Sou bastante seletivo na escolha
de programas de televisão para assistir. Aliás, sou bastante utilitarista em
minhas escolhas neste meio de comunicação. A televisão aberta oferece raras
oportunidades de se agregar algum conhecimento, principalmente quando se vê tanta
futilidade em telenovelas e programas de auditório. O que dá IBOPE são cenas de
agressividade e sensualidade. Isto canaliza a audiência massiva e faz o
patrocinador muito feliz na divulgação de seus produtos. E o que não for nesta direção
é evitado pelas emissoras.
Por isso tudo, estas
oportunidades quatrienias de Copa do Mundo de futebol ou de Olimpíadas são raras.
Até mesmo pela periodicidade com que acontecem. No futebol, como a maioria dos
brasileiros, gosto de ver a seleção brasileira em atuação, mesmo que seja para
criticar os atletas ou a eficiência do treinador. Nas Olimpíadas tenho uma
preferência pelas competições de atletismo, onde me agradam o salto em altura
com vara, o salto em distância e as provas de 100 e 200 metros rasos. Nestas
olimpíadas londrinas estou atento à Mauren Maggi, no salto em distância, à
Fabiana Murer, no salto em altura, e aos velocistas brasileiros que podem nos
trazer alguma medalha mais significativa.
Mas neste mesmo momento, outro
evento na televisão parece competir com as Olimpíadas no meu interesse em
acompanhar a programação. O controle remoto de meu aparelho tem ficado doido
com as frequentes trocas de canais. Da Rede Record, transmitindo as provas de
atletismo, o voleibol e a natação, de repente me vejo dentro do Supremo
Tribunal de Justica, ouvindo o resumo do processo pelo Ministro Joaquim Barbosa.
Outra hora, estou na quadra de areia
onde se disputa a medalha do vôlei de praia das Olimpíadas. Em um clique, volto
ao Supremo, pois não quero perder o relato do Procurador da República, Roberto
Gurgel, sobre os denunciados do Mensalão. Que loucura!!! Volto ao futebol
feminino e vejo o Brasil perder o jogo para o Japão e ficar fora da competição.
Mas também perdi o que disse o Procurador
ao final de sua fala. Pediu ele a prisão imediata dos réus, tão logo se encerre
o julgamento.
Desde a última
Copa do Mundo de 2010, quando estive atento aos jogos do time brasileiro, e que
pouca coisa nos trouxe a não ser o conflito contundente entre o técnico Dunga e
a Rede Globo, onde até palavrões de baixo calão foram ouvidos; e quando não ouvidos,
esta última copa nos trouxe outra forma de se ver televisão, a leitura labial,
a televisão não estava tão interessante.
Estou gostando
desta etapa da televisão brasileira, e sei que vou sentir saudades mais adiante,
quando tiver de assistir outra vez o Pedro Bial, naquele ridículo reality show
já manjado. Mas tenho me cuidado, pois esta troca de canais e a assistência a
dois assuntos extremamente antagônicos, esportes e roubalheira, pode me levar a
uma grande confusão.
Ainda esta
semana, um cunhado me ligou de Santa Catarina para me falar das dificuldades
profissionais e dos planos para 2013. No meio da conversa, eu com a televisão ligada,
ele me pergunta: “Jairo, o que estás fazendo?” Eu respondi: “Meu caro, estou
vendo o julgamento do Mensalão e as Olimpíadas! Hoje de manhã, o ministro Joaquim
Barbosa deu cartão vermelho pro Ministro Ricardo Levandowski. Mas, na segunda
etapa do julgamento, o Cesar Cielo pode ser convidado a depor novamente, porque
também recebeu dinheiro ilícito na competição. E no judô, já ganhamos quatro
medalhas; uma delas o Arruda colocou na cueca!”
Ou seja, tá tão empolgante a
televisão neste momento que, se não me cuidar, vou acabar achando que os
atletas podem ser presos depois das Olimpíadas e os corruptos saírem do Supremo
com as medalhas no pescoço. Na verdade, o que se quer é que os corruptos deixem
o Supremo com as algemas nas mãos, enquanto nossos atletas recebam a justa homenagem
pela dedicação, principalmente aqueles que foram capazes de enfrentar as mais
variadas adversidades para representar dignamente nosso país. Bem diferente
daqueles que foram escolhidos para nos representar e que tão somente se
preocuparam em aumentar seus patrimônios.
Um comentário:
Muito caro Jairo,
realmente é preferível alternar a audição de música gauchesca (como faço agora na FM 107.7) com música clássica a saber de Olimpíadas/mensalão.
Como tu sou seletivo utilitarista,
Com votos de um domingo musical,
attico chassot
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