Sempre fui um admirador da boa oratória e do poder de argumentação |
Sempre fui um admirador dos
discursos bem elaborados, da retórica bem construída, mesmo que a prudência e a
precaução me diga sobre a necessidade de uma análise crítica evitando por eles
ser iludido. E assim, pela idade principalmente, vamos nos tornando
extremamente analíticos sobremaneira.
De posse do controle
remoto, vez por outra faço algumas viagens pelos canais da televisão em busca
de boas atrações, tendo em vista a pobreza que assola este meio de comunicação
na maioria das horas. E não tenho pudor de confessar que em determinados
momentos me detenho em canais estatais, como TV Senado ou TV Câmara, para
admirar alguns proeminentes oradores. Dentre tantos, os que mais admiro não são
tão conhecidos assim. Me encanta ver, por exemplo, o senador Cristovam Buarque
com sua verve vibrante em prol da educação. E raras vezes faz uso de um papel,
ou de um rascunho que seja. Sou admirador desse poder argumentativo. Atribuo
isso a duas coisas imprescindíveis: experiência e conhecimento.
Cristovam Buarque, um dos melhores oradores do Senado Federal |
Talvez por essa admiração, aprendi
também ao longo dos anos a aguçar a audição buscando erros e claudicações. Por
ser extremamente auditivo, sou atento na colocação das palavras e no poder do
argumento utilizado pelo orador. E toda vez que ocorreum deslize, dificilmente
ele passa imperceptível pelo meu crivo. Creio que isso pode ser atribuído
também a vivencia que a sala de aula nos proporciona depois de tantos
anos.
Outro dia ouvia o
comandante da Brigada Militar em entrevista a um repórter de emissora local.
Tentava ele justificar o fechamento de postos policiais em regiões estratégicas
da capital. Para quem estivesse distraído, pouca coisa acrescentaria ouvir dele
que os postos foram fechados porque “a polícia precisa estar mais presente nas
ruas de Porto Alegre”. Logo pensei comigo: Todo mundo sabe que o problema maior
é o atual baixo contingente da força de segurança pública. Portanto, um
discurso de argumento frágil e inconsistente.
Posto da BM no Bairro Rubem Berta, fechado para melhorar o policiamento na cidade |
Por fim, no dia 17 último, não
pude resistir ao que ouvi no final de uma reportagem de jornal televisivo local
sobre a investigação da morte de um funcionário do SAMU esta semana no bairro Petrópolis.
Encerrando a matéria, disse a jornalista: “A polícia está fazendo também um
levantamento dos assaltantes que atuam no bairro, para identificar os
criminosos”. Será que ouvi bem? Quer dizer, a polícia já se certificou que
existem vários assaltantes agindo naquele bairro, e dentre eles, vai tentar
identificar quem foi que matou. Mas o que é isso? Se ela sabe que eles agem
naquela área, não fez nada para que o crime não ocorresse?
Sei lá! Estarei ficando
crítico demais nas minhas audições? Ou é só impressão de que está faltando argumentos
para as explicações dessas autoridades? Pelo que tenho visto, todos adotam o
mesmo discurso dos técnicos de futebol da nossa conhecida dupla gre-nal, que
falam muito e pouco dizem. Basta ver os argumentos apresentados depois de
fragorosas derrotas. Honestamente, algum torcedor consegue se convencer com aquele
discurso vazio?
2 comentários:
Meu caro Jairo!
Com tantos políticos medíocres e repórteres (e especialmente jornalistas esportivos) incompetentes, não deve ser muita vantagem ser um auditivo excepcional como tu.
Deves ouvir asneiras aos borbortões.
Parece ser preferível ter tinitus como eu.
Digo que o melhor é ter ouvido seletivo.
Ouve-se apenas o que se quer,
attico chassot
Www.professorchassot.pro.br
Mestrechassot.blogspot.com
Meu caro Jairo!
Com tantos políticos medíocres e repórteres (e especialmente jornalistas esportivos) incompetentes, não deve ser muita vantagem ser um auditivo excepcional como tu.
Deves ouvir asneiras aos borbortões.
Parece ser preferível ter tinitus como eu.
Digo que o melhor é ter ouvido seletivo.
Ouve-se apenas o que se quer,
attico chassot
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