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Parentes do deputado Henrique Alves usaram avião da FAB para assistir o jogo no Maracanã, e ainda postaram fotos e mensagens nas redes sociais |
Todavia, não resisti olhar impávido às
notícias que emolduram os meios de comunicação nesta semana, e que dão conta do
uso privado dos bens públicos pelos nossos representantes. O caso do avião da
Força Aérea utilizado pelo presidente da Câmara Federal, deputado Henrique
Eduardo Alves, é de indignar. No desenrolar de intensos, e porque não dizer,
violentos protestos, foi capaz de solicitar um jato C-99 da FAB para buscar em
Natal a sua noiva, parentes dela, o enteado e o filho, e levá-los para passeio
ao Rio de Janeiro. Aproveitaram, logicamente, para assistir o jogo da final da
Copa das Confederações no Maracanã. A farra com os recursos públicos demonstra nao haver qualquer "pudor" por parte de quem os usufrui.
Diante da denúncia da Folha de São
Paulo e da pressão das mídias, Henrique Alves resolveu reembolsar os valores ao erário público, coisa que não o
redime do mau uso, pois certamente, não houvesse exposição pública do caso
tomaria ele tal atitude? É de se duvidar.
Mas fui dar uma fuçada discreta nos meios de
comunicação sobre o uso destes aviões da Forca Aérea, e me surpreendi. Há mais
casos de uso privado deste que é um recurso público, disponível que deveria ser
somente para quem está “a serviço” do país, e não em lazer particular seja de
quem for. Pois também vi mais uma vez o “vandalismo” do dinheiro público. Vejam
só estes casos que relato na sequencia, tal como aqueles mostrados na semana
passada:
Caso 1 – Notícia do Jornal “O Estadão”
de 15 de Abril de 2013:
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“Primeiro Escalão de Dilma usa jatos da
FAB
em viagens de agenda maquiada”
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Segundo o jornal, os funcionários costumam
misturar compromissos profissionais e eventos não relacionados com seus trabalhos,
tornando tudo uma contínua escalada de passeios turísticos mundo a fora. Para
se ter uma noção do desfrute destes benefícios,
no total são 18 aeronaves à disposição de ministros, vice-presidente da
república e presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. São
direitos estabelecidos por lei, mas para uso em serviço “público”.
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Caso 2 – Notícia da “Folha de São Paulo”
de 04 de Junho de 2013:
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“Ministro da Integração Nacional leva
blogueiros para entrevistá-lo em Brasília”
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O
ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, disponibilizou um jato
da Força Aérea para transportar até Brasília nove blogueiros do Nordeste para
entrevistá-lo. No final do dia todos voltaram para o Nordeste, incluindo o
ministro, que cumpriu agenda na Bahia. Todas as despesas foram pagas pelo
governo federal. Participaram cinco blogueiros de Pernambuco, estado onde o
ministro é pré-candidato ao governo e outros do Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba
e Bahia. Além das passagens aéreas e refeição num restaurante com despesa
média entre R$46,00 e R$88,00, a empresa responsável pela organização da
vinda dos blogueiros ofereceu a todos um city tour para conhecerem a capital
federal.
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Caso 3 – Notícia da Revista “Carta Capital”
de 27 de Maio de 2013:
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“Esposas a Tiracolo”
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O Supremo Tribunal Federal (STF) gastou
608 mil reais com passagens para esposas de ministros acompanharem os maridos
em viagens ao exterior entre 2009 e 2012. A esposa do ministro Gilmar Mendes,
Sra. Guiomar Feitosa de Albuquerque Ferreira Mendes, acompanhou o ministro em
mais de 20 viagens ao exterior, entre 2009 e 2011, gastando uma média de
R$22.000,00 por viagem, segundo a revista. Neste período foram gastos R$
437.000,00 e,m passagens para a esposa do ministro. Como a legislação não possui
uma lei para dar amparo legal à viagem de esposas de servidores públicos, o
STF recorreu a uma resolução interna que forneça “legalidade” ao turismo
familiar com o dinheiro público.
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Pois bem, analisados estes casos pela ótica dos
poderes da república, aquele que dá inicio a esta reflexão, do presidente da Câmara
Federal, poderia ser considerado um escândalo do Poder Legislativo. Os dois que
se seguem, casos 1 e 2, tratando dos funcionários da Presidência e do ministro
da Integração Nacional, podem ser considerados escândalos do Poder Executivo. E
o derradeiro, do ministro Gilmar Mendes, pode ser atribuído ao Poder Judiciário.
Portanto, não se pode fazer “tábula rasa” e responsabilizar somente deputados e
senadores pelo uso e abuso do dinheiro público. A farra é generalizada. Estamos
reféns de autoridades públicas que se acostumaram com as benesses do Estado, e
sequer pensam em fazer uso comedido das vantagens que o cargo exercido lhes dá.

Só falta alguém me dizer, sem ter noção da abrangência dos três poderes no sistema democrático e republicano, como ouvi um dia
desses:
“Ou a Dilma acaba com isso, ou nós tiramos a
Dilma”.
E eu replico: “Ah! Se Ela pudesse...!”
Um comentário:
Meu Caro Jairo,
parabens por demonstrares em um texto ímpávido a minha indignação que é aquela de muitos brasileiros.
Com admiração,
attico chassot
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