25 novembro 2017

NÓS VAMOS ACABAR COM O PLANETA


As frases de efeito trazem mensagens subliminares imperceptíveis
Me admiram os jargões utilizados e as campanhas de engajamento das torcidas no futebol mundial, toda vez que se está a beira de conquistas. Fico impressionado com as frases de efeito e a agressividade das expressões. E o pior ainda é que grande parte da torcida se deixa envolver por este clima ostensivo. São poucos aqueles que, dotados de bom senso, conseguem vislumbrar um certo “oportunismo” nestas atitudes do marketing esportivo. O interesse é claro, arregimentar o maior número possível de consumidores dos produtos clubísticos e associados para as equipes.  
Publicidade do clube incitando o torcedor
E neste momento em que o tricolor gaúcho disputa uma final de campeonato americano não podia ser diferente. Na primeira partida da decisão ficou muito evidente o lema da torcida gremista, a partir de um comentário de torcedor nas redes sociais ainda na Copa do Brasil. E as agencias de marketing viram nela uma ótima oportunidade para esta final de Libertadores:
“Nós vamo acabá com o Planeta!”
Eu já havia tecido uma crítica anos atrás a esse respeito, quando escrevi em abril de 2011 um artigo denominado “Um Convite à Guerra”. Naquela oportunidade o tricolor lançou uma campanha do “Exército Gremista”, incitando seus torcedores e se alistarem nesta empreitada de retorno do clube à elite do futebol. E o rival Internacional não deixava por menos, fazia a incitação da galera com uma imagem do zagueiro Guiñazu empunhando uma lança a frente de seu exército, bem naquele estilo “São Jorge”.
O rival colorado também idealizou
guerreiros em suas campanhas
Pois bem, em pleno século XXI, temos observado cada dia mais uma enxurrada de notícias capazes de chocar até mesmo que subitamente viajasse pelo tempo desde a Idade Média até nosso tempo. Exemplo maior de tudo isso é o “Estado Islâmico”, que para mostrar sua força é capaz de “decapitar” ou “queimar” soldados sequestrados, e até mesmo vítimas inocentes. Isso tudo registrado pelas câmeras e com as imagens distribuídas nas redes sociais. Não bastasse ainda, atentados a todo momento nas maiores capitais europeias com atropelamentos de turistas, assim como, atiradores anônimos a todo mês surpreendendo os habitantes do país mais desenvolvido do planeta.
Mas quando se vai ao cerne de tanta barbárie, numa sociedade que se diz contemporânea (ou pós-moderna, como queiram), os fatos tem relação com atitudes capazes de incentivar tudo isso. O marketing agressivo que invade nosso dia a dia, via televisão ou redes sociais, associado a um poder público ineficiente pela escassez de fiscalização e, comprovadamente corrompido pelos interesses individuais, torna a sociedade (principalmente seus jovens que ainda carecem de discernimento) refém de uma estrutura alimentada de ódio e preconceito. 
O resultado ao final da partida desta semana preocupa mesmo o Planeta
A mensagem subliminar destas campanhas é capaz de, ao mesmo tempo em que rende milhões ao negócio esportivo, criar uma leva de torcedores alienados. Muitos sequer imaginam o quanto são manipulados por estas campanhas, e aderem pelo mesmo processo fanático das religiões e das seitas que ao longo dos anos liquidaram muitas vidas.
No caso da campanha gremista atual, não somente a agressividade pode “acabá com o Planeta”, mas também as demonstrações de falta de cuidado com o meio ambiente traz preocupação. Basta ver como ficou o entorno do estádio após a partida desta semana. Se assim continuar, provavelmente não haverá planeta no futuro.
Sou tricolor pela influência de meu padrinho DELMO BRASIL, desde os idos da década de 1960. Velhos tempos do Olímpico. Gosto deste esporte e entendo-o com um espetáculo, tal como o cinema, o teatro, o circo, e não como um cenário de guerras e batalhas. 

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