Como seria bom morar num país onde se pudesse
vislumbrar um futuro promissor
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Eu tanto queria neste
espaço falar de projetos para o futuro, de coisas grandiosas que possam
contribuir para os próximos anos, para as próximas gerações. Juro a vocês que
sempre estou pensando de que forma podemos deixar boas heranças para a posteridade,
algum legado de utilidade para nossos filhos, nossos netos. Não é preciso
querer transformar o mundo, mas tão somente um pouquinho da nossa realidade
local. Se cada um fizer esse pouco, já estará contribuindo para mudar o todo. É
assim que penso.
Por isso, quando
acabo um projeto, já estou com o pensamento no próximo.
Mas o que aconteceu
esta semana é extremamente desalentador. Se já havia uma grande preocupação de
que nossos representantes amealhavam verdadeiras fortunas, desviadas de obras
licitadas irregularmente, em que a presença de uma das maiores construtoras
nacionais teve o reconhecimento de seus proprietários, os fatos desta semana são
“gravíssimos”.
Página da JBS exalta o tamanho da empresa, às custas
de vantagens na corrupção da classe política
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Uma empresa de pequeno porte, que abatia 5 cabeças de gado por dia, emerge do interior de Goiás, município de Anápolis, para se tornar um dos
maiores monopólios de proteína do Planeta. E isso numa fração pequena de tempo. Munida de
grande aporte financeiro, sai pelo país comprando marcas conhecidas como Seara,
Swift, Friboi, Lebon, Frangosul, Doriana e muitas outras. O crescimento de mais de 35%,
registrado em 2015, já colocava sob suspeita este avanço impressionante.
Está lá no site da JBS! É só conferir...
Hoje já se sabe, pela
delação de seu proprietário Joesley Mendonça Batista ao Ministério Público, que
os recursos utilizados pela JBS foram oriundos do BNDES, banco criado
especialmente para atender pequenas e médias empresas.
Está lá no site do BNDES! É só conferir...
Página do BNDES fala de Micro e Pequenas Empresas,
além de Transparência
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Ou seja, os recursos
de um banco de financiamento público foram utilizados para criar um império mundial
na área de alimentos. E já se mostra nas delações a proximidade do Ministro da
Economia, Guido Mantega, como interlocutor direto nas demandas da JBS.
Um pouco diferente
da estratégia adotada pela Odebrecht no desvio de recursos públicos, onde
através de licitações fraudadas os valores iam parar nas contas de políticos,
para uso pessoal ou campanhas políticas, os valores da JBS vinham em sua
maioria de PECs (projetos de emenda constitucional) e de antecipação de medidas
e informações privilegiadas nas atividades do Congresso Nacional para atender
as demandas da JBS.
E mais grave ainda,
as negociações para indicação de diretores de estatais, alteração de magistrados
na esfera judiciária entre outras. Ou seja, políticos comprados pela JBS para
atender suas demandas. Não eram licitações, mas sim “dinheiro vivo”, às vezes
sem qualquer comprovante de alguma negociação, e outras vezes mediante notas
fiscais frias, como um “Camarote de Fórmula Um” ao valor de 6 milhões de reais para
comprovar a ajuda a um destes políticos.
Wesley e Joesley Batista, evolução patrimonial assombrosa
às custas do BNDES e da compra de políticos
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E o verdadeiro papel
do representante político no país deixou de existir, pelo que se vê. Tão logo
são investidos no cargo, deputados e senadores estão preocupados em se apoderar
das benesses que ele lhes dá. Como disse o delator Joesley num trecho das gravações:
“Só há uma preocupação nas indicações políticas para cargos de comando das
estatais, o que virá de retorno para quem indicou...”
Ou seja, rasgaram
nossa Constituição. E necessitamos urgentemente uma reforma nesta que aí está,
e que já se mostra ultrapassada. Aprovada em 1988, há 29 anos atrás, possui conteúdo
retrógrado e que não nos serve mais, como destaca o artigo 53, sobre os Deputados e
Senadores, em seu parágrafo 6º:
“Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar
sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem
sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações”.
Está lá no site do Planalto! É só conferir...
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