As frases de efeito trazem mensagens subliminares imperceptíveis |
Me admiram os jargões utilizados
e as campanhas de engajamento das torcidas no futebol mundial, toda vez que se
está a beira de conquistas. Fico impressionado com as frases de efeito e a
agressividade das expressões. E o pior ainda é que grande parte da torcida se deixa
envolver por este clima ostensivo. São poucos aqueles que, dotados de bom
senso, conseguem vislumbrar um certo “oportunismo” nestas atitudes do marketing
esportivo. O interesse é claro, arregimentar o maior número possível de
consumidores dos produtos clubísticos e associados para as equipes.
Publicidade do clube incitando o torcedor |
E neste momento em que o
tricolor gaúcho disputa uma final de campeonato americano não podia ser
diferente. Na primeira partida da decisão ficou muito evidente o lema da torcida gremista, a partir de um comentário de torcedor nas redes sociais ainda na Copa do Brasil. E as agencias de marketing viram nela uma ótima oportunidade para esta final de Libertadores:
“Nós
vamo acabá com o Planeta!”
Eu já havia tecido uma
crítica anos atrás a esse respeito, quando escrevi em abril de 2011 um artigo
denominado “Um Convite à Guerra”. Naquela oportunidade o tricolor lançou uma
campanha do “Exército Gremista”, incitando seus torcedores e se alistarem nesta
empreitada de retorno do clube à elite do futebol. E o rival Internacional não deixava
por menos, fazia a incitação da galera com uma imagem do zagueiro Guiñazu empunhando
uma lança a frente de seu exército, bem naquele estilo “São Jorge”.
O rival colorado também idealizou
guerreiros em suas campanhas
|
Pois bem, em pleno século
XXI, temos observado cada dia mais uma enxurrada de notícias capazes de chocar
até mesmo que subitamente viajasse pelo tempo desde a Idade Média até nosso
tempo. Exemplo maior de tudo isso é o “Estado Islâmico”, que para mostrar sua
força é capaz de “decapitar” ou “queimar” soldados sequestrados, e até mesmo
vítimas inocentes. Isso tudo registrado pelas câmeras e com as imagens distribuídas
nas redes sociais. Não bastasse ainda, atentados a todo momento nas maiores
capitais europeias com atropelamentos de turistas, assim como, atiradores anônimos
a todo mês surpreendendo os habitantes do país mais desenvolvido do planeta.
Mas quando se vai ao cerne
de tanta barbárie, numa sociedade que se diz contemporânea (ou pós-moderna,
como queiram), os fatos tem relação com atitudes capazes de incentivar tudo
isso. O marketing agressivo que invade nosso dia a dia, via televisão ou redes
sociais, associado a um poder público ineficiente pela escassez de fiscalização
e, comprovadamente corrompido pelos interesses individuais, torna a sociedade
(principalmente seus jovens que ainda carecem de discernimento) refém de uma
estrutura alimentada de ódio e preconceito.
O resultado ao final da partida desta semana preocupa mesmo o Planeta |
A mensagem subliminar
destas campanhas é capaz de, ao mesmo tempo em que rende milhões ao negócio esportivo,
criar uma leva de torcedores alienados. Muitos sequer imaginam o quanto são manipulados
por estas campanhas, e aderem pelo mesmo processo fanático das religiões e das
seitas que ao longo dos anos liquidaram muitas vidas.
No caso da campanha
gremista atual, não somente a agressividade pode “acabá com o Planeta”, mas
também as demonstrações de falta de cuidado com o meio ambiente traz preocupação.
Basta ver como ficou o entorno do estádio após a partida desta semana. Se assim
continuar, provavelmente não haverá planeta no futuro.
Sou tricolor pela influência de meu padrinho DELMO BRASIL, desde os idos da década de 1960. Velhos tempos do Olímpico. Gosto deste esporte e entendo-o com um espetáculo, tal como o cinema, o teatro, o circo, e não como um cenário de guerras e batalhas.
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