05 abril 2013

A EXPLORAÇÃO DO AMIGO CÃO


Alguns assuntos são polêmicos e suscitam
comentários bastantes efusivos
Escrever semanalmente neste espaço, selecionando assuntos que catalisem a atenção dos leitores é um grande desafio. Mas esta tarefa me proporciona um grande prazer, e não vejo sacrifício neste labor. Se assim fosse, não estaria tão comprometido como estou há cerca de seis anos  no ofício de blogueiro. O número de acessos diários tem batido na média de 160 leitores. Só este índice já me impregna de uma grande responsabilidade.

Todavia, alguns assuntos parecem chamar mais a atenção do que outros. Em alguns momentos procuro evitar aqueles de grande polemica, como política, religião e futebol. Mas creio que manifestar minha opinião também é uma obrigação, pois prá quem se atreve a escrever de forma disciplinada em um veículo de divulgação periódica prá um número razoável de leitores, não se deve ter receio de expor a “cara a tapas”. Foi assim que ocorreu quando escrevi há cerca de um ano sobre os ataques frequentes de cães de raças específicas a crianças ( http://profjairobrasil.blogspot.com.br/2012/02/cao-amigo-ou-amigo-cao.html). Tão logo houve a publicação, recebi uma saraivada de comentários contestatórios. Alguns inclusive com palavras bastante contundentes, como a Elisangela Lima, leitora de Goiânia:

“PARA MIM VOCÊ NÃO SABE DA MISSA UM TERÇO. SIM, DEPENDE MESMO DA CRIAÇÃO. NÃO FALO DO PITBUL PQ NÃO CONHEÇO, MAS ROTWAILLER COM CRIAÇÃO E CARINHO É UMA RAÇA DE EXTREMA CONFIANÇA. PASSEIO COM MEU CASAL PELA RUA (COM FOCINHEIRA E ENFORCADOR COMO DIZ A LEI), ELES NEM LIGAM PARA AS PESSOAS, CHAMAM A ATENÇÃO PELO PORTE, MAS A MAIORIA TEM CURIOSIDADE, QUER CHEGAR PERTO.... NUNCA OUVI FALAR DE UM ATAQUE DE ROTWAILLER INVOLUNTÁRIO.. (SÓ QUANDO É MESTIÇO COM OUTRA RAÇA) ENTÃO NÃO EM VENHA COM ESSA DE EXTINGUIR... NÃO É UMA RAÇA DE LABORATÓRIO . EXISTE NO MUNDO ( NA ALEMANHA) HÁ CENTENAS DE ANOS E NÃO É VC COM SUA PETULÂNCIA QUE FARA QUALQUER COISA A RESPEITO. SE FOR ASSIM, VAMOS EXTINGUIR MOTORISTAS BÊBADOS QUE MATAM MUITO MAIS...
 
O abandono e a solidão também foram
motivos para mobilizar as ONGs em prol da lei
Portanto, este é um assunto que suscita muitos comentários e opiniões controversas. Não há como negar que os animais de estimação tem assumido papel importante na vida de muitas pessoas, inclusive com grande participação no setor econômico, fazendo a alegria do bom desempenho dos proprietários de pet shop.

Pois mais vez o tema canino reaparece por aqui, pela polemica provocada por uma lei estadual aprovada na assembleia legislativa neste 26 de março. De autoria do deputado Paulo Odone (PPS), a lei proíbe o aluguel de cães para serviços de vigilância no Estado. Para Odone, a lei traz duplo benefício à sociedade; livra os cães de uma prática cruel e medieval, e ainda, resgata a possibilidade de fornecer emprego digno à cidadãos que buscam uma oportunidade no mercado de trabalho.

O texto da lei prevê ainda que o infrator estará sujeito ao pagamento de multa no valor de 100 UPF’s/RS em valores atuais, cerca de R$1.300,00. Essa multa deve ser multiplicada pelo número de animais que possuir. Também fica definido que os custos referentes ao recolhimento e encaminhamento para atendimento médico veterinário serão de responsabilidade do infrator.
O empresário Flávio Porto teve a ideia de utilizar
cães como seguranças patrimoniais

Embora eu tenha feito pesquisa sobre denúncias em relação às empresas que utilizavam cães como “funcionários de segurança patrimonial”, nada encontrei nos periódicos locais. Mas lembrei-me de uma empresa que por diversas vezes encontrei nas ruas de Porto Alegre, transportando cães em minúsculas gaiolas acomodadas na carroceria de pequenas caminhonetes pickups. Sempre achei uma grande tortura a esse animais, e por causa disso, marquei o nome da empresa.

A PROTECÃES é uma empresa criada pelo adestrador gaúcho Flávio Porto, e que foi motivo de reportagem da Revista Exame, edição número 20 de agosto de 2009, referendando-a como um grande exemplo de sucesso empresarial. Em um trecho a entrevista destaca:

“Em 2008, a Protecães faturou 20 milhões de reais -- uma receita dez vezes maior do que a obtida apenas três anos antes. Construtoras à procura de proteção para canteiros de obra e shopping centers estão entre alguns dos principais clientes. O grande salto de crescimento aconteceu depois que Porto conquistou as operadoras de telefonia celular, que encontraram na cachorrada uma alternativa para proteger torres de transmissão muitas vezes situadas em locais de difícil acesso, como no alto de morros ou no meio de terrenos desocupados. "As telefônicas fizeram a Protecães deslanchar", diz Porto.

Prá quem quiser ler a reportagem da revista Exame na íntegra, basta acessar (http://exame.abril.com.br/revista-exame-pme/edicoes/0020/noticias/caes-aluguel-494512).

O anúncio da Protecães tenta amenizar a exploração dos animais

Vê-se, desta forma, que a busca do lucro importa quase sempre no pensamento maquiavélico de que “os fins justificam os meios”. Ou seja, fazer uso de animais treinados para proteger o patrimônio de outrem pode ser um meio interessante de acumular riqueza, mesmo que estes não possuam a capacidade de reivindicar direitos pelo eficiente trabalho realizado. Sugiro a estes senhores, donos desta grande ideia, que assistam o filme “Planeta dos Macacos – A Origem”. Talvez depois de assistirem a película tenham algumas noites de insônia. Ou não.


3 comentários:

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Homo sapiens adestra os animais
Para seu conforto, guarda e que tais
Escraviza pobres cães
Explora suas vocações
Desde suas aglomerações tribais.

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Dizem, do homem cão é melhor amigo
Não é verdade verdadeira, predigo
E o melhor amigo do cão?
O homem esse bobalhão?
Esse que só olha pro próprio umbigo?

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
oportuna ~~ uma vez mais ~~ tua postagem, apoiando a proibições de se usar cães como vigia de obras.
Quando aplaudo esta iniciativa causa-me espécie ver em supermercados, por ocasião das vendas de páscoa, sessão de chocolates para pets.
Com estima,
attico chassot