O tema já foi explorado por Hollywood |
Na
mitologia grega, os Titãs estão entre as entidades místicas que
enfrentaram Zeus e os deuses do Olimpo em grandes batalhas pela ascensão ao poder. A palavra Titã
vêm do latim Titan, que por sua vez tem origem do grego Τιτάν, Ti-tan.
A essas batalhas normalmente se dava o nome de Duelo de Titãs, e que inspirou
algumas tramas cinematográficas hollywoodianas. Aliás, lendas gregas dão conta
de que todas as vezes que esses duelos ocorriam, um turbilhão de estrondos e
ruídos podiam ser sentidos em todo o Monte Olimpo.
Nesta
perspectiva de embates travados em busca de poder e de predominância,
pesquisando temas relacionados ao meio ambiente e da agressão que a ele se faz,
me deparei esta semana com um verdadeiro "duelo de titãs". Todavia, este é um
duelo silencioso, mas que tem tempero sórdido e infame. Vejamos como ele se dá!
Attico Chassot diz que devemos formar "cuidadores do planeta" |
Sabemos
nós educadores a grande dificuldade de sensibilizar nossos alunos e alunas em
prol de uma mais amena exploração dos recursos naturais. É bastante intrincado
formar “cuidadores do planeta”, como destaca o professor Attico Chassot, especialista em educação, desde
a tenra idade, incutindo neles a importância de tratar o ambiente natural de forma integrada à vida humana, e não de um elemento que dele se servem os indivíduos na condição de dominador e dominado.
Pois
enquanto ONGs e instituições de defesa do meio ambiente se esmeram em levar
informações a este público, outros interesses também se mobilizam na tentativa
de não cederem terreno a uma nova cultura ambiental. Foi o que descobri ao
explorar a página da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), entidade
que agrega empresas e profissionais usuários dos defensivos agrícolas como
forma de melhorar a performance da agricultura nacional. Para o ambientalista
José Lutzenberger (1926-2002), estes defensivos eram chamados “agrotóxicos”,
expressão que o fez se tornar “persona non grata” da indústria química.
A aviação agrícola também é responsável pela aplicação dos defensivos |
Conforme
consta na página da ANDEF, fazem parte desta associação empresas como a BASF, a
BAYER, a DOW e a DUPONT, sabidamente empresas fabricantes de produtos com
grande impacto na mesa dos brasileiros.
No
texto da página da ANDEF se pode ler conteúdos como esta a seguir, tratando do
uso dos defensivos agrícolas:
O Brasil sempre
enfrentou, ao longo de sua história, imensas dificuldades para ingressar na
agricultura de alta escala e com qualidade. [...] A safra brasileira mal
atendia o próprio mercado interno – exceto com café, cacau e açúcar; hortaliças
e frutas de clima temperado sequer prosperavam, pois pragas e doenças grassam
com maior virulência em lavouras tropicais. Essas culturas, sobretudo,
necessitam ser protegidas das inúmeras pragas: insetos, ácaros, fungos,
bactérias, vírus, plantas daninhas e diversos outros patógenos e animais que
competem com as plantações.
Portanto, sem o controle eficiente de pragas e doenças, a agricultura não seria um dos esteios da economia no país, muito menos ocuparia a posição destacada que detém no cenário mundial.
Em
outra parte da página da ANDEF, se pode ler sobre o agronegócio brasileiro, que
exibe um desempenho magnífico e que as indústrias que pesquisam, desenvolvem e
produzem defensivos agrícolas se orgulham em participar destes resultados. São
parceiras do agricultor brasileiro na missão de gerar alimentos com qualidade e
energia renovável para a humanidade.
