26 março 2011

EDUCAÇÃO: UM EXEMPLO QUE VEM DO JAPÃO

É muito comum a divulgação hoje em dia de tragédias. Principalmente aquelas que cotidianamente estampam os periódicos nas bancas de jornais, as manchetes de noticiários televisivos ou as chamadas de programas radiofônicos. E numa análise imediata da reação nestas efemérides, muitos de nós consegue antever qual a formação das pessoas envolvidas, ou o nível de educação de cada um, seja pelo comportamento e reação demonstrados naquele momento fatídico, seja pela forma de se manifestar e reagir diante dos fatos. É possível muitas vezes prever até onde vai o nível de instrução de cada indivíduo.

Minha impressão é de que a reação de cada pessoa tem muito a ver com o nível de educação de cada um. Há pessoas que reagem com imensa dose de emoção diante dos fatos e assim não conseguem manter o controle para buscar soluções. Outras, passado o momento do choque inicial, conseguem raciocinar e, se utilizando da razão, conseguem buscar estratégias para a resolução dos problemas. Me parece que essa é a postura daqueles que possuem mais conhecimento acumulado, e que assim, se utilizam da sabedoria para buscar um caminho.

A recente tragédia no Japão, além de nos deixar comovidos pelas imagens impactantes de eventos naturais que são desconhecidos nestas plagas, terremotos e tsunamis, serviu como observatório de comportamento.

Olhando com calma as imagens da tragédia, a desolação das casas e ruas destruídas é um “review” do que os japoneses já vivenciaram em plena Segunda Guerra Mundial, no século passado. De um país arrasado por bombas atômicas, os nipônicos conseguiram construir uma ilha de prosperidade em tempo recorde ao término do conflito e com o país totalmente arrasado e endividado. Não esqueçamos que é de lá que veio, principalmente aqui para o Brasil a partir da década de 1970, um dos primeiros princípios de organização e qualidade, e que aplicado nas empresas brasileiras repercutiram também em muitos lares: o Princípio dos 5S. Lembram disso? Seiri, Seiton, Seisso, Seiketsu e Shitsuke. O povo japonês conseguiu transformar as ruínas da segunda guerra em um paraíso promissor. E o crédito que se deve contabilizar para essa transformação tem um nome: educação.

Admito sem dúvida que a disciplina e a educação do povo nipônico é passível de algumas críticas por parte de educadores brasileiros, que vêem no modelo japonês uma certa radicalidade e que retira alguns princípios democráticos da sociedade ocidental e da forma como ela pensa a educação. Até porque a figura paterna e materna naquela sociedade desempenha um papel não muito similar à nossa.

Mas o que chamou a atenção nestes dias, em que até mesmo o ditador Kadaffi ficou esquecido e pode esbanjar seu instinto sanguinário e prepotente, foi a educação e disciplina do povo japonês atingido pela tragédia. Em longas filas, pessoas se postavam ordeiramente aguardando o momento de receber os mantimentos para a sobrevivência em meio a tanta destruição. E jamais se viu algum registro de invasão ou de saques a supermercados, lojas e comercio em geral. Não houve sequer referência a plantões policiais nas proximidades das cidades atingidas para evitar saques noturnos, o que foi necessário por exemplo, até mesmo em São Lourenço do Sul aqui em nosso Estado.

A educação tem esse dom: é capaz de tornar as pessoas mais cientes de seus direitos e deveres. É também capaz de criar sentimento de responsabilidade de cada cidadão em relação ao núcleo comunitário, fazendo com que se possa pensar no coletivo em detrimento do individual. Pelo menos é isso que se espera de uma boa formação.

Mas essa educação não é tão somente aquela ministrada nos bancos escolares. Ela tem muitas etapas e permeia o indivíduo em todas as fases de sua vida: infância, adolescência e idade adulta. E parece que isso pode ser identificado mais facilmente na educação do povo japonês, pois uma sólida estrutura familiar oriunda dos sacrifícios impostos pela natureza e o reconhecimento e o respeito ao idoso como fonte de sabedoria são características fortes daquela sociedade. Por isso, não há tragédia que seja capaz de eliminar o sonho de reconstrução da ilha de prosperidade que foi/é/será o Japão, mesmo que antes da destruição da região nordeste o país já assumisse uma intensa crise financeira. Mas, o segredo dessa perspicácia da sociedade japonesa, creio eu, está na educação. E alguém duvida dessa reconstrução?

Um comentário:

Attico CHASSOT disse...

Muito especial amigo Jairo,
mais um texto especial nestas blogadas de fins de semana. Independente do texto, a imagem da mãe com o filho.
Lembrei-me do slogan da Campanha da Fraternidade 2011:A CRIAÇÃO GEME EM DORES DE PARTO.
Minha continuada admiração um afago desde Bonito
attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com