A multiplicidade de conhecimentos possibilita maior entendimento e compreensão |
Dentre os conteúdos estudados
nas escolas que formam profissionais em Segurança do Trabalho, muitos deles
fazem com que alunos e alunas se perguntem de sua utilidade. É o que comumente
se denomina “utilitarismo”. E muitos alunos são acometidos deste mal, pois
entendem que se deva aprender somente o que lhes será útil imediatamente. É o
chamado “imediatismo”, e que quando associado ao “utilitarismo”, torna-os cegos
e radicais no entendimento do que é necessário para formar um profissional de
qualidade.
O Radicalismo e o Utilitarismo já fizeram estragos mundo afora |
Prá que haja um
entendimento mais profundo de determinada área, há necessidade de lançarmos mão
de outros conhecimentos acessórios, tais como biologia, química, matemática,
física, história, geografia e, até mesmo, sociologia, antropologia, filosofia, economia
e ciência política.
Toda a formação de cunho técnico
demanda um conhecimento abrangente, onde o profissional, para entender a complexidade
da área em que vai atuar, necessita de um leque maior de saberes, ou de
conhecimentos.
Minha reflexão a esse
respeito é porque nesta semana foi publicado o Anuário Estatístico da Previdência
Social de 2014, que traz os dados estatísticos consolidados referentes aos acidentes
de trabalho e doenças ocupacionais nos anos de 2012, 2013 e 2014. Logo que
soube, atiçou-me a curiosidade em saber os números constantes nele. Mas, no
mesmo momento, me pus a refletir sobre a quantidade de alunos e alunas dotados
de curiosidade sobre este anuário. Alguns, acredito que o desconheçam
totalmente. Não somente por culpa deles, mas até mesmo de nós docentes, que
deixamos de utilizá-lo como ferramenta nas aulas de estatística. Ou será que a
“estatística” não possui “utilidade” no conhecimento do técnico em segurança do
trabalho, como entendem alguns alunos “utilitaristas”? Será que “estatística” é
“só prá encher linguiça” no conhecimento dos técnicos?
Anuário 2014 - Dados da Região Sul |
Pois bem, o anuário de 2014
publicado esta semana, como sempre, traz números interessantes e que merecem
atenção e curiosidade de todos os profissionais prevencionistas, inclusive
daqueles que estão em busca de formação na área. (Pode ser acessado
integralmente em www.mtps.gov.br).
Dentre os dados relevantes
da publicação, o que mais interessa a nós prevencionistas é a Seção IV –
Acidentes de Trabalho. Depois de conceituar inicialmente “Acidente com CAT e
sem CAT”, “Acidente Típico” e “Acidente de Trajeto”, rememorando a base do
conhecimento prevencionista, a publicação traz o CNAE atualizado. Só na página
575 surgem os dados de todo o país, confirmando que tivemos uma redução de 2013
(725.664 acidentes) para 2014 (704.136 acidentes). Todavia, os acidentes de
trajeto aumentaram no período, somando 112.183 em 2013 e 115.551 em 2014. É possível
também se analisar graficamente os acidentes de trabalho por região, e “óbitos”
a cada 1.000 acidentes por região. Pode-se analisar também os acidentes
ocorridos na região Sul, comparando os estados do RS, SC e PR. Isso mostra que
ainda continuamos liderando o ranking regional, seguidos de perto pelo estado
do Paraná.
Anuário 2014 - Acidentes por Estado da Região Sul |
Seriam muitas avaliações a
serem feitas dentro dos números disponibilizados pelo Anuário 2014. O que
destaquei acima foi tão somente um “aperitivo” do que pode ser feito com os
dados. Minha intenção foi só “atiçar a curiosidade” daqueles que entendem que
uma formação plena e completa não deve prescindir da diversidade de
conhecimentos. E a “estatística” é só mais um destes conhecimentos que integram
o arcabouço técnico necessário ao profissional prevencionista, evitando que se
formem sujeitos específicos e reduzidos, cuja limitação os torna alheios, radicais
e ignorantes diante da multiplicidade e diversidade que compõe o mundo contemporâneo
em que vivemos.
Um comentário:
Meu caro Jairo,
mesmo passando os olhos no denso conteúdo de tua blogada desta primeira semana abrilina, não como não me reter no primeiro diagrama que apresentas. Hoje estou cada vez mais convencido da defesa da migração das disciplinas (fatiação artificial do conhecimento) para posturas indisciplinares, numa visão do todo.
Parabéns pelos continuados desafios que propões.
Uma boa semana,
attico chassot
mestrechassot.blogspot.com
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