29 novembro 2013

ESCRITOR: UM OUTRO DESAFIO



Pela primeira vez como escritor, um outro desafio
Esta semana que encerra novembro é uma das mais significativas para mim. Afinal, passada mais de meia centena de anos de vida, me tornei escritor, coisa que jamais imaginara um dia acontecer. Por isso, a edição de hoje se atreve na exposição de algumas coisas de minha vida pessoal. Sinto a necessidade de fazer mais que uma escritura semanal. Quero que sejam testemunhas de um depoimento.

Em outros tempos poderia lhes afirmar que fui uma pessoa bastante passiva, de comportamento calmo e tranquilo. Mas a convivência com pessoas extremamente ativas foi me mostrando que, ao nos impormos desafios, a vida se torna mais interessante. Sair da chamada “Zona de Conforto” traz muita experiência e novidades que a gente muitas vezes não se dá conta. E neste sentido, eu poderia discorrer aqui inúmeras atividades que resolvi fazer na minha vida particular e profissional, como forma de experimentar coisas novas.

Mandirituba: cidade do interior do Paraná, onde vivi desafios
Só para terem ideia da verdade disto que agora declaro ao público leitor, conto-lhes uma aventura desastrosa minha, mas que também somou experiência. Corria o ano de 1997, eu morava em Madirituba, uma cidadezinha distante 40 quilômetros da capital paranaense. Ali havia sido chamado por uma empresa que pretendia ampliar suas instalações, passando de fornecedor estadual de alimentos para fornecedor nacional, com possibilidades de exportação. Era este meu desafio. Mas deixemos de lado os aspectos profissionais, e vamos ao ocorrido. Numa tarde de domingo, fomos eu e minha esposa a um rodeio de touros e cavalos na pequena cidade. Eu assistia às domas muito intrigado pelo modo como ocorriam as montarias e, mais ainda, a imaginar o que sentiam aqueles peões no lombo dos animais. Foi quando o locutor anunciou a possibilidade de participação do público presente como protagonistas do evento, em montarias mais amenas. Não titubeei e me dispus a montar um daqueles cavalos, mesmo sem a experiência requerida para tal. E pensei: “Não posso deixar este mundo sem experimentar esta sensação, mesmo que ela me traga alguma lição um pouco mais dura!” Minha esposa, cautelosa me avisou: “Veja lá o que vai fazer! Pense bem!” O locutor chamou meu nome e lá fui eu, num misto de medo e expectativa. Juro que a intenção não era exibicionismo, mas experimentar a sensação daquele desafio. Prá encurtar a estória, resisti nada mais do que dois pulos no lombo do cavalo. Em poucos segundos lá estava eu no chão da mangueira, enlameado com barro e serragem. A dor no ombro me suscitava algum osso quebrado, coisa que ficou constatada à noite, quando ao visitar o hospital local o raio-x mostrou uma fratura na clavícula. O que me rendeu uma imobilização de quase 40 dias, seguido de fisioterapia.

Nossos escritos saem pelo mundo, não mais nos pertencem
Apesar do transtorno, posso afirmar que a sensação em montar um animal arredio é fantástica. Ambos os medos, de animal e montador, se misturam naquela interação, provocando uma disputa para ver quem resiste um ao outro.

Pois esta semana, da mesma forma que há cerca de 16 anos atrás, pude experimentar uma sensação diferente. A de possuir um legado escrito que poderá ficar como contribuição para a posteridade. E o que senti? Nestes momentos que vivi esta semana, com palestras sobre o livro e sessões de autógrafos para alunos, colegas e parceiros? Confesso que a sensação é fantástica também, tão similar àquela que experimentei na arena de rodeio de Mandirituba. Os escritos agora não mais me pertencem, fazem parte do mundo. Depois de quase três anos de gestação, estou mais leve e com a impressão de um dever cumprido. E nesta construção há muitos personagens a homenagear, pois, não fossem eles, eu certamente não estaria experimentando tudo isso.

Primeiramente, atribuo ao talento de minha mãe boa carga de tudo que desenvolvi nestes anos, e que, por certo, carregarei até o final da vida. Tenho a impressão que talvez só tenha tido a real dimensão da importância de tudo que me legou, depois que ela partiu há cerca de três meses.

Tenho evitado, em respeito aos seus pedidos, a exposição da família em muitas de minhas atividades. Mas não posso deixá-la no anonimato neste momento. Uma pessoa que é minha dileta companheira há mais de 30 anos, e que é figura exponencial em todos os meus sucessos e frustrações. Discretamente lê os meus escritos, tecendo críticas e comentários fundamentais para o aperfeiçoamento. Minha esposa Leodi é parte também desta construção, e a ela dedico este legado.   

