Depois, em 19 de dezembro do mesmo ano escrevi "O que nos Incomoda" ( www.profjairobrasil.blogspot.com/2009/12/o-que-nos-incomoda.html ), sobre a corrupção descoberta no governo Arruda do Distrito Federal. A última vez que havia tratado do tema corrupção foi em 08 de maio de 2010, quando escrevi "A corrupção mais perto de nós" ( www.profjairobrasil.blogspot.com/2010/05/corrupcao-na-seguranca-do-trabalho.html ), falando da corrupção envolvendo engenheiros de segurança do trabalho.
E aí então vem a notícia de que o Ministério do Transportes, através de seu Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes aloja uma quadrilha há mais de 8 anos, com a conivência do próprio ministro Alfredo Nascimento da sigla PR - Partido Republicano. Além disso, nas fileiras do ministério, interferindo e articulando a maioria das negociatas e influências do partido nas entranhas do governo federal, uma figura notória e já conhecida de muitos de nós desde o escândalo do Mensalão, Valdemar da Costa Neto.
Na semana passada, Valdemar da Costa Neto foi denunciado por um empresário paulista. O empresário afirmou que estava sendo alvo de chantagens, ameaças e cobrança de propina por parte do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) e outros políticos do Paraná do mesmo partido. O deputado Valdemar Costa Neto já foi citado em outro caso de cobrança de propina, desta vez relatado pelo vereador Agnaldo Timóteo (PR) em carta para a Câmara Municipal de São Paulo. Vê-se que a corrupção e o tr
ato com o dinheiro público em benefício próprio é uma especialidade do deputado.
Escolhi um artigo publicado em Zero Hora deste 23 de julho, tratando da corrupção no Ministério dos Transportes escrito pelo jornalista Flavio Tavares, onde ele registra a situação delicada que se impõe à presidenta Dilma Roussef, no momento em que procura fazer uma faxina naquele ministério.
Tempos atrás, lembrei que o verbo “roubar” vem do alemão, “rauben”, mas desfruta de tanta reverência entre nós que parece até ter nascido aqui como nosso Imperador Primeiro e Único. Ou não é isto que mostra a devastadora roubalheira descoberta no Ministério dos Transportes?
Sempre que nos indignamos com a rapina do dinheiro público, surge uma frase-clichê repetida como analgésico a nossa repulsa: “Corrupção existiu sempre e não começou agora”. É até verdade. A ladroagem de outrora, porém, era feita ao acaso por indivíduos isolados dentro do aparelho do Estado. Era imoral, mas não chegava ao tom brutal e avassalador que aparece agora e que agiu impunemente desde o primeiro período presidencial de Lula da Silva. Já não há corruptos, mas quadrilhas organizadas para o assalto, mascaradas de partidos políticos. E tudo em grande escala, envolvendo centenas de milhões ou bilhões de reais.
Na regência da banda de ouro está o Partido da República, PR, comandado por seu dono e secretário-geral, Valdemar Costa Neto. Antes, chamava-se Partido Liberal, PL, e como tal, em 2001, negociou por R$ 10 milhões o apoio à candidatura de Lula da Silva pelo PT, indicando José Alencar como candidato a vice. O apoio aumentava em quase 20% o espaço de Lula no rádio e TV.
Era apenas o início...
As fraudes de superfaturamento (e outras) são tão abertas que, após a denúncia da imprensa, a presidente Dilma Roussef demitiu o ministro dos Transportes e (até agora) outros 15 auxiliares de alto escalão, todos do inefável PR. Para não parecer que desdenhava o aliado, poupou da varredura o secretário executivo do ministério, também do PR. E, Paulo Passos, filtro de tudo que lá ocorria, virou novo ministro!
Mas a corrupção é uma teia expansiva. A avalanche do escândalo eriçou o tal de PR e quando a presidente ordenou “uma devassa” no ministério, os parlamentares do partido ameaçaram “retaliar”.
Nenhum dos seus 41 deputados ou sete senadores fez qualquer crítica à roubalheira. Nenhum refutou os números bilionários do assalto, difundidos na imprensa. O Departamento Nacional de Infraestutura dos Transportes, Dnit, é feudo do PR há oito anos, mas o partido calou-se quando o controlador geral da União, Jorge Haage, fez um trocadilho com a sigla: “O Dnit tem o DNA da corrupção”.
Além da ameaça de “deixar a base aliada” no Congresso, a reação mais visceral dos parlamentares do PR (um deles é vice-líder do governo) é associar o Partido dos Trabalhadores às fraudes.
E aí entra assunto direto dos gaúchos: a duplicação de 348 quilômetros da BR-101, de Osório a Palhoça (SC), por exemplo, custou quase R$ 2 bilhões ao longo de seis anos, com 23 contratos de obras e 268 “termos aditivos” que aumentaram o preço em R$ 317,7 milhões, pelo menos. (Os “termos aditivos” costumam ser utilizados como “saída legal” para os superfaturamentos.) Mas o Partido da República “esclarece” que na BR-101, que começa em Osório, quem dá as cartas é Hideraldo Caron, do PT gaúcho e diretor da área rodoviária do Dnit...
Delatar o cúmplice é típico do baixo mundo do crime. Mas está aí, bailando na política, já que a legislação partidária não coíbe que as quadrilhas tenham registro no Tribunal Eleitoral.
Assim, vemos Dilma Roussef (mesmo tentando levar adiante a devassa) tornar-se refém do apoio parlamentar de gente que vê a República como gazua para abrir o cofre. Que República é esta em que a presidente é refém da chantagem e nos parece normal?
Algumas pessoas marcam nossas vidas de forma inesquecível. O professor Clovis Duarte foi uma dessas pessoas que muito me ensinaram, quando freqüentei por um ano o curso Pré-Vestibular IPV, ali na Salgado Filho, no centro de Porto Alegre. Clovis tinha um domínio natural da sala de aula e catalisava a atenção de todos os alunos para as explicações convincentes dos temas da Biologia. Muito me impressionava sua forma de dar aula, quando conseguia envolver a todos por igual, conclamando à participação geral. Hoje, quando estou em sala de aula, no meu ofício docente, muitas vezes me pego adotando algumas ferramentas pedagógicas que aprendi com o professor Clovis. Confesso que tudo que não havia aprendido no ensino regular sobre Biologia, aprendi com o professor Clovis Duarte naturalmente. É mais “uma biblioteca que se queima”, como costuma lembrar meu mestre em educação, professor Attico Chassot. Fica a lembrança de um jornalista competente e de um professor que marcou minha carreira. |
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CLOVIS NOGUEIRA DUARTE * 06.02.1942 † 19.07.2011 |
2 comentários:
Meu caro Jairo,
desde Paris renovo minha admiração por teu blogue e agradeço a ‘atualização’ de Brasil.
Linda, oportuna e justa a homenagem ao meu ex-colega Clóvis Duarte.
Com estima e continuada admiração, attico chassot
Maeu caro Jairo, voltei a visitar teu blogue em Moscou. Não encontrei o comentario que postara em Paris acerca do passamento do Prof. Clovis,
um abraço moscovista, achassot
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