16 novembro 2013

PORQUE DETESTO A "POLÍTICA"



Há pessoas que afirmam: "Detesto política!"

Motivado pelas notícias de Brasília, acerca das prisões dos políticos e funcionários públicos mensaleiros, resolvi falar desta que é uma ciência antiga, mas que se faz presente em todos os dias de nossa vida. Constantemente somos influenciados pela “política”. Mas para começar esta abordagem, quero buscar inspiração nos léxicos, e aquele que está mais próximo neste instante é a tradicional Wikipedia. Vejam o que ela diz sobre a “política”:

“Arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta ciência aos assuntos internos da nação (política interna) ou aos assuntos externos (política externa). Nos regimes democráticos, a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.

O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.”

A “política” tem grande participação em nossas vidas, como já destaquei. Portanto, dificilmente estamos distantes dela. Fazemos “política” em casa, no trabalho, na escola, na comunidade, etc... Em casa somos políticos quando argumentamos com nossos filhos, com as pessoas com quem nos relacionamos e por aí vai. No trabalho negociamos com os colegas, como nossos chefes, etc. Na escola estamos também em contato com os colegas, negociando com professores, etc.  
A "política" faz parte de nossa vida em todos os momentos

Desta forma, fico um tanto espantado quando há pessoas que afirma não gostar de ” política”. Aliás, alguns são capazes de dizer “Eu detesto política!”. Se observarmos bem, temos as “políticas públicas”, as “políticas educacionais”, as “políticas econômicas”, as “políticas de saúde pública”, as “políticas de segurança pública”, etc etc... Então como se pode dizer que não gostamos de “política”, se ela está tão entranhada na nossa carne?

Talvez do que não gostemos seja realmente dos representantes que escolhemos como responsáveis por estas políticas, das quais somos todos nós, sociedade em geral, afetados cotidianamente. E toda vez que nos imiscuímos desta responsabilidade estamos adotando uma postura de avestruz diante do perigo. É como se não quiséssemos ver essa realidade das escolhas equivocadas.

Por isso, a prisão dos mensaleiros traz muito desta nossa ótica diante da política brasileira. Resgatando o discurso do Procurador-Geral da Republica Roberto Gurgel: “Foi sem dúvida o mais atrevido e escandaloso caso de corrupção e desvio de dinheiro flagrado na história no Brasil”. Isso destaca crime, e que deve ser punido conforme a lei. Por isso não tenho nenhuma pena do que está acontecendo. A única diferença no momento de fazer a justiça, é que os criminosos tem bom poder aquisitivo, vestem terno de marca e falam bonito.
O "mensalão" trouxe à tona vários personagens da política

A democracia, como esta vivida no Brasil, prevê um governo onde devem coexistir diferenças de opiniões, em que há necessidade de constantes negociações e decisões consensuais. Caso não seja possível este consenso, faz-se uso de votações onde irá preponderar a posição de uma maioria. Pois o “mensalão” buscava anular esta democracia, dando oportunidade a uma visão majoritária da situação, caso em que a oposição deixava de cumprir seu papel pela distribuição de recursos financeiros coordenada pelo publicitário Marcos Valério.

Vejo nas redes sociais uma pluralidade de opiniões sobre estas prisões deflagradas pelo ministro Joaquim Barbosa, justo no dia da Proclamação da República. Até me pareceu a data escolhida como algo para marcar de forma sensacionalista o momento. Houve a meu ver uma espécie de “tirar proveito” das circunstâncias. Os petistas de carteirinha não chegam a discordar totalmente das prisões. Todavia, com frequência referem a necessidade de investigar as denúncias do Metrô Paulista envolvendo propina oriundas de empresas estrangeiras desde o governo Mario Covas. O que também, a meu ver, deve ser punido de forma modelar.

O ministro Joaquim Barbosa determinou a prisão dos réus
Quero dizer que não sou adepto de nenhum partido político, embora tenha minhas preferências em termos de candidatos e programas. Também não sou nenhum ingênuo em pensar que a corrupção será extirpada de nosso meio tão facilmente. Mas de uma coisa tenho a certeza: a prisão da “Quadrilha do Mensalão”, denunciada pelo deputado Roberto Jeferson (e que para mim ainda vai entrar para a história do país pela coragem de sua decisão), tem um efeito pedagógico inestimável. A partir de decisões como esta talvez possamos criar uma democracia mais sólida e mais séria, onde as pessoas não necessitem ter vergonha de suas escolhas políticas. Talvez cada vez mais acreditem e tenham a certeza de que “gostar de política” é um aspecto essencial para a melhoria de vida da sociedade como um todo, bem como, para o crescimento do país com uma distribuição mais justa da riqueza nacional.      

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