Uma pessoa que conheci há 6 anos atrás, se fez mestre e amigo pela empatia desde os primeiros momentos de contato. Attico Chassot significa para mim muito mais do que um simples orientador acadêmico. Somos hoje confidentes nas questões pessoais e profissionais. Digo que, com ele, aprendi muito mais em 6 anos do que nos anos que antecederam este contato. Por isso, convidei-o a prefaciar esta obra.

Finalmente, alguns colegas de docência que, por estarem sempre ao meu lado, trocando experiências, expondo pontos de vista e ponderações, não imaginam o quanto se fizeram presentes nestes escritos. Um deles é meu parceiro de longa data, quando ao retornar de Brasília em 2004, tive o privilégio de conhecer na Escola Unipacs de Esteio. Estamos realizando trabalhos conjuntos desde 2005, e sua dedicação e cumplicidade é algo de impressionar. Devo muito a ele: professor Luciano Bessauer. Como digo, somos os “jurássicos” da Unipacs.
Mais do que simples colegas de profissão

Em outra instituição, a Escola Factum de Porto Alegre, conheci mais duas figuras que hoje também se imiscuíram na minha trajetória. Um deles acompanhei a transformação pela qual passou, numa cirurgia complexa que lhe tornou um indivíduo mais apaixonado pela vida. E isso era notório em seus olhos e suas ações. Tornou-se outra pessoa. Torci e torço muito pelo sucesso do professor Gerson Rocha. Somos cúmplices também de muitas opiniões, com exceção do nosso antagonismo futebolístico. Mas nem tudo é perfeito, não é, Gerson? Também tive o prazer de conhecer nestes anos que iniciam o século XXI, nesta mesma instituição, uma doce figura do mundo da prevenção e da educação. Profissional dedicada e sempre cordial nas suas intervenções, com uma facilidade para dialogar e negociar, a professora Janaína Sostisso é uma daquelas joias raras. Até dietas para emagrecer já discutimos e acompanhamos sob a forma de parceria, de olho na balança e nos lanchinhos dos intervalos de aula. Estas são para mim duas amizades inestimáveis.

Por fim, não dá pra esquecer daqueles que foram o motivo maior destes escritos, e para quem eles são direcionados: ex-alunos, ex-alunas, alunos e alunas que agora estão em sala de aula comigo. Seria impossível citar qualquer um aqui sem fazer injustiça. Mas creiam, vocês hoje são responsáveis por terem me incentivado a colocar no papel tudo que hoje ai está. Como autor, quero dizer-lhes que sinto um sentimento de incompletude. Toda vez que leio o Guia do Técnico em Segurança do Trabalho estou sempre pensando que poderia ter ainda agregado mais um conteúdo, um outro detalhe, uma outra reflexão. Portanto, conto com a absolvição de vocês caso sintam que há lacunas a serem preenchidas nesta produção. Prometo que na próxima vez tentarei ser mais profissional, mais dedicado, da mesma forma como tenho exigido de todos vocês. Um abraço a todos, muito obrigado e, se possível, façam bom proveito.

Prof. Jairo Brasil        

2 comentários:

Attico CHASSOT disse...

Meu caro Jairo,
li emocionado a edição semanal de teu blogue.
As vivências desta semana são uma anti- Mandirituba.
Agora não houve tombos mas sim ascensões. Foi muito grato para mim estar ao teu lado na noite de quinta-feira. Concelebrei uma vitória contigo.
Parece que exageras ao afirmar: “Digo que, com ele, aprendi muito mais em 6 anos do que nos anos que antecederam este contato”. Já te disse mais de uma vez: somos parceiros. Realizamos juntos dialogo de aprendentes.
Assim é muito bom ser parceiro neste teu sucesso.
Espraio=me jubilar com a parição do teu livro

attico chassot
http://mestrechassot.blogspot.com

Gerson Rocha disse...

Grande Professor Jairo! Hoje falam na tal vergonha alheia e quando assiti a apresentação do teu livro para aquela sala cheia de alunos, eu e outros colegas professores, eu senti orgulho alheio, mas um orgulho de poder compartilhar contigo este momento tão decisivo e inicialpois acredito que teremos mnais ainda deste grande ser humano e Professor. Agradeço emocionado tuas gentilezas comigo, sem saber exatamente se mereço, mas certamente me inspiro em, quem sabe, escrever algumas linhas também. Mas esta é outra história de desejos de ajudar o próximo, como tu já fizeste. Um abraço e muito sucesso!