27 abril 2013

SONHAR É BOM! REALIZÁ-LO É MELHOR AINDA!


“Os dias prósperos não vêm por acaso; nascem de muita fadiga e persistência.” Esta frase é de autoria de um dos maiores empresários da história humana, pioneiro da fabricação de automóveis. Seu nome? Henry Ford.
Três expoentes que transformaram o mundo com seus inventos e persistência

“A persistência é o menor caminho do êxito.” Esta também é uma frase de uma das maiores personalidades do cinema mundial. Ator, diretor, produtor, humorista, empresário, escritor, comediante, dançarino e músico britânico, Charles Chaplin se tornou famoso pelo uso da mímica do cinema mudo em seu primórdios.

“Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.” Esta frase foi pronunciada por Thomas Alva Edison, inventor, cientista e empresário estadunidense que registrou mais de 2.300 patentes de invenções, e que ficou mais conhecido pela concepção da lâmpada elétrica incandescente.

Analisando-se com mais profundidade as frases em destaque, se pode dizer que quem as pronunciou possuía uma coisa em comum, a persistência. Talvez este tenha sido o segredo do sucesso destas pessoas. Isso comprova que para se chegar a algum lugar há muito de esforço, de trabalho e de persistência. Ou seja, o sucesso muitas vezes não se compõe de “imediatismos”, de “modismos”. Basta lembrar que todo o sucesso proveniente deste imediatismo ou de modismos repentinos é pulverizado em escasso tempo. É o que podemos denominar de “efêmero”, ou de “fluído”, como quer o sociólogo polonês Zigmunt Baumann. Para comprovar isso basta lembrar alguns mitos, alguns filmes, algumas músicas ou alguns costumes que tiveram trajetória meteórica em nossas vidas.
Para Lipovetsky, o crédito ao prazer, à felicidade, às novidades e
facilidades materiais são marcas da nossa época


E a moda é feita disso. Lembra o filósofo francês Gilles Lipovetsky, em sua obra “O império do efêmero”, que a partir do século XVIII “o culto heróico feudal e a moral cristã tradicional, que considera as frivolidades como signos do pecado e do orgulho, cedem lugar ao crédito dado ao prazer e à felicidade, às novidades e facilidades materiais, à liberdade entendida como satisfação dos desejos e ao abrandamento das conveniências rigoristas e interdições morais, dignificando as coisas humanas e terrestres de onde sai o culto moderno da moda.” Sendo assim, se justifica a partir desta mudança comportamental da sociedade, uma prestação de culto às coisas do imediato e da moda.

Mas não foi este o pensamento de um outro inventor, não tão famoso quanto aqueles que tratei no início deste texto. Ele se chama Oskar Coester e está bem próximo de nós, “vivinho da silva”, morando ali em Pelotas, com seus 75 anos. (Também quero aqui salientar o quanto nós não valorizamos nossas “personalidades”. Temos uma crença arraigada de que só possui valor o que é importado.) Disse Oskar recentemente em depoimento à imprensa: “Sonhar é bom! Realizar o sonho depois de tantos anos é melhor ainda!” E o reconhecimento da importante obra de Oskar só viria depois de 30 anos, quando na longínqua década de 1970 idealizou um veiculo econômico que pudesse agilizar o transporte de pessoas em pequenas distancias. Observara ele que muitas vezes se levava uma hora e meia numa viagem aérea de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, e o mesmo tempo do aeroporto até o centro. Foi isso que lhe despertou a atenção para criar o AEROMÓVEL.
O sonho de Coester se torna realidade depois de 30 anos


Mas a vida de inventor de Oskar Coester não foi tão fácil. Em 1977 iniciou seus testes por conta própria. Em dezembro de 1978 houve um interesse da Empresa Brasileira de Transportes urbanos (EBTU). Finalmente, em marco de 1979 foi assinado um convenio entre a EBTU e a Fundatec para um trecho experimental de 750 metros na capital gaucha, ligando a avenida Loureiro da Silva à Praça da Alfândega. Apesar da avaliação positiva por parte da UFRGS, onde se confirmava que o sistema de propulsão pneumática era tecnicamente viável e na prática apresentava características muito favoráveis, a obra construída permaneceu tão somente relegada a uma pista de testes.

Em setembro de 1982, depois de uma demonstração de sucesso na Feira de Hanover, na Alemanha, onde transportou confortavelmente 19.000 pessoas durante nove dias, uma esperança surgiu no horizonte do inventor,  quando foi construída uma Linha Piloto partindo da Avenida Loureiro da Silva. Mas uma mudança na EBTU cortou de forma abrupta todos os investimentos do projeto.
O que era prá ser um grande projeto, acabou virando um
esqueleto arquitetônico em meio à paisagem da cidade

E a invenção de Coester, por incrível que pareça, teria sucesso longe do Brasil. Em 1988, um grupo empresarial da Indonésia adotou o projeto num trecho de 3,2 km na capital Jacarta. Foram instalados num parque da cidade três veículos compostos de dois carros articulados cada, com capacidade para 300 passageiros e seis estações de passageiros. O sistema é um sucesso e funciona até hoje.

No Brasil, depois de 30 anos da experiência inicial, o sonho de Oskar Coester se torna uma realidade a cada dia. A Trensurb resolveu ressuscitar o projeto da vida do inventor gaúcho. Diz ele:

“É um premio pelo qual eu nem esperava mais. O caminho foi muito tortuoso, muito difícil. Comemos o pão que o diabo amassou. No dia da inauguração vou ter de tomar uma injeção de calmantes.”

Desta história pode-se tirar lições bastante interessantes para nossa vida profissional. E também se deve observar que a construção do sucesso não é tão fácil e imediata. É uma construção que requer muita persistência, tal como mostraram nossos personagens acima. 

 O projeto do Aeromóvel foi assumido pela Trensurb

Fontes Consultadas:
CARNEIRO LEÃO, Igor Zanoni. Reflexões sobre O Império do Efêmero, de Gilles Lipovetsky. Revista Economia e Tecnologia, Abril/Junho de 2007.
Jornal Zero Hora – Ediçao de 11.04.2013 – Inventor do Aermovel realiza sonho de décadas.
www.pucrs.br/aeromovel/historico.php - acesso em 26.04.2013 

2 comentários:

JAIRCLOPES disse...

Limerique

Persistência, registra a história
Meio caminho andado para glória
Uma luta tanto maior
Também batalha melhor
E àqueles que teimam, a vitória.

Attico CHASSOT disse...

Salve Jairo!
muito precioso o resgate que fazes de sonho de anos agora prestes a se fazer realidade.
O vídeo vale pela trazida por Coester da metáfora do barco à vela.
Mais uma edição do blogue que faz valer a espera da chegada de cada edição de fins de semana.
Bravo, Jairo

attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com