12 maio 2017

UM DOMINGO DE SIGNIFICADOS


Segundo domingo de maio, Dia das Mães
Este Segundo domingo de maio possui dois significados para mim.

O primeiro significado é pelo comemorativo Dia das Mães, onde pelo quarto ano seguido não tenho mais a presença física de minha mãe. Mesmo que se diga que estas datas foram estabelecidas mais pelo aspecto econômico do que propriamente para lembrar pessoas tão amadas, não há como afastar as recordações que tenho da sua companhia desde a infância. Com ela foi que aprendi muitas das coisas pelas quais adquiri satisfação em realizar, e que é motivo de reconhecimento pelos meus pares.

Acometida de aneurisma fulminante numa quinta-feira gelada de agosto de 2013, não resistiu e nos deixou no sábado subsequente. Lembro ainda hoje, quando próximo do meio-dia recebemos a notícia triste de seu falecimento, depois de passar uma noite na UTI, onde não podíamos visitá-la. Ainda quando estava no quarto, na sexta-feira pela manhã, tentei falar com ela e notei seu abatimento. Parecia uma pequena vela que aos poucos perdia a intensidade de sua luz. Fiquei desesperado, mas também inerte e sem ação, pois nada podia fazer.

Hoje, como ressalta o poeta Caio Fernando Abreu: “A gente lembra! E já não dói mais! Mas dá Saudade!”

O segundo significado deste domingo, 14 de maio, também considero uma perda. Faz quinze anos que nosso maior ambientalista nos deixou, José Antonio Lutzenberger, o “LUTZ”. Um verdadeiro fenômeno humano, se atentarmos para os detalhes da sua trajetória e de sua vida dedicada à causa ambiental. Um intelectual muito alem do seu tempo, e que foi capaz de relegar os privilégios de uma carreia executiva bem sucedida em prol da defesa dos recursos naturais.

José Lutzenberger, maior ambientalista brasileiro 
José Lutzenberger lutou até os 75 anos de idade por um mundo melhor. Tratava com muito amor tudo que tivesse relação com o ambiente natural. Dia desses recebi de sua filha Lilly um vídeo para assistir, ainda inédito para mim, onde ele explicava em detalhes a importância da poda correta de árvores. Uma verdadeira “Aula de Botânica”, coisa que só podia ter partido de um gênio. Impressiona o carinho com que ele trata o tronco da árvore recém amputada, com aplicação de formulação específica para amenizar o ferimento e proteger o mesmo da contaminação externa. Vale a pena assistir.


Árvores Urbanas - Cuidar sem Agredir

Algumas obras de Lutzenberger
Lutzenberger esteve presente em boa parte da minha vida acadêmica, nas minhas leituras, nos meus trabalhos de conclusão de curso. Aprendi a admirá-lo por uma quantidade enorme de qualidades que possuía: discurso forte, persuasivo e inteligente, apaixonado pelo que fazia e um visionário. Tudo que nos deixou como legado está ainda muito atual, apesar do tempo transcorrido. Com a “Lava-Jato” em andamento, não posso deixar de lembrar uma passagem onde ele criticava o desinteresse dos governos por projetos de pequeno porte, como pequenas usinas de geração de energia, de reciclagem de resíduos, de reaproveitamento de materiais. Segundo ele, só havia interesse em grandes projetos porque envolviam grandes somas de recursos públicos, facilitando seu desvio. Mais uma demonstração da capacidade visionária de LUTZ.

E para homenagear os quinze anos da morte do maior ambientalista brasileiro, preparei nos últimos três anos um resgate de textos significativos do LUTZ. A publicação deverá acontecer antes do final do ano e, em breve terão noticias a respeito. Por enquanto, fica o registro deste 14 de maio tão expressivo; pelo menos para mim.

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