham seu sustento estão longe das ruas? Lugar esse onde poderiam estar roubando ou consumindo bebidas alccólicas, fumo e outras drogas? Será que esses jovens estão prontos para enfrentarem uma jornada de trabalho e mais um turno de estudos à noite? Isso sem falar da imaturidade, da falta de experiência, da imprudência, da facilidade de se entediar, da falta de atenção e outras dificuldades que esses jovens atravessam nessa fase da vida. Todos esses fatores se transformam em fatores de risco, na medida em que se associam a outros tantos. Por outro lado, os jovens chamados "responsáveis", e que trabalham tão cedo para ajudar no sustento de suas famílias, ganham seu próprio dinheiro e entram em contato com pessoas mais experientes. Estima-se que isso facilita a esses adolescentes o ingresso mais cedo no consumo do álcool, do tabaco e de outras drogas, em maior quantidade do que jovens não trabalhadores.

Creio que nossa legislação muito pouco pode contra problemas sócio-econômicos desse tipo, pois não são cumpridas em grande parte.

Quanto aos acidentes, nota-se que tudo que se refere à máquinas e equipamentos é projetado e construído para o uso de adultos, não se pensando em crianças ou adolescentes. Mas muitos desses jovens poderão ter suas vidas abreviadas por lesões permanentes que os impedirá de ter uma vida saudável e de realizar seus sonhos ou até mesmo perderem seu bem mais precioso que é a vida. Tais adoslescentes não são apenas vítimas, mas também sobreviventes de um cotidiano repleto de riscos, onde a própria acepção da palavra demonstra a probabilidade de perda ou ganho. Isso sem contar que perdem parte da infância, deixam de brincar, ir à escola e realizar atividades relacionadas à sua idade.O trabalho precoce pode prejudicar a formação intelectual desses jovens, limitando a chance de sucesso em suas vidas.

Assim, podemos pensar que, além de nos preocuparmos com segurança do trabalho, devemos ter um olhar mais crítico e mais atento quando se trata de trabalho entre os jovens, já que nessa fase de suas vidas não há uma preocupação com o futuro. Como técnicos de segurança do trabalho cabe-nos garantir que esses jovens estejam protegidos em seus ambientes de convivência, já que muitas vezes buscar o sustento da família requer a exposição a riscos de forma precoce, mesmo que para nós isso seja contraditório."

NOTA: Aqueles que quiserem fazer críticas, opinar sobre o tema ou falar com a autora, podem enviá-las para o endereço rovenamattevi8866@hotmail.com

Um comentário:

Sheila Guarilha disse...

Rovena Parabéns pela redação, e
também pelo tema abordado.
Professor Jairo- Parabéns pela sua maestria, e pelo ótimo trabalho que desenvolves.
Sugiro a todos a leitura do estatuto da Criança e do Adolescente e também da Lei da Maria da Penha(Lei das mulheres e do idosos). Essas, são leituras e estudos que não fizemos no Curso, mas é um conhecimento fundamental para todo o individuo, e no meu ponto de vista, muito rica para o Técnico em Segurança do Trabalho.
Despeço-me com abraço um fraterno!
Sheila Guarilha - Coord.TST Escola Técnica Cristo Redentor/Porto Alegre