A Secretária de Educação Municipal de Campinas apoiou o lançamento de publicação suspeita: "Proteger a Plantação" |
Mas
o verdadeiro “duelo de titãs” a que me referia desde o início é aquele que se
dá nas Escolas. A ANDEF mantém uma página especialmente direcionada para a
educação, a ANDEFedu (www.andefedu.com.br). Ali se
disponibilizam vídeos e publicações que são inclusive distribuídos em escolas, conforme notícia veiculada no ano passado no Portal do
Agronegócio (http://www.portaldoagronegocio.com.br/noticia/andefedu-lana-livro-sobre-a-histria-da-agricultura-para-jovens-8670). Uma destas
publicações é bastante ilustrativa e atraente. O manual “Pequenas Histórias de
Plantar e de Colher” traz a história da agricultura ao longo dos anos sob a
ótica da indústria de defensivos agrícolas. Material deste tipo é que está
sendo distribuído no Ensino Básico, contando inclusive com o apoio de autoridades municipais que deveriam rechaçar estas ações, como se vê no anúncio da ANDEF acima.
Ora,
é sabido que o Brasil é um dos países cujo uso de agrotóxicos na agricultura é
dos mais intensos mundialmente. Recentemente (junho de 2013), um avião
pulverizou agrotóxico sobre uma Escola do assentamento Pontal dos Buritis em
Rio Verde (GO), deixando intoxicados oito adultos e 29 crianças, entre 6 e 14
anos. Ainda segundo o Sindicato Nacional para Produtos de Defesa Agrícola
(Sindage), cada brasileiro consome 5,2 litros de agrotóxicos ao longo do ano. Cabe
lembrar aqui o documentário bastante pertinente sobre o assunto, e que
está disponível na rede mundial: “O Veneno está na Mesa” (http://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg)
A
criação de uma nova forma de cultivares orgânicos, isenta destes “venenos”,
está em andamento e precisa ser divulgada e incentivada. Todavia, os preços
ainda não conseguem ser competitivos nos mesmos níveis daqueles produtos
oferecidos corriqueiramente nos supermercados. É preciso uma maior adesão a
esta “cultura da vida”, em detrimento da “cultura da morte” dos agrotóxicos. E
isso tem como elemento de transformação a educação, aquela que ocorre no cerne
da família e nos primeiros anos da educação formal.
Desta
forma, vê-se que duelos desta magnitude continuam ocorrendo nas mais diversas
esferas, muitos deles silenciosamente e imperceptíveis. Cabe a nós educadores e
pesquisadores estarmos atentos para contragolpear e denunciar todas as vezes
que o inimigo mostrar suas garras.
2 comentários:
Meu caro Jairo,
primeiro um pedido de desculpas por algumas omissões de comentário. Meu retorno de três semanas no exterior (onde li a cada semana teu blogue, mesmo que não comentasse) se aditou de uma semana muito densa, que tu prestigiaste na sexta-feira com postagem concorridíssima no FB.
Esta blogada que agora circula está excepcional. Vou indica-la para meu filho André, que se inicia na militância da agricultura ecológica, com a produção de localívoros.
Fiquei emocionado com a referência ao meu trabalho nesta edição. Estou longe de me aproximar do que fazem alguns titãs em prol do ambiente natural.
Muito obrigado pela distinção que me ofereces e pela excelência desta blogada.
A admiração
Achassot
Mestrechassot.blogspot.com
Meu caro Jairo,
primeiro um pedido de desculpas por algumas omissões de comentário. Meu retorno de três semanas no exterior (onde li a cada semana teu blogue, mesmo que não comentasse) se aditou de uma semana muito densa, que tu prestigiaste na sexta-feira com postagem concorridíssima no FB.
Esta blogada que agora circula está excepcional. Vou indica-la para meu filho André, que se inicia na militância da agricultura ecológica, com a produção de localívoros.
Fiquei emocionado com a referência ao meu trabalho nesta edição. Estou longe de me aproximar do que fazem alguns titãs em prol do ambiente natural.
Muito obrigado pela distinção que me ofereces e pela excelência desta blogada.
A admiração
Achassot
Mestrechassot.blogspot.com